Reflexões depois de perder uma eleição

04 de Fevereiro de 2022

Por Lin Jing, China

Depois de alguns anos como crente, fui eleito para uma posição de liderança. Eu estava muito grato a Deus por terem me oferecido tamanha comissão e estava determinado a fazer bem o trabalho da igreja. Trabalhava como uma máquina dia e noite, e o trabalho da igreja florescia cada vez mais graças à orientação de Deus. Os irmãos me admiravam até certo ponto, pois viam minha capacidade de fazer sacrifícios e de me despender por Deus e também de resolver alguns problemas práticos. Certa vez, durante uma reunião, ouvi meu líder dizer que minha abordagem do meu dever trazia frutos, e fiquei animado — isso me incentivou ainda mais. Em reuniões com colegas, eu falava da minha experiência de trabalho para os outros irmãos e ficava bem satisfeito comigo mesmo quando via seus olhares de aprovação. Achava que era um talento indispensável na igreja.

Quando o trabalho do evangelho cresceu, os irmãos sugeriram que eu fosse para a região sul para apoiar algumas igrejas recém-fundadas ali. Lembrei-me de que, já que aquelas igrejas tinham acabado de ser fundadas, certamente haveria bastantes dificuldades e problemas no trabalho, de modo que eu teria de me concentrar mais no trabalho prático, para não frustrar as esperanças que Deus tinha depositado em mim. Além disso, pensei que, se fizesse um bom trabalho, eu poderia até ser preparado para uma posição mais importante. Quando cheguei, embora houvesse muitos desafios em meu dever, em termos de dialetos, estilos de vida e tempo na estrada etc., eu não recuei. Eu estava ocupado o dia todo todos os dias com reuniões e arranjando o trabalho das igrejas tentando cumprir bem o meu dever, ressentindo-me até do tempo “perdido” em refeições — eu pegava qualquer coisa para comer no ônibus. Depois de mais de um ano disso, houve melhoras notáveis nas áreas de trabalho pelas quais eu era responsável, e a irmã Zhang, que tinha vindo para o Sul por causa de um dever na mesma época que eu, me disse com admiração: “Você está obtendo alguns bons resultados aí. Meu trabalho nem se compara ao seu”. Eu a consolei e encorajei: “Deus cuida de Sua própria obra. Contanto que invistamos tudo que temos, veremos progresso em todos os aspectos”. Essas foram as minhas palavras, mas, por dentro, eu estava encantado. Já que minhas responsabilidades se desenvolviam bem, a irmã Xin, minha líder, pediu que eu escrevesse sobre minha experiência de trabalho para que os outros pudessem aprender dela. Fiquei ainda mais presunçoso, achando que já era um candidato a ser treinado para funções mais importantes e que eu era um dos pilares da igreja. E pouco depois, a irmã Xin pediu que elegêssemos outro líder para trabalhar com ela. Fiquei excitado ao ouvir isso, pensando que, já que tinha trabalhado mais de um ano na região e tinha me saído bem durante todo esse tempo, que a posição já era minha.

Então, numa reunião duas semanas depois, para a minha surpresa, a irmã Wang foi escolhida como líder. Quando soube disso, fiquei muito decepcionado. Eu me senti injustiçado, não queria conceder e estava cheio de queixas — todos esses sentimentos vieram à tona. “Como assim, a irmã Wang?”, pensei. “Os resultados do seu trabalho foram só mais ou menos. Por que a escolheriam em meu lugar? Será que o preço que paguei não foi bastante? Ou deveria ter tomado mais a iniciativa em meu dever? Virei as noites tantas vezes para resolver dificuldades e problemas que surgem na igreja, e até fui trabalhar doente inúmeras vezes. Eu não só cumpri minhas próprias responsabilidades como também ajudei no trabalho da líder. Depois de sofrer tudo isso, se eu não puder ser escolhido como líder, que tipo de futuro terei? Já que é assim, por que continuar a me matar pelo meu dever? Não importa quanta adversidade eu sofra, que preço eu pague, ninguém repara…”

A irmã Xin percebeu que eu estava bem desanimado depois da reunião e perguntou o que estava pensando. Compartilhei meu estado com ela. Com paciência, a irmã Xin me disse: “Bem, fato é que todos veem como você se dedica ao seu dever, mas a maioria dos irmãos percebeu que você não se concentra em entrar na vida, e quando algo surge, você mal reflete nem conhece a si mesmo para aprender uma lição. Em vez disso, tende a se elevar e se exibir — esse é seu maior problema. Na casa de Deus, dominam a verdade e a justiça. Quando os irmãos não nos escolhem, isso é a justiça de Deus e deveríamos refletir sobre nós mesmos. Não importa que dever estejamos cumprindo, devemos obedecer aos arranjos e orquestrações de Deus; devemos nos concentrar em buscar a verdade no ambiente que Deus estabeleceu, refletir sobre nossos caracteres corruptos, buscar mudança de caráter e cumprir bem o nosso dever. Só isso está alinhado com a vontade de Deus”. A irmã Xin abordou meu problema diretamente, mas eu carecia totalmente de autoconhecimento. Embora não dissesse nada, eu estava irritado por dentro. Reconheci que carecia de entrada na vida e não tinha muita autoconsciência, mas achava que era muito melhor do que aqueles que só falavam de seu entendimento, mas não se dedicavam ao seu dever. Senti como se me menosprezassem, não importava o quanto trabalhasse em meu dever, tudo seria em vão. A partir de então, passei a abrigar esse tipo de mentalidade contrária, e sempre que a irmã Xin pedia minha ajuda, eu só escolhia as tarefas mais fáceis e relaxadas, e fugia de tudo que era mais difícil, de tudo que exigia um preço. Não estava mais disposto a aceitar essa adversidade. Eu me regozijava quando via que a irmã Xin estava com dificuldades em seu trabalho, e pensava: “Agora você reconhece meu valor”. Eu não quis nem saber quando a irmã Wang, a líder recém-eleita, veio se reunir conosco. Até pensei: “Você não é um pouco mais velha do que eu? Mesmo assim, você não está à minha altura em nada, desde compartilhar sobre a verdade até resolver as dificuldades e os problemas da igreja”. Com minha fome por status insaciada, eu transbordava de preconceitos e insatisfação em relação à líder; eu agia sem me envolver em meu dever, estava negativo e resistia.

Eu estava entorpecido e meu coração estava endurecido naquela época, e embora a líder me podasse e tratasse, me advertisse e oferecesse ajuda, eu nunca refleti sobre mim mesmo. Continuei naquele estado negative por uns três meses, enquanto a escuridão em meu espírito só aumentava. Minhas comunicações eram enfadonhas e secas em cada reunião. Eu não tinha percepções sobre os problemas dos outros e não conseguia ajudar a resolvê-los. Era muito embaraçoso, e eu não conseguia esperar o fim da reunião. Também não conseguia ajudar com os problemas das pessoas que estavam evangelizando, e o progresso no nosso trabalho evangelístico ficou mais lento. Não demorou, e fui confrontado com a disciplina de uma doença. Certo dia, de repente eu me senti fraco e molenga no corpo todo e, incapaz de respirar, desmaiei. Os irmãos me levaram para o hospital. Mas eu ainda me recusava a refletir sobre mim mesmo e a me arrepender, e no fim fui removido do meu dever porque não estava fazendo nenhum trabalho prático. A líder fez arranjos para que eu voltasse para minha cidade natal, para fazer devocionais e autorreflexão. Solucei amargamente quando recebi a notícia — eu sabia em meu coração que tinha perdido a obra do Espírito Santo, e que perder meu dever era o caráter justo de Deus caindo sobre mim, mas pensando em como todos os obreiros que tinham vindo para o Sul comigo estavam agora em posições importantes, enquanto eu estava sendo mandado para casa, eu me senti humilhado.

Já que eu tinha sido preso alguns anos antes e tinha uma ficha lá, voltar para minha cidade natal não era seguro, então a líder me mandou para a casa de um irmão que vivia numa região montanhosa remota. De noite, eu ficava deitado numa cama rústica de madeira, lembrando-me de quando tinha viajado para o Sul para cumprir meu dever, cheio de determinação, decidido a fazer bem o trabalho da igreja e a ser promovido para preencher um papel importante. Em vez disso, eu tinha sido removido do meu dever por interromper o trabalho da igreja. O que os irmãos na minha cidade natal pensariam se soubessem? Diriam que eu tinha sido removido porque era negligente em meu dever e não sabia fazer trabalho prático? A mera ideia de ser menosprezado por outros por ter perdido minha posição me deixou agitado e me sentia mais miserável quanto mais pensava sobre isso. Até cheguei a pensar na morte. Orei: “Deus, estou sofrendo muito. Perder meu dever como líder foi como ter a vida tirada de mim. Sei que não deveria buscar status, mas não consigo escapar de seus grilhões. Ó Deus! Por favor, guia-me para que eu possa conhecer a mim mesmo e entender a Tua vontade”. Depois da oração, li algumas passagens das palavras de Deus. Deus Todo-Poderoso diz: “À medida que você segue a senda de hoje, qual é o tipo de busca mais apropriado? Em sua busca, você deveria se ver como que tipo de pessoa? Cabe a você saber como você deveria abordar tudo o que lhe sobrevém hoje, sejam provações ou adversidades, ou castigo e maldição impiedosos. Confrontado com todas essas coisas, você deveria refletir sobre elas cuidadosamente em todos os casos. […] Você não sabe como se adaptar ao seu ambiente, e está muito menos desejoso de tentar fazê-lo, pois você não está disposto a ganhar qualquer coisa desse castigo repetido e, a seu ver, cruel. Você não faz nenhuma tentativa nem de buscar nem de explorar e, simplesmente se conformando com seu destino, segue para onde quer que ele o leve. O que pode lhe parecer ser atos selvagens de castigo não mudaram seu coração, tampouco conquistaram seu coração; em vez disso, o apunhalam no coração. Você vê esse ‘castigo cruel’ apenas como seu inimigo nesta vida e, assim, você não ganhou nada. Você é tão presunçoso! Raramente acredita que você sofre tais provações por causa de seu desprezo; em vez disso, você se considera como um infeliz, dizendo, além disso, que estou sempre achando defeito em você. E agora que as coisas chegaram a este ponto, quanto você realmente sabe sobre o que Eu digo e faço? Não pense que você é um prodígio natural de nascença, apenas um pouco abaixo dos céus, mas infinitamente mais elevado do que a terra. Você está longe de ser mais esperto que qualquer um — e, poderia até se dizer que é simplesmente adorável o quanto você é mais tolo do que qualquer pessoa que é dotada de razão na terra, pois você se tem em uma estima alta demais e nunca teve um senso de inferioridade, como se você pudesse perceber Minhas ações até os menores detalhes. Como de fato, é que você é alguém que carece fundamentalmente de razão, porque não faz ideia daquilo que tenciono fazer e está ainda muito menos ciente daquilo que estou fazendo agora. E assim, digo que você não se iguala nem mesmo a um velho fazendeiro que labuta na terra, um fazendeiro que não tem a mais leve percepção da vida humana e, mesmo assim, põe toda a sua dependência nas bênçãos do Céu quando cultiva a terra. Você, que não gasta nem um segundo para pensar em sua vida, não sabe nada de renome, muito menos ainda você tem qualquer autoconhecimento. Você está tão ‘acima de tudo’!(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Aqueles que não aprendem e permanecem ignorantes: eles não são bestas?”). “Em sua busca, vocês têm muitas noções pessoais, esperanças e futuros. A obra atual tem a finalidade de lidar com seu anseio por status e seus desejos extravagantes. As esperanças, o status, e as noções são todas representações clássicas do caráter satânico. […] É difícil para vocês deixarem de lado seus prospectos e destino. Agora vocês são seguidores e ganharam algum entendimento sobre este estágio da obra. Contudo, vocês ainda não deixaram de lado seu desejo de status. Quando seu status é elevado, vocês buscam bem, mas quando é baixo, vocês não buscam mais. As bênçãos de status estão sempre em sua mente. Por que é que a maioria das pessoas não consegue se retirar da negatividade? A resposta não é invariavelmente por causa de prospectos desanimadores? […] Quanto mais você buscar dessa forma, menos você colherá. Quanto maior o desejo de status de uma pessoa, mais seriamente ela terá de ser tratada, e mais ela terá de se submeter a grande refinamento. Tais pessoas são inúteis! Elas precisam ser lidadas e julgadas de modo apropriado a fim de abrir mão dessas coisas completamente. Se vocês buscarem esse caminho até o fim, vocês nada colherão. Aqueles que não buscam vida não podem ser transformados e aqueles que não têm sede da verdade não podem ganhar a verdade. Você não se concentra em buscar uma transformação pessoal e entrada, mas se concentra, em vez disso, em desejos e coisas extravagantes que restringem seu amor por Deus e o impedem de chegar perto Dele. Essas coisas podem transformar você? Elas podem trazê-lo para o reino?(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Por que você é relutante em ser um contraste?”). As palavras de julgamento de Deus entraram direto no meu coração e expuseram meu estado pessoal. Lembrei-me de como, depois de ser eleito para uma posição de liderança e de ter tido algum sucesso em meu trabalho, eu pensava que era algo especial e uma das pedras angulares da igreja. Estava sempre à espera do dia em que teria a chance de subir na hierarquia, de liderar mais igrejas e de ser admirado por um número ainda maior de irmãos. Quando não recebi o nome e a posição que desejava, não refleti sobre mim mesmo, mas fui tomado de insatisfação, perdido em minha ira, achando que todos os meus esforços tinham sido em vão. Fui disciplinado por um surto de doença, mas permaneci insensível e endurecido e não me voltei para Deus. Fiquei ruminando mesmo após ser demitido do meu dever. Eu estava tonto de ambição, por meu desejo de status — ele tinha manchado minha consciência e eu tinha perdido toda razão, toda humanidade. Os fazendeiros que confiam no Céu quando cultivam a terra sabem que estão à mercê do destino e que devem se submeter à vontade do Céu, mas eu carecia de qualquer autoconsciência e não conseguia simplesmente assumir meu lugar e cumprir meu dever. Em vez disso, sempre queria ultrapassar os limites que Deus tinha estabelecido para mim e buscar status maior, tornar-me um líder maior e cumprir minha ambição e meu desejo de ganhar a admiração dos outros. Não era precisamente essa a natureza do arcanjo? Quando o Senhor Jesus veio operar na terra, Ele era humilde e oculto e nunca reivindicou o status que poderia ter tido. Ele comeu com pecadores e se curvou para lavar os pés dos discípulos. E hoje, Deus Se tornou carne mais uma vez e veio operar na terra, mas Ele nunca chama a Si Mesmo de Deus ou exige que as pessoas O adorem. Em vez disso, Ele expressa a verdade em silêncio e sem ostentação e provê sustento para a vida das pessoas. Quanto a mim, eu morria de desejo de ser admirado por todos porque eu tinha alcançado um pouco em meu trabalho. Acreditava até ousadamente que deveria estar muito acima do resto e que uma posição de liderança já estava garantida para mim. Fiquei muito insatisfeito quando não fui escolhido; tornei-me negativo e contrário. Arrogantemente perdi toda a razão — eu fui tão descarado! Meu comportamento não era eu competindo com outro ser humano, era eu desafiando Deus. Eu estava resistindo diretamente a Deus, e havia muito tinha ofendido Seu caráter. Ser demitido foi o julgamento justo de Deus e foi para lidar com meu desejo por status, caso contrário meu coração insensível não seria despertado.

Então li mais duas passagens das palavras de Deus. “Submeterei todos aqueles que provocaram a Minha ira à Minha punição, derramarei totalmente a Minha ira sobre essas bestas que um dia desejaram estar ao Meu lado como se fosse iguais a Mim, mas não Me adoraram nem Me obedeceram. A vara com que golpeio o homem cairá sobre aqueles animais que um dia usufruíram do Meu cuidado e dos mistérios de que falei, e que tentaram extrair vantagens materiais de Mim. Não perdoarei ninguém que tentar tomar o Meu lugar. Não pouparei nenhum dos que tentam arrancar alimento e vestimentas de Mim. Por ora, vocês permanecem a salvo de danos e continuam se excedendo nas exigências que fazem a Mim. Quando chegar o dia da ira, vocês não Me farão mais nenhuma exigência. Nesse momento, deixarei que vocês ‘se divirtam’ pelo tempo que quiserem, irei forçá-los a se prostrarem na terra e nunca mais vocês conseguirão se erguer!(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Ter um caráter inalterado é estar em inimizade contra Deus”). “Tendo liderado algumas igrejas, algumas pessoas se tornam arrogantes, acham que a casa de Deus precisa delas, que deveriam desfrutar de um tratamento especial de Deus. As pessoas têm a natureza de Satanás. Quanto mais alto seu status, maiores são suas exigências a Deus; quanto mais entendem das doutrinas, mais furtivas e sorrateiras são suas exigências. Sua boca não o diz, mas isso está escondido em seu coração, e geralmente não é fácil descobrir. Muito provavelmente, chegará uma hora em que suas queixas e sua resistência irromperão, e isso é ainda mais preocupante. Por que, quanto mais as pessoas são líderes e figuras religiosas, mais elas são anticristos perigosos? Porque quanto maior o status das pessoas, maior sua ambição; quanto mais compreendem as doutrinas mais arrogante se torna o caráter delas. Se, em sua crença em Deus, você não persegue a verdade, mas, em vez disso, busca o status, então você está em perigo(A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “As pessoas fazem muitas demandas de Deus”). A leitura dessas palavras de Deus me mostrou a essência e as consequências de buscar status, e me deixou tremendo de medo. Quando alcançava algumas coisas em meu dever e era responsável pelo trabalho de algumas igrejas, eu esquecia qual era o meu lugar, cobiçando com audácia um prestígio ainda maior, na esperança de administrar mais pessoas e de ter mais delas me admirando e me seguindo. Isso, em essência, era eu tentando tirar de Deus Suas pessoas escolhidas e ofendendo o Seu caráter. Isso me lembrou da Era da Lei, quando o bando de Corá e Datã se rebelou contra a liderança de Moisés e tentou tomar sua posição; Deus abriu a terra e todos eles foram completamente engolidos. E na Era da Graça, quando os fariseus, sumos sacerdotes e escribas judeus viajavam por terra e mar para fazer um prosélito, mas quando o Senhor Jesus veio para fazer a obra da redenção, eles protegeram sua própria posição com toda a sua força, resistindo e condenando o Senhor Jesus. No fim, eles O pregaram na cruz e sofreram a condenação de Deus. Ao refletir sobre essas coisas, vi que buscar status é tomar uma senda diretamente contrária a Deus — é uma senda que leva ao Inferno e à aniquilação. Nesse momento, eu me ajoelhei no chão e chorei amargamente enquanto orava: “Ó Deus! Não quero fazer de mim o Teu inimigo por mais tempo, quero somente refletir sobre mim mesmo e ser capaz de me arrepender de verdade. Não importa que tipo de ambiente Tu arranjes para mim, tudo que quero é assumir o lugar de um ser criado e me submeter a Ti”.

Depois disso comecei a cumprir meu dever da melhor forma possível. O irmão idoso, meu anfitrião, me levou para compartilhar o evangelho com alguns de seus parentes, e eles fizeram muitas perguntas durante o tempo que passei com eles, mas eu não tinha um bom entendimento das verdades relevantes. Ver o quanto me faltava foi realmente vergonhoso para mim. Eu tinha feito algum trabalho e tido algum sucesso no passado, então comecei a menosprezar todo mundo, pensando que eu seria treinado para posições mais importantes. Mas então percebi que realmente não conseguia me ver com clareza. O traço mais importante que um líder deve ter é um entendimento da verdade; líderes devem empregar a verdade para resolver problemas, mas eu nem conseguia compartilhar claramente sobre os aspectos mais fundamentais da verdade para compartilhar o evangelho. Mesmo assim, estava sempre lutando por uma posição de liderança — que absurdo! Quando confrontado com as dificuldades e os problemas dos irmãos, eu só falava sobre teorias altivas e os encorajava um pouco, mas nunca ajudava a resolver seus desafios práticos em sua entrada na vida. Percebi que, se alguém não possui a verdade, ele não é capaz de fazer trabalho prático, não importa o quanto suba na hierarquia. Ele só acaba interrompendo o trabalho da igreja e prejudicando a vida dos irmãos. Também senti que Deus tinha me colocado ali para espalhar o evangelho e orientar recém-convertidos para que eu me equipasse melhor com a verdade. Era uma maneira de compensar minhas deficiências. Quando entendi a vontade de Deus, fiquei feliz em me submeter e cumprir bem o meu dever naquele ambiente e em praticar a entrada na verdade. Depois de um período de muito trabalho, eu me equipei com todos os tipos de verdade no aspecto da visão, e, aos poucos, o trabalho evangelístico local foi ficando cada vez mais vibrante. Eu estava comendo e bebendo as palavras de Deus e cantando hinos em louvor a Deus com novos convertidos a cada dia. Eu me senti realizado e agradeci a Deus por Sua graça e misericórdia do fundo do meu coração.

Três anos naquela região montanhosa passaram num piscar de olhos. Então, certo dia, começou a chover forte quando eu estava a caminho de casa depois de uma reunião — estava chovendo canivetes, havia um vento feroz, e mal conseguia empurrar minha bicicleta. Andando por aquela estrada acidentada, estava chovendo tanto que mal conseguia abrir os olhos, e pensei que compartilhar o evangelho nas montanhas era realmente dureza. Eu estivera cumprindo meu dever ali por quase três anos e tinha aprendido algumas lições, por que, então, eu não tinha sido transferido dali? Quando outros irmãos eram demitidos de seu dever, depois de refletirem sobre si mesmos e de conhecerem seu caráter corrupto, depois de se arrependerem e fazerem algumas mudanças, eles voltavam a receber posições de liderança. Eu estivera refletindo sobre mim mesmo durante todo esse tempo, mas não podia liderar nem mesmo um grupo pequeno. Eu tinha ganhado algum autoconhecimento, e com minha atitude para com meu dever e as verdades com que fui equipado, achava que poderia, no mínimo, liderar uma igreja. Por que, então, eu não tinha sido transferido dali? Eu teria de pregar o evangelho nas montanhas para sempre? Esse pensamento me desanimou um pouco. Quando cheguei em casa, percebi que, durante todo o caminho, eu tinha exibido queixas e equívocos pessoais e estivera adulando mais uma vez o prestígio em meu coração. Implorei a Deus para que protegesse meu coração para que eu pudesse me aquietar diante Dele.

Logo depois, li estas duas passagens das palavras de Deus: “O maior problema do homem é que ele não pensa em nada além de sua sina e suas expectativas e que idolatra estas coisas. O homem busca Deus pelo bem de sua sina e expectativas; ele não adora a Deus por causa de seu amor por Ele. Assim, na conquista do homem, o egoísmo, a ganância e todas as coisas do homem que mais obstruem sua adoração a Deus devem ser tratados e, deste modo, eliminados. Fazendo-se isso, os resultados da conquista do homem serão alcançados. Como resultado, nos primeiros estágios da conquista do homem, é necessário expurgar suas ambições selvagens e fraquezas mais fatais e, por meio disso, revelar seu amor por Deus e transformar seu conhecimento da vida humana, seu ponto de vista sobre Deus e o significado de sua existência. Assim, o amor do homem por Deus é purificado, o que equivale a dizer que o coração do homem é conquistado(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Restaurar a vida normal do homem e levá-lo a um destino maravilhoso”). “Deus cria um ambiente para você, forçando-o a ser refinado ali para que você possa conhecer a sua própria corrupção. No fim, você chega a um ponto no qual preferiria morrer e desistir de seus esquemas e desejos, e se submeter à soberania e ao arranjo de Deus. Portanto, se não têm vários anos de refinamento, se não suportam certa quantidade de sofrimento, as pessoas não serão capazes de se livrar do cativeiro da corrupção da carne em seus pensamentos e em seu coração. Em quaisquer aspectos que você ainda esteja sujeito ao cativeiro de Satanás, em quaisquer aspectos que você ainda tenha desejos próprios e exigências próprias, esses são os aspectos nos quais você deveria sofrer. Só por meio do sofrimento as lições podem ser aprendidas, lições essas que significam ser capaz de ganhar a verdade e entender a vontade de Deus(A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Como se deve satisfazer a Deus em meio a provações”). Ao ler as palavras de Deus, vi que, depois de terem sido corrompidos por Satanás, todos vivem segundo seus venenos, segundo coisas como “Eu reino soberano em todo o universo”, “O homem luta para subir, a água flui para baixo”, “O homem precisa de face assim como a árvore precisa de casca”, “Um homem deve viver ousadamente com coragem e determinação” etc. Eu estivera vivendo segundo esses venenos satânicos, buscando nome e status. Quando ganhava a admiração de irmãos, eu me sentia motivado para fazer meu trabalho. Mas quando alguém me ultrapassava, quando meu status estava ameaçado, eu ficava invejoso e recalcitrante. Quando perdi minha posição, eu fiquei negativo e resistente, até deixei de cumprir meu dever. Eu não pensei nem um pouco nos interesses da casa de Deus. Como isso era ter qualquer tipo de consciência e razão? Era o veneno de Satanás alojado profundamente dentro de mim. Deus salva as pessoas fazendo com que sejam julgadas, castigadas, podadas, lidadas, testadas e refinadas; dessa forma, os pensamentos, perspectivas e objetos de busca equivocados das pessoas podem ser mudados, transformando seus caracteres satânicos. Então deixam de viver segundo os venenos de Satanás e se tornam capazes de amar e obedecer a Deus e podem ser ganhas por Deus. Esse é o objetivo da obra de Deus na humanidade. Deus tinha me colocado naquele terreno montanhoso, onde eu não tinha como ficar famoso, a fim de expor e lidar com minha ambição interior. Era para me purificar do meu caráter satânico e me tornar capaz de viver uma semelhança humana, para que eu pudesse cumprir o dever de um ser criado e realmente adorar e me submeter a Deus. Essa percepção me encheu de gratidão a Deus e decidi, diante Dele, buscar bem a verdade e nunca mais correr atrás de fama e ganho, coisas totalmente sem valor.

Quando as coisas surgiam depois disso, eu ainda me pegava às vezes pensando em fama e ganho, mas era capaz de buscar a verdade e reverter meu estado. Lembro-me de que, certa vez, a igreja me designou para participar num vídeo evangelístico. Fiquei muito animado e me senti muito honrado por ter a chance de participar na filmagem e de servir como testemunha da obra de Deus dos últimos dias. Ao mesmo tempo, meu desejo de me destacar da multidão voltou à tona. Achava que os outros irmãos me admirariam se me vissem atuando naquele vídeo evangelístico. Mas quando cheguei ao local, para a minha surpresa, a líder me disse: “As coisas estão muito agitadas no momento. Trabalhe com o irmão que está cumprindo dever de anfitrião para preparar as refeições e cuide da limpeza também”. Resisti muito àquilo. Pensei que deveres de anfitrião eram algo que qualquer outro irmão ou irmã na igreja poderia fazer — por que eu? Além disso, eu tinha servido como líder no Norte e no Sul. Eu não podia ter nenhuma posição de liderança, mas não deveria receber um dever mais apropriado? Surpreendentemente, achei que os outros não me davam valor dando-me esses tipos de trabalhos triviais. Não era um desperdício do que eu tinha a oferecer? Isso foi uma grande decepção para mim, mas com base em minha experiência anterior, eu sabia que devia me submeter a isso. Eu me forcei a aceitar o dever. Outros irmãos chegaram um após o outro para a filmagem, e vi que vários da minha cidade natal estavam atuando no filme, enquanto eu estava de avental, preparando suas refeições e varrendo o chão. Eu me senti humilhado. Num momento marcante, um irmão mais jovem me viu e disse calorosamente: “Quando você era um líder, você era responsável pelo trabalho da nossa igreja. Na época, eu não entendia nada, mas gostava de ir às reuniões. As reuniões que você fazia conosco foram tão úteis para mim”. Essa sua declaração totalmente casual me irritou bastante — era como se ele estivesse zombando de mim. Meu rosto começou a arder e só queria achar um buraco para me esconder. Houve outro momento em que os irmãos encerraram as filmagens bem tarde, e o líder disse que as filmagens recomeçariam cedo no dia seguinte. Ele me instruiu a fazer horas extras para limpar os quartos. Eu me senti muito incomodado com isso e pensei: “Todos vocês estão cansados e podem descansar, mas eu ainda estou limpando no meio da noite, como se fosse algum tipo de servo”. Eu me senti injustiçado, vendo que os outros estavam relaxando depois de um dia de muito trabalho e já estavam dormindo, enquanto eu estava lá, limpando. Fiquei muito magoado, como se fosse um trabalhador inexperiente. Senti que não tinha um pingo de dignidade e que estaria melhor compartilhando o evangelho nas montanhas, onde pelo menos os recém-convertidos gostavam da minha comunhão e meu orgulho podia ser satisfeito. Eu não tinha nada disso ali. Depois disso, já que não estava no estado correto, eu fazia comida como que atordoado, e cada refeição ficou ou amarga ou salgada demais ou insossa e sem gosto. Mas ninguém disse nada — comeram do mesmo jeito. Eu me senti muito culpado — como podia fazer comida daquele jeito? Como podiam comer aquilo? Naquele momento, tive um pensamento claro: eu não estava simplesmente dando um jeito porque meu desejo de status não tinha sido satisfeito, de modo que meu coração não estava naquilo? Ponderei sobre isso e refleti sobre mim mesmo. Vi que era isso — eu estava insatisfeito e resistindo porque sentia que tinha sido desvalorizado e não tinha nenhum prestígio. Eu ainda adorava status.

Na época, li duas passagens das palavras de Deus. “No passado, Pedro foi crucificado de cabeça para baixo em nome de Deus; mas, no fim, você deve satisfazer a Deus e esgotar toda a sua energia para o bem Dele. O que um ser criado pode fazer em prol de Deus? Portanto, você deve se entregar a Deus o mais cedo e não o mais tarde possível, para que Ele possa dispor de você como Ele desejar. Contanto que isso deixe Deus feliz e satisfeito, permita que Ele faça o que quiser com você. Que direito os homens têm de falar palavras de queixa?(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Interpretações dos mistérios das ‘Palavras de Deus para todo o universo’, Capítulo 41”). “Assim, enquanto Eu julgo vocês assim hoje, que grau de entendimento terão no final? Vocês dirão que, embora seu status não seja elevado, vocês têm desfrutado assim mesmo a elevação de Deus. Porque vocês são de nascimento humilde, vocês não têm status, mas ganham status porque Deus eleva vocês — isso é algo que Ele concedeu a vocês. […] É assim que vocês deveriam orar: ‘Ó Deus! Quer eu tenha status ou não, agora eu me entendo. Se meu status é alto, é por causa da Tua elevação, e, se é baixo, é por causa da Tua ordenação. Tudo está em Tuas mãos. Eu não tenho nenhuma escolha nem nenhuma queixa. Tu ordenaste que eu nascesse neste país e em meio a este povo, e tudo o que eu deveria fazer é ser completamente obediente sob o Teu domínio porque tudo está dentro do que ordenaste. Eu não penso em status; afinal de contas, não passo de uma criatura. Se Tu me colocares no poço sem fundo, no lago de fogo e enxofre, eu não passo de uma criatura. Se Tu me usares, eu sou uma criatura. Se me aperfeiçoares, eu ainda sou uma criatura. Se não me aperfeiçoares, eu ainda Te amarei porque não sou mais que uma criatura. Eu não sou mais que uma criatura minúscula criada pelo Senhor da criação, apenas uma entre todos os seres humanos criados. Foste Tu que me criaste, e agora mais uma vez me colocaste em Tuas mãos, para fazeres comigo o que quiseres. Eu estou disposta a ser Tua ferramenta e Teu contraste porque tudo é o que Tu ordenaste. Ninguém pode mudá-lo. Todas as coisas e todos os acontecimentos estão em Tuas mãos’. Quando chegar a hora em que você não pensará mais em status, então você se libertará disso. Somente então você será capaz de buscar com confiança e ousadia, e somente então seu coração poderá se tornar livre de quaisquer restrições. Quando forem libertas dessas coisas, então as pessoas não terão mais preocupações(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Por que você é relutante em ser um contraste?”). Enquanto refletia sobre as palavras de Deus, uma claridade entrou no meu coração. A busca de Pedro era cumprir o dever de um ser criado; ele buscava amar e satisfazer a Deus. Sua obediência a Deus era absoluta, e ele seguiu as orquestrações de Deus. No fim, foi até crucificado, servindo como testemunha retumbante de Deus. Quanto a mim, Deus estava fazendo tanta obra em mim e Sua vontade era que eu ficasse em meu lugar e fosse um ser criado obediente, para buscar a verdade, cumprir bem o meu dever, me livrar do meu caráter satânico corrupto e me submeter realmente a Deus. Era isso que um ser criado devia buscar.

O líder tinha arranjado aqueles trabalhos triviais para mim porque era o que precisava ser feito, portanto, era o que eu deveria fazer. Era como mandar as crianças numa família preparar a comida e limpar a casa — são deveres domésticos, e não existe status alto nem baixo. Mas eu me achava bom demais para aquele dever, achando que estava sendo rebaixado, e minha honra e meu prestígio tinham sido comprometidos. Eu me ressenti e me enchi de queixas, carecendo de qualquer obediência. Eu não tinha consciência nem razão! Esses pensamentos me encheram de arrependimento e nojo de mim mesmo. Orei e confessei a Deus, disposto a me submeter e a cumprir bem o meu dever. Ao cozinhar depois disso, eu tomei a iniciativa de ir até a cozinha cortar verduras e lavar pratos, ponderando sobre as palavras de Deus enquanto trabalhava. Senti paz e alegria na minha alma. E enquanto estava fazendo a limpeza, não me sentia mais magoado, mas me sentia ainda mais perto de Deus. Fui capaz de me abrir e de ser genuíno com os irmãos e de compartilhar com eles o que eu tinha aprendido com meu dever. Senti de coração que aquele era o único jeito de viver com um pouco de semelhança humana.

Experimentar todas essas coisas me ensinou num nível profundo que o julgamento e castigo de Deus são Sua salvação para mim: é tudo amor. Foram o julgamento e o castigo de Deus que transformaram minhas buscas e perspectivas equivocadas e permitiram que eu fosse purificado um pouco do meu caráter satânico. O fato de eu poder cumprir com firmeza o meu dever na casa de Deus hoje se deve inteiramente ao julgamento e castigo Deus. Graças a Deus Todo-Poderoso!

Todos os dias temos 24 horas e 1440 minutos. Você está disposto a dedicar 10 minutos para estudar o caminho de Deus? Você está convidado a se juntar ao nosso grupo de estudo.👇

Conteúdo relacionado

A comunhão deve ser sincera

Por Julia, Polônia No início de 2021, aceitei a obra de Deus Todo-Poderoso nos últimos dias. Eu participava ativamente das reuniões e lia a...

Leave a Reply

Conecte-se conosco no Messenger