76. Uma noite de tortura brutal
Um dia, em abril de 2006, fui espalhar o evangelho do reino de Deus Todo-Poderoso a um grupo de cristãos, mas eles não o aceitaram. Depois disso, voltei para espalhar o evangelho a eles novamente, mas eles soltaram um cachorro atrás de mim. Vários dias depois, quando eu estava no trabalho, dois policiais à paisana vieram até meu local de trabalho e me obrigaram a levá-los para onde eu morava na época. Percebi que, provavelmente, os cristãos tinham me denunciado. Eu estava ansioso e com medo — eu sabia que, se os policiais encontrassem os livros das palavras de Deus que eu guardava no meu apartamento, certamente me prenderiam. Sem parar, eu orava a Deus: “Ó Deus, se eles realmente me prenderem hoje, isso acontecerá com a Tua permissão. Estou pronto para me colocar nas Tuas mãos. Por favor, protege-me, dá-me força e fé e guia-me a permanecer firme no meu testemunho”. Quando chegamos em meu apartamento, eles começaram a revirar todos os meus bens pessoais sem mostrar nenhuma identificação e, eventualmente, encontraram um exemplar de “A Palavra manifesta em carne”, um livro evangélico e um tocador de CD. Então me levaram para a secretaria de segurança pública do distrito.
Um policial me perguntou: “Você é um crente em Deus Todo-Poderoso? Quantas pessoas você converteu? Quem é seu líder?”. Eu respondi: “Sim, eu acredito em Deus Todo-Poderoso, mas nós praticamos fé e compartilhamos o evangelho de maneira independente. Não temos líderes”. Isso o irritou tanto que ele me deu um chute forte no estômago, jogando me alguns passos para trás. Eu sabia que, provavelmente, não poderia evitar ser torturado e atormentado após ser preso — nós que vivemos na China como crentes e seguidores de Deus estamos fadados a enfrentar esse dia. Eu devia confiar em Deus para passar por esse suplício — eu não podia dobrar o joelho para Satanás. Cruelmente, o policial me interrogou, dizendo: “Quando você se juntou à igreja? Quem lhe deu esses livros? Onde ele mora?”. Quando não respondi, ele puxou minhas mãos para trás das minhas costas e me algemou a uma cadeira de metal. Naquele momento, o diretor da Secretaria de Segurança Pública, o chefe Wang, entrou e gritou: “Que diabos você está fazendo? Tire as algemas dele imediatamente!”. Então ele se aproximou de mim com um sorriso, deu uns tapinhas no meu ombro e, fingindo um tom sincero, ele disse: “Velho camarada, eu só quero o melhor para você. Sei que não tem sido fácil no trabalho para você. Se você nos disser tudo que você sabe sobre a Igreja de Deus Todo-Poderoso, você receberá uma recompensa de vários milhares de yuans”. Percebi que essa era a trama astuta de Satanás: o policial estava tentando me seduzir a dar informações sobre a igreja, a trair a Deus e a entregar meus irmãos e irmãs oferecendo uma recompensa monetária. Eu pensei: “Mesmo que você me oferecesse uma montanha de ouro, eu não cederia. Jamais trairei os interesses da igreja”. Quando viu que não tinha me convencido, ele acrescentou: “Se você nos disser o que sabe, você poderá até ficar com uma parte dos nossos lucros daqui em diante”. Eu senti uma total repulsa por ele e simplesmente ignorei tudo que ele dizia. Quando ele percebeu que eu não diria nada, imediatamente ele adotou uma expressão sinistra. De cara feia e num tom severo, ele disse: “Este aqui não sabe o que é bom para ele. Façam o que precisam fazer com ele”, e então saiu da sala enfurecido. Um dos policiais me ameaçou, dizendo: “Se você não nos disser honestamente o que sabe, as coisas não acabarão bem para você”. Ao dizer isso, ele me deu um tapa violento no rosto, me derrubou com um chute e então puxou meus braços para trás das minhas costas e me algemou de novo à cadeira de metal. Eu me assustei um pouco quando pensei na tortura que poderia estar à minha espera, por isso orei em silêncio a Deus: “Ó Deus, cabe a Ti se eu morrerei nas mãos da polícia hoje. Por favor, enche-me de fé e força — ajuda-me a não entregar meus irmãos e a não Te trair”. Depois de concluir minha oração, de repente, eu me lembrei da história de Daniel. Daniel foi jogado na cova dos leões, mas ele teve fé e orou e confiou em Deus, então Deus fechou as bocas dos leões para impedir que eles o machucassem. Eu sabia que eu também deveria ter fé em Deus e permanecer firme em dar testemunho Dele, por mais que a polícia me atormentasse.
Depois disso, eles me interrogaram de novo com as mesmas perguntas, mas eu não respondia, por isso me arrastaram até um pátio, colocaram cinco ou seis livros das palavras de Deus na minha frente e penduraram um cartaz no meu pescoço, que dizia: “Membro de um culto”. Tiraram uma foto minha antes de pegarem minhas digitais e me levarem para uma sala de tortura escondida. Assim que entrei na sala, comecei a tremer na base — a sala estava cheia de todo tipo de aparelhos de tortura. Havia uma arara alta feita de aço soldado, uma cadeira de tigre e algemas para os pés, além de mais de dez caixas grandes e pequenas cheias de todo tipo de outros instrumentos de tortura. Na parede, estavam pendurados chicotes de couro, bastões de baquelite, grampos e muitos outros instrumentos de tortura menores que eu nunca tinha visto antes. Havia mais de cem instrumentos de tortura naquela sala. Imediatamente, os pelos das costas se arrepiaram e as pernas perderam a força. Eu pensei: “Eles não teriam me trazido para cá se não estivessem pensando em me torturar. Quem sabe se eu serei capaz de sair daqui vivo. Talvez, se eu lhes der algumas informações irrelevantes, eles me deixem ir e não terei que sofrer neste lugar. Se eu não lhes disser nada, certamente me sujeitarão a uma tortura severa”. Naquele momento, de repente, eu me lembrei da história dos três amigos de Daniel — eles foram jogados numa fornalha ardente porque não quiseram se curvar diante de um ídolo dourado, dizendo que preferiam morrer a trair a Deus. Deus protegeu os três e nenhum deles sofreu qualquer queimadura. Isso me lembrou da soberania onipotente de Deus; minha fé Nele foi renovada. Eu sabia que meu destino, fosse ele morrer ou viver, estava nas mãos de Deus. Não importava como me torturassem, eu devia confiar em Deus e permanecer firme em dar testemunho Dele. Depois disso, dois policiais jovens entraram e ajustaram a arara de aço à minha altura e prenderam minhas mãos na barra horizontal, de modo que as pontas dos meus pés mal tocavam o chão. Um policial rosnou cruelmente: “Perdemos um dia inteiro tentando fazê-lo falar, agora chegou a hora de fazê-lo sofrer!”. As mãos e os braços suportavam todo o peso do corpo. Senti um desconforto incrível no corpo inteiro. Depois de um tempo, as mãos e os braços começaram a doer cada vez mais, como se estivessem sendo arrancados lentamente. Doía tanto que eu gritava de dor. Eu não tinha comido nada havia um dia inteiro e sentia náusea e tontura. Era mais do que eu conseguia suportar. Em meio ao sofrimento, de repente, eu me lembrei das palavras de Deus: “Talvez todos vocês se lembrem destas palavras: ‘Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória muito mais abundante’. Vocês todos ouviram essas palavras antes, mas nenhum de vocês entendeu o seu sentido real. Hoje, vocês estão profundamente conscientes de seu verdadeiro significado. Essas palavras serão cumpridas por Deus durante os últimos dias, e elas serão cumpridas naqueles que foram brutalmente perseguidos pelo grande dragão vermelho na terra na qual ele repousa enrolado. O grande dragão vermelho persegue a Deus e é inimigo Dele, e assim, nesta terra, aqueles que creem em Deus são assim sujeitos à humilhação e à opressão, e essas palavras são cumpridas em vocês, este grupo de pessoas, como resultado” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A obra de Deus é tão simples quanto o homem imagina?”). Por meio das palavras de Deus, eu percebi que Ele estava usando o grande dragão vermelho a Seu serviço para aperfeiçoar Seu povo escolhido. Eu estava sendo torturado para aperfeiçoar a minha fé — havia um significado especial nessa tortura — por isso eu precisava deixar de ser tão negativo e fraco. Então orei a Deus, dizendo: “Ó Deus! Não importa como me torturem nem quanto eu deva sofrer, jamais entregarei meus irmãos nem Te trairei!”. Depois disso, eles me deixaram pendurados ali por mais ou menos duas horas.
Logo após as oito da noite, quatro homens jovens com máscaras de esqui entraram na sala, e um deles gracejou cruelmente: “Veja só, como você está! Está confortável?”. Quando disse isso, ele pegou um chicote de couro da parede e começou a açoitar meus braços. A cada chicotada, era como se minha carne fosse arrancada dos os ossos — a dor era insuportável. Ele me açoitou pelo menos cinquenta ou sessenta vezes e, quando cansou, um dos outros sujeitos assumiu. Naquele momento, eu fiquei um pouco preocupado, temendo que, se me açoitassem tanto, meus braços pudessem ficar aleijados e eu ficasse incapaz de levar uma vida normal, então orei a Deus: “Ó Deus, coloco tudo em Tuas mãos. Não importa se eu ficar aleijado ou não, eu me submeto a Teus arranjos e orquestrações”. Foi só quando ficaram cansados de me açoitar tanto que eles me soltaram da arara. O corpo inteiro estava fraco e eu caí no chão imediatamente. Mas eles ainda não tinham terminado comigo — depois disso, eles me prenderam à cadeira de tigre e continuaram a me interrogar. Um dos policiais rosnou: “Não aposte que sairá daqui vivo se não nos contar a verdade! Basta que nos dê um relato honesto daquilo que você sabe e nós o soltamos. O Partido Comunista Chinês se encontra em inimizade mortal com vocês — ele vê vocês, os crentes, como seus inimigos declarados. Ele quer destruir vocês e matar todos vocês. Essa é a política do Partido Comunista Chinês — ele pode tirar a vida de vocês crentes em Deus Todo-Poderoso com impunidade absoluta!”. Firme, eu respondi: “Eu não sei de nada. Não há nada que eu possa dizer a vocês”. Vendo que eu ainda não cooperava, eles me soltaram da cadeira de tigre e me obrigaram a deitar no chão. Então pegaram um bastão preto de baquelite de 75 centímetros de comprimento e de sete a dez centímetros de largura cheio de bolas de aço e, postando-se aos dois lados, começaram a me bater cruelmente com os bastões no corpo inteiro. Meu corpo estremecia a cada golpe desses bastões. Eu me contorcia de dor, gritava em profunda miséria. Eu estava tendo dificuldades de respirar; não tenho palavras para descrever a dor excruciante. Eles concentraram seus golpes no meu traseiro — e continuaram fazendo isso sem parar; eu sentia como se estivessem arrancando minhas entranhas. Suportando uma dor insuportável, eu gritei furioso: “Vocês estão tentando me espancar até a morte! Querem tirar a minha vida! Por que não pegam um assassino e incendiário de verdade? Que leis eu violei para merecer essa crueldade? Vocês são humanos ou não?”. Um dos policiais ficou ainda mais enfurecido quando ouviu isso e começou a me golpear com tanta força que o bastão de baquelite se partiu, e as bolas de aço se espalharam pelo chão. Todos os policiais irromperam em gargalhadas. Então, com os dentes cerrados, um policial me disse: “Você não quebrou nenhuma lei? O Partido Comunista Chinês não permite a existência de nenhuma crença religiosa. O povo chinês deve acreditar somente no Partido Comunista. Vocês são os inimigos do Partido Comunista Chinês, e ele destruirá, matará e erradicará todos vocês completamente!”. Quando ele disse isso, eles tiraram dois chicotes longos de uma das caixas e disseram: “Continua não querendo nos dizer o que queremos ouvir? Que tal experimentarmos outro sabor — veja se gosta disso!”. Então me mandaram levantar, e dois deles começaram a me açoitar com força e uma fúria ávida, infligindo uma dor insuportável. Quando se cansaram de me açoitar, dois dos outros policiais assumiram seus lugares e continuaram, revezando-se pelo menos quatro vezes, sendo que cada surra durava pelo menos trinta minutos. No fim, caí no chão paralisado, mas eles me levantaram imediatamente e continuaram a me interrogar. Quando eu não disse nada, eles continuaram a me açoitar e a chutar minhas pernas. Eu me senti como se me tivessem quebrado as pernas. Comecei a me sentir um pouco fraco e pensei: “Se eu não lhes disser nada, eles continuarão usando todos os tipos de táticas de tortura para me atormentar. Podem até me torturar até a morte. Mas se eu disser alguma coisa, eu me tornarei um judas e o juramento que fiz diante de Deus se transformaria em enganação. Isso iria ferir a Deus e, pior, provocaria Seu ódio amargo”. Fiquei remoendo isso na mente — eu deveria dizer algo ou não? Naquele momento, eu me lembrei da crucificação do Senhor Jesus e das palavras de Deus: “Na estrada para Jerusalém, Jesus estava em agonia, como se uma faca fosse torcida no Seu coração, mas Ele não tinha a menor intenção de faltar à Sua palavra; havia sempre uma força poderosa que O dominava adiante para onde seria crucificado. Finalmente, Ele foi pregado na cruz e assumiu a imagem da carne pecaminosa, completando a obra da redenção da humanidade. Ele Se livrou dos grilhões da morte e do Hades. Diante Dele, a mortalidade, o inferno e o Hades perderam seu poder e foram derrotados por Ele” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Como servir em harmonia com a vontade de Deus”). A fim de redimir toda a humanidade, o Senhor Jesus Se dispôs a ser crucificado, a ser humilhado e atormentado e a oferecer a Sua vida. O amor de Deus pela humanidade é tão grande! Com isso em mente, eu me senti muito encorajado e fiz um juramento silencioso: “eu não me tornarei um judas nem trairei a Deus, mesmo que isso signifique ser torturado até a morte!”. Depois disso, eles continuaram a me ameaçar, dizendo: “Se você não nos disser o que queremos saber, nós o espancaremos até a morte e o levaremos ao crematório, onde será transformado em cinzas. Ou isso ou levaremos seu corpo até a tijolaria, onde você será moído e transformado em tijolos”. Naquele momento, senti medo, mas eu sabia que eles não tinham a autoridade para decidir se eu sobreviveria aos seus espancamentos. Tudo estava nas mãos de Deus, e eu estava disposto a me submeter a Seus arranjos e orquestrações. Naquele momento, ocorreu-me que os livros da igreja ainda estavam em minha posse e que nenhum dos meus irmãos sabia que eu tinha sido preso. Se a polícia encontrasse os livros, isso seria uma perda enorme para a igreja. Entrei em pânico, então orei a Deus: “Deus, minha vida não é importante, mas, como guardião dos livros da igreja, preciso garantir que esses livros permaneçam seguros. Mas não sei se sairei vivo daqui. Coloco todas essas preocupações em Tuas mãos e peço que Tu abras um caminho para mim”. Depois de orar, algo milagroso aconteceu: eu não senti mais nenhuma dor do açoitamento. Eu sabia que Deus estava ajudando para aliviar meu sofrimento, e fiquei incrivelmente grato a Ele. Quando viram que eu estava caído ali sem me mexer e que tinha parado de gritar, eles interromperam o açoitamento às pressas. Um deles enfiou um dedo debaixo do meu nariz e, nervoso, disse: “Ele está num estado péssimo. Tirem-no daqui — estaremos muito encrencados se ele morrer sob os nossos cuidados”. Eu sabia que Deus tinha aberto um caminho para mim e estava me vigiando, caso contrário eu certamente teria morrido ali.
Depois, dois policiais me arrastaram para fora e me jogaram num campo e me largaram lá. Fiquei deitado no chão sem me mexer. Deve ter sido às duas da manhã. Naquele momento, eu só pensava em uma única coisa: eu tinha que informar meus irmãos que os livros precisavam ser transferidos antes do nascer do sol para que não caíssem nas mãos da polícia. Tentei me levantar, mas eu estava ferido demais. Reuni até o último pingo de energia que me restava, mas eu não conseguia me levantar. Eu estava terrivelmente preocupado e entrei em pânico, então me apressei para orar a Deus, pedindo forças a Ele. Depois da minha oração, lembrei-me de uma passagem das palavras de Deus: “Não tema, o Deus Todo-Poderoso dos exércitos certamente estará com você. Ele está atrás de vocês e é o seu escudo” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Declarações de Cristo no princípio, Capítulo 26”). As palavras de Deus me deram fé. Depois de meia hora, tentei levantar-me de novo, e depois de quatro ou cinco tentativas, finalmente me levantei. O sol ainda não tinha nascido e as estradas ainda estavam mergulhadas em escuridão. Continuei me arrastando, suportando uma dor excruciante enquanto mancava em direção à casa do irmão Cheng Yi. Quando cheguei, eu lhe contei imediatamente o que tinha acontecido e pedi que ele instruísse imediatamente os irmãos a transferir os livros das palavras de Deus. Depois de informá-lo, eu manquei de volta para meu apartamento. Isso foi mais ou menos às três da manhã. Quando acendi a luz, o apartamento estava destruído. O que tinha acontecido com meu lar? Minhas cobertas, os travesseiros, o colchão e todas as roupas estavam jogados no chão. O apartamento inteiro tinha sido revirado. Quando examinei meus ferimentos, vi que eu tinha sido gravemente mutilado: a carne das pernas estava colada às calças, e mais ou menos dez centímetros do meu reto tinham sofrido um prolapso e parecia estar necrosando. A dor era excruciante, eu só conseguia respirar com dificuldade e me sentia como se minha vida estivesse por um fio. Meus ferimentos eram muito severos — eu não conseguia me mexer e não conseguia nem engolir um gole de água. Eu pensei: “Será que conseguirei sobreviver a todos esses ferimentos? Se eu sobreviver, ficarei aleijado? Será que conseguirei funcionar por conta própria daqui em diante? Minha esposa e todos os meus filhos foram desorientados pelas mentiras do Partido Comunista Chinês e se opõem a minha fé. Se eu ficar deficiente, eles não cuidarão de mim…”. Quanto mais eu pensava, pior eu me sentia, então orei a Deus. Enquanto orava, eu me lembrei das palavras de Deus: “De tudo que ocorre no universo, não há nada no qual Eu não tenha a palavra final. Existe alguma coisa que não esteja em Minhas mãos?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Palavras de Deus para todo o universo, Capítulo 1”). Era verdade, meu destino estava nas mãos de Deus. Cabia a Deus decidir se eu viveria ou morreria e se ficaria deficiente ou não. Eu sabia que eu deveria me entregar a Deus e permitir que Ele presidisse sobre os arranjos. Mesmo que eu ficasse deficiente, eu me submeteria. Mesmo que minha esposa e meus filhos não cuidassem de mim, eu sabia que Deus estaria comigo e que meus irmãos cuidariam de mim, portanto eu sobreviveria. Quando percebi isso, eu não me senti mais tão atormentado e angustiado.
O irmão Yu Zhijian chegou a meu apartamento às quatro da manhã. Quando ele entrou e viu que eu estava deitado na cama sem poder me mexer, ele puxou o lençol e viu que minhas calças estavam cobertas de manchas de sangue, que meus membros inferiores apresentavam cortes profundos em carne viva e que meu reto e pedaços de carne estavam colados nas minhas calças. Quando viu isso, ele desabou em lágrimas e, chorando, me trouxe uma bacia de água quente. Depois de cortar minhas calças e aplicar uma compressa quente, lentamente ele separou a carne e as calças, pedaço por pedaço. A pele abaixo dos joelhos era uma confusão de feridas abertas tão profundas que expunham os ossos. Até hoje não consigo me obrigar a lembrar daquele suplício. Eu tinha ferimentos muito graves, mas não ousava ir ao hospital com medo de que a polícia me encontrasse e prendesse se eu me apresentasse com meu cartão de identidade. Eu também estaria expondo meus irmãos ao perigo. Durante aquele tempo, eu não consegui cuidar de mim mesmo, e Zhijian arriscou ser preso ao vir e cuidar de mim todos os dias. Ele era novo na fé e eu temia que ele ficasse assustado e fraco após ver como eu tinha sido espancado. Eu lhe disse: “Passar por esse suplício foi algo bom para mim — permitiu que eu visse Satanás como ele realmente é”. Para minha surpresa, Zhijian disse: “Não se preocupe comigo. Agora vi por conta própria que o Partido Comunista Chinês é um demônio que resiste a Deus e inflige crueldade à humanidade. Devemos permanecer firmes em nosso testemunho de Deus”. Ao longo daquela semana, eu limpei a parte do meu reto que tinha sofrido um prolapso todos os dias com água salgada e também tomei um remédio popular. Finalmente, por volta do oitavo dia após a minha prisão, o prolapso se curou. Depois de duas semanas, consegui andar novamente.
Depois disso, a polícia vinha para me interrogar e assediar a cada 15 dias. Eles sempre me interrogavam com perguntas sobre a igreja e me perguntavam se eu ainda mantinha contato com outros membros. Eles até me ameaçavam, dizendo: “Se você não confessar, jamais desistiremos de seu caso!”. Eu pensei: “Eu já vejo todos vocês como vocês realmente são. Não importa como vocês me coajam ou ameacem, jamais cederei a vocês. Se quiserem que eu traia a Deus, esqueçam!”. Nos dois curtos anos entre minha prisão em 2006 e 2008, a polícia me interrogou pelo menos 25 vezes. Porque estavam sempre me monitorando, eu não ousei me encontrar com os irmãos temendo metê-los em problemas, por isso fui obrigado a voltar para a casa de minha família no campo.
Mais tarde, meu reto e minhas costas se curaram completamente, mas eu continuei experimentando efeitos residuais dos ferimentos nas pernas. Eu ainda sentia dor e fraqueza na perna direita e mancava em dias nublados ou chuvosos. O pior efeito residual tem me afetado a pele. As cascas de todos os cortes se soltaram só para revelar manchas pretas e descoloridas, e todo meu corpo está coberto de buracos nada vistosos, caroços densamente concentrados com pequenas chagas brancas que causam uma coceira que me leva à loucura. Quando tomo banho ou sinto muito calor, essa sensação de coceira nas chagas é pior do que sal numa ferida aberta. Coça tanto que mal consigo suportar — às vezes, preciso esfregar as áreas afetadas com seixo da margem do rio ou usar uma faca para drenar o pus para sentir algum alívio. Tenho sido afligido por essa dor dia e noite por mais de 15 anos. Durante esse tempo, tenho procurado a ajuda de vários médicos da medicina chinesa tradicional em clínicas privadas e gastei mais de 10.500 yuans em contas médicas sem nenhuma melhora. Ao suportar tormento físico incrível e ser incapaz de contatar meus irmãos e de viver uma vida de igreja normal, eu experimentei as profundezas da agonia e orei a Deus muitas vezes com lágrimas nos olhos, pedindo que Ele ficasse do meu lado e me desse fé e força. Sem a proteção e orientação de Deus nesses dias sombrios, eu jamais teria sobrevivido.
Passaram-se 15 anos desde a minha prisão e, ao refletir sobre isso, percebo que, embora tenha realmente sofrido em certa medida, eu também vi o grande dragão vermelho como ele realmente é e reconheci sua substância demoníaca. Agora leio as palavras de Deus que dizem: “Milhares de anos de ódio estão concentrados no coração, milênios de pecaminosidade estão gravados no coração — como isso poderia não inspirar ódio? Vingue a Deus, elimine completamente Seu inimigo, não permita mais que este corra desenfreado, e não permita que ele governe como um tirano! Agora é a hora: desde muito o homem tem reunido toda a sua força, tem dedicado todos os seus esforços, tem pago cada preço para isto, para arrancar a face hedionda desse diabo e para permitir que as pessoas, que foram cegadas e suportaram todo tipo de sofrimento e dificuldade, se ergam de sua dor e se rebelem contra esse velho diabo maligno” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Obra e entrada (8)”). Ao ponderar as palavras de Deus, eu vi com uma clareza ainda maior quão cruel e selvagem o Partido Comunista Chinês é. Ele alega respeitar a liberdade religiosa, mas, em segredo, ele prende e persegue cristãos aleatoriamente, buscando oprimir completamente a obra de Deus de salvar a humanidade e transformar a China num país ateísta. Ele é uma cabala demoníaca que despreza a verdade e resiste a Deus. Vi o rosto feio do Partido Comunista Chinês e passei a desprezá-lo e a me rebelar totalmente contra ele. Por meio dessa experiência, reconheci também como Deus está sempre cuidando de mim e me protegendo. Sempre que eu sentia dor ou me sentia fraco, as palavras de Deus me instruíam e guiavam e me davam fé e força. Eu experimentei o amor autêntico de Deus pela humanidade e Sua maravilha e onipotência. Isso fortaleceu profundamente minha fé em Deus. Por mais acidentada que seja a estrada adiante ou por mais que meu corpo precise sofrer, eu seguirei a Deus até o fim!