Lições que aprendi com a prisão do meu filho

24 de Dezembro de 2024

Por Wu Fan, China

Um dia, em dezembro de 2013, uma irmã me ligou e disse que meu filho tinha sido levado pela polícia. Quando ouvi a notícia, congelei, pensando: “Meu filho não crê em Deus há muito tempo e não tem uma base. Ele acabou de sair do emprego e começou a desempenhar seu dever, como já pode estar preso?”. Eu me lembrei de quando fui preso no passado. A polícia usou todos os tipos de meios para me atormentar, a fim de me forçar a entregar os líderes e o dinheiro da igreja, a ponto de eu sentir que estaria melhor morto. Todos esses policiais são cruéis e implacáveis; eles são diabos! Eles sentem um ódio profundo pelos crentes em Deus; eles podem nos espancar até a morte impunemente. Fiquei preocupado, pensando: “Meu filho ainda é jovem e nunca passou por esse tipo de sofrimento! Se ele não conseguir lidar com a tortura e se tornar um Judas, sua chance de ser salvo estará completamente perdida!”. Pensar nisso me deixou doente de preocupação. Nos dias seguintes, não consegui comer e não dormi bem. Era como se uma faca estivesse perfurando meu coração; eu só queria poder sofrer no lugar do meu filho. Eu orava a Deus constantemente, pedindo que Ele cuidasse de meu filho e o protegesse. Também nutria queixas no meu coração, pensando: “Meu filho saiu de casa para desempenhar seu dever depois de crer em Deus por um curto tempo; por que Deus não cuidou dele e o protegeu? Se a polícia o ferir gravemente, como ele sobreviverá no futuro? E se eles o espancarem até a morte, eu nunca mais o verei”. Quanto mais eu pensava nisso, mais chateado ficava e meu coração mergulhava na escuridão. Eu não consegui me acalmar quando comia e bebia as palavras de Deus e, por dentro, até culpava os líderes e obreiros por não terem colocado alguém encarregado de manter um ambiente seguro e causado a prisão do meu filho. Na época, eu era um diácono evangelhista na igreja e estava bastante ocupado, mas não tinha cabeça para me concentrar no trabalho; eu só conseguia pensar no meu filho.

Em meio à dor e ao desamparo, eu orava a Deus sem parar, pedindo que Ele cuidasse de meu filho e o protegesse para que ele não se tornasse um Judas e entregasse os irmãos. Depois de orar, pensei nas palavras de Deus: “Em tudo que lhes acontece. Seja bom ou ruim, isso deveria lhe trazer benefício e não deveria fazer você se tornar negativo. Em qualquer caso, você deveria ser capaz de considerar as coisas estando firme ao lado de Deus e não analisá-las ou estudá-las a partir da perspectiva humana (isso seria um desvio em sua experiência)(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Promessas para aqueles que são aperfeiçoados”). As coisas que nos acontecem todos os dias, sejam boas ou ruins, são todas planejadas por Deus e todas contêm em si as intenções de Deus. Em relação à prisão do meu filho, eu estava olhando isso de uma perspectiva carnal de não querer que ele sofresse. Por isso, achei que a prisão dele era uma coisa ruim e até culpei a Deus por não tê-lo protegido. Pensei na experiência de Jó: quando Jó perdeu sua riqueza e propriedade e seus filhos enfrentaram um desastre, sua esposa o ridicularizou e quis que ele abandonasse a Deus, mas Jó a repreendeu, dizendo: “Como fala qualquer doida, assim falas tu. […] receberemos de Deus o bem, e não receberemos o mal?” (Jó 2:10). Jó tinha um coração temente a Deus; quer recebesse o bem ou a adversidade, ele sempre podia aceitá-los de Deus, sem se queixar ou pecar com seus lábios e sem ofendê-Lo, e era capaz de se submeter a Deus e exaltar Seu santo nome. Em contrapartida, quando ouvi a notícia de que meu filho tinha sido preso e não que sua vida estava em perigo, comecei a apresentar queixas e até deixei que isso afetasse meu dever. Nem dá para comparar meu nome com o de Jó; eu estava tão humilhado! Orei a Deus: “Deus! Meu filho foi preso quando desempenhava seu dever, e não sei como ele está passando agora. Tenho medo de que ele se torne um Judas e seja punido no futuro. Deus! Meu coração está sofrendo e meu estado é perturbado quando desempenho meu dever. Por favor, guia-me para que eu reflita sobre meu problema e o entenda”. Depois de orar, li as palavras de Deus: “Não dou às pessoas a oportunidade de expressar seus sentimentos, porque Eu não tenho sentimentos carnais, e passei a detestar em grau extremo os sentimentos das pessoas. É por causa dos sentimentos entre as pessoas que Eu fui posto de lado e consequentemente Me tornei um ‘outro’ aos seus olhos; é por causa dos sentimentos entre as pessoas que Eu fui esquecido; é por causa dos sentimentos do homem que ele aproveita a oportunidade para pegar sua ‘consciência’; é por causa dos sentimentos do homem que ele sempre é avesso ao Meu castigo; é por causa dos sentimentos do homem que ele Me chama de parcial e injusto e diz que Eu não Me importo com os sentimentos do homem no Meu modo de lidar com as coisas. Eu também tenho algum parente na terra? Quem, alguma vez, trabalhou como Eu dia e noite, sem pensar em comida ou sono, em favor de todo o Meu plano de gerenciamento? Como o homem poderia ser comparável a Deus? Como o homem poderia ser compatível com Deus?(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Palavras de Deus para todo o universo, Capítulo 28”). “Toda a humanidade vive num estado de sentimento, e assim Deus não evita nenhum ser humano e expõe os segredos escondidos no coração de toda a humanidade. Por que é tão difícil, para as pessoas, separar-se dos sentimentos? Fazer isso supera os padrões da consciência? A consciência consegue cumprir a vontade de Deus? Os sentimentos podem ajudar as pessoas na adversidade? Aos olhos de Deus, os sentimentos são Seus inimigos — isso não está claro nas palavras de Deus?(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Interpretações dos mistérios das ‘Palavras de Deus para todo o universo’, Capítulo 28”). Pelas palavras de Deus, vi que Ele detesta quando as pessoas vivem de acordo com seus sentimentos. Quando agem de acordo com os sentimentos, as pessoas estão pensando apenas nas ligações familiares e nos interesses da carne, não estão buscando a verdade ou a intenção de Deus de jeito nenhum; elas estão resistindo a Deus em tudo o que fazem. Era exatamente assim que eu estava. Quando descobri que meu filho tinha sido preso, meu primeiro pensamento foi que a polícia, sem dúvida, o espancaria e o forçaria a negar a Deus e a entregar os líderes e obreiros da igreja. Pensei que, se não tolerasse a tortura e se tornasse um Judas, meu filho perderia a chance de alcançar a salvação, e não só seria incapaz de ganhar bênçãos no futuro, como também seria punido no Inferno. Como meu filho ainda era jovem, eu também me perguntava como ele sobreviveria no futuro se as surras o deixassem deficiente. E se fosse espancado até a morte, eu perderia meu filho para sempre. Ao pensar nessas graves consequências, surgiram queixas contra Deus no meu coração, e O culpei por não cuidar do meu filho nem o proteger, até mesmo argumentando com Ele e clamando a Ele. Onde estava minha razão? Onde estava minha humanidade? Vendo que as pessoas que viviam de acordo com seus sentimentos podiam resistir a Deus a qualquer momento ou em qualquer lugar, fazia sentido a razão de Deus ter exposto a nós que “os sentimentos são Seus inimigos”.

Durante minha busca, li mais palavras de Deus: “A senda pela qual Deus nos guia não é em linha reta, mas uma estrada sinuosa cheia de buracos; Deus diz, ademais, que quanto mais pedregosa a senda, mais ela pode revelar nosso coração amoroso. Porém, nenhum de nós pode abrir tal senda. Em Minha experiência, trilhei muitas sendas pedregosas e traiçoeiras e suportei grande sofrimento; às vezes Eu ficava tão profundamente pesaroso que queria gritar, mas tenho trilhado essa senda até hoje. Acredito que essa é a senda guiada por Deus, então Eu suporto o martírio de todo o sofrimento e sigo em frente. Pois isso é o que Deus ordenou, então quem pode escapar? Não peço para receber quaisquer bênçãos; tudo que peço é que Eu seja capaz de trilhar a senda que devo trilhar de acordo com as intenções de Deus. Não busco imitar os outros, trilhando a senda que eles trilham; tudo o que busco é que Eu possa cumprir Minha devoção para trilhar a senda a Mim designada até o fim. Não peço a ajuda de outros; para ser franco, também não posso ajudar mais ninguém. Parece que Eu sou terrivelmente sensível nessa questão. Não sei o que outras pessoas pensam. Isso é porque sempre acreditei que a medida que um indivíduo deve sofrer e a distância que ele deve trilhar em sua senda são ordenadas por Deus e que, na verdade, ninguém pode ajudar ninguém(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A senda… (6)”). Pelas palavras de Deus, entendi que o nível de sofrimento que uma pessoa suporta e as circunstâncias que experimenta em sua vida foi tudo ordenado por Deus há muito tempo. Eu tinha de entregar meu filho a Deus e me submeter a Sua soberania e a Seus arranjos. Essa era a razão e a prática que eu deveria ter. Meu filho não acreditava em Deus havia muito tempo, e não tinha discernimento quando se tratava da essência do grande dragão vermelho de odiar a Deus e a verdade. O fato de ele, agora, ter sido preso e suportar o sofrimento continha em si a boa vontade de Deus e, mais ainda, continha lições que meu filho tinha de aprender. Pensei em quantos irmãos tinham sido presos e perseguidos pelo grande dragão vermelho, e todos eles sofreram muito, mas essas experiências lhes deram a verdadeira fé em Deus. Em meio à dor e à adversidade, eles estavam dispostos a apodrecer para sempre na prisão, em vez de trair a Deus, triunfando sobre sua carne e sobre Satanás e, por fim, dando um belo e retumbante testemunho de Deus. Também pensei na minha própria experiência de ser preso. Embora minha carne tivesse sofrido um pouco naquela época, e embora eu fosse acanhado e fraco ao experimentar a tortura e o tormento, quando orei a Deus e fui guiado e orientado por Suas palavras, minha fé Nele também aumentou. Por meio dessa experiência, não só aprendi a discernir a essência perversa do grande dragão vermelho de resistir a Deus, mas também ganhei algum entendimento da onipotência e soberania de Deus. Com esse entendimento, eu estava disposto a entregar meu filho a Deus e deixar que Ele orquestrasse e arranjasse tudo.

Um mês depois, meu filho retornou com o rosto pálido e o ânimo abatido. A estatura do meu filho era pequena e ele não se atreveu a admitir que acreditava em Deus Todo-Poderoso, por isso, no fim, eles o dispensaram. Depois de experimentar esse fracasso, meu filho aprendeu algumas lições e se tornou mais criterioso com relação ao grande dragão vermelho. Ele também viu que sua estatura era pequena e que sua fé em Deus não era nem um pouco genuína. Seis meses depois, ele retomou seu dever.

Um dia, em outubro de 2023, recebi uma carta da igreja dizendo que meu filho tinha sido preso de novo. Mais de 30 pessoas da igreja do meu filho tinham sido presas, entre elas líderes e obreiros. Pensei no fato de meu filho já ter uma ficha de dentenção, e que, se a polícia descobrisse que ele tinha desempenhado deveres de liderança, com certeza o forçariam a entregar o dinheiro da igreja e os líderes e obreiros, e a assinar um documento renunciando sua fé. Agora era o momento em que Deus estava revelando e classificando as pessoas de acordo com seu tipo; se meu filho sofresse lavagem cerebral pelo Partido Comunista ou se ele não suportasse a tortura, renunciasse à fé e traísse a Deus, ele estaria abrindo a porta do Inferno e perderia a chance de ser salvo. Ao pensar nisso, senti como se algo estivesse preso no fundo do meu estômago e fiquei ansioso com as perspectivas futuras e a sina do meu filho, e não estava disposto a desempenhar meu dever. No meu coração, eu orava constantemente por meu filho, pedindo a Deus que mostrasse misericórdia e o protegesse para que ele pudesse passar por esse momento difícil em segurança. Alguns irmãos viram que eu estava abatido, suspirando de desespero o dia inteiro, e me comunicaram a intenção de Deus, ao mesmo tempo em que também encontraram muitas de Suas palavras para me ajudar. Percebi que, mais uma vez, eu tinha sido limitado por meus sentimentos e então orei a Deus: “Deus! Meu filho foi levado pela polícia de novo. Não consigo largar isso e estou temendo por sua vida; por favor, guia-me para que eu busque a verdade e não fique constrito nessa questão”.

Mais tarde, lembrei de Deus comunicar a questão de deixar de lado as expectativas de alguém em relação aos filhos e encontrei estas palavras e as li. Deus Todo-Poderoso diz: “Após entendermos a atitude que os pais deveriam ter em relação aos filhos adultos, os pais também deveriam largar as expectativas que têm para os filhos adultos? Alguns pais ignorantes não conseguem entender a vida nem o destino, não reconhecem a soberania de Deus e tendem a fazer coisas ignorantes quando se trata de seus filhos. Por exemplo, depois de se tornarem independentes, os filhos poderão encontrar certas situações especiais, adversidades ou incidentes sérios; alguns enfrentam doenças, outros são envolvidos em processos jurídicos, outros se divorciam, outros são enganados e caem em golpes, ainda outros são sequestrados, machucados, espancados seriamente ou enfrentam a morte. Existem até alguns que caem em dependência química etc. O que os pais deveriam fazer nessas situações especiais e significativas? Qual é a reação típica da maioria dos pais? Eles fazem o que deveriam fazer como seres criados com a identidade de pais? Raramente os pais recebem notícias desse tipo e reagem como reagiriam se isso acontecesse com um estranho. A maioria dos pais fica acordada a noite inteira até os cabelos ficarem brancos, eles perdem o sono noite após noite, não têm apetite durante o dia, quebram a cabeça de tanto pensar e alguns até choram amargamente, até os olhos ficarem vermelhos e as lágrimas se esgotarem. Eles oram fervorosamente a Deus, pedem que Deus leve sua fé em conta e proteja seus filhos, mostre-lhes favor e os abençoe, seja misericordioso e poupe-lhes a vida. Numa situação desse tipo, todas as fraquezas e vulnerabilidades humanas e os sentimentos dos pais em relação aos filhos são expostos. Que mais é revelado? Sua rebeldia contra Deus. Eles imploram a Deus e oram a Ele, suplicando que Ele proteja seus filhos de uma calamidade. Mesmo que ocorra um desastre, eles oram para que seus filhos não morram, que consigam escapar do perigo, que não sejam prejudicados por pessoas malignas, que suas doenças não piorem, mas melhorem etc. Pelo que estão realmente orando? (Deus, com essas orações, eles estão fazendo exigências a Deus, com uma insinuação de queixa.) De um lado, estão extremamente insatisfeitos com a luta de seus filhos, reclamam que Deus não deveria ter permitido que tais coisas acontecessem com seus filhos. Sua insatisfação se mistura com queixa, e eles pedem que Deus mude de opinião, que não aja dessa forma, que livre seus filhos do perigo, que os mantenha seguros, que cure sua doença, que os ajude a escapar de processos jurídicos, que evite as calamidades quando surgirem etc. — em suma, que faça com que tudo corra tranquilamente. Ao orarem assim, de um lado, estão se queixando de Deus, de outro, estão fazendo exigências a Ele. Isso não é uma manifestação de rebeldia? (É sim.) Implicitamente, estão dizendo que o que Deus está fazendo não é certo nem bom, que Ele não deveria agir dessa forma. Por se tratar de seus filhos e por que os pais são crentes, os pais acham que Deus não deveria permitir que tais coisas aconteçam com os filhos. Seus filhos são diferentes dos outros; eles deveriam receber bênçãos preferenciais de Deus. Por conta de sua fé em Deus, Ele deveria abençoar seus filhos e, se Ele não o faz, eles ficam angustiados, choram, têm um chilique e não querem mais seguir a Deus. Se seu filho morre, eles acham que também não querem mais viver. É esse o sentimento que eles têm em mente? (Sim.) Isso não é uma forma de protesto contra Deus? (É sim.) Isso é protestar contra Deus. […] Quando Deus orquestra ou governa o destino de alguém, você acha que isso é razoável, contanto que não tenha nada a ver com você. Mas você acha que Ele não deveria ser capaz de governar o destino de seus filhos? Aos olhos de Deus, toda a humanidade está sob a soberania de Deus, e ninguém pode escapar da soberania e dos arranjos estabelecidos pelas mãos de Deus. Por que seus filhos deveriam ser uma exceção? A soberania de Deus é ordenada e planejada por Ele. É aceitável você querer mudar isso? (Não, não é.) Não é aceitável. Portanto, as pessoas não devem fazer coisas tolas ou insensatas. Tudo que Deus faz se baseia em causas e efeitos de vidas passadas — o que isso tem a ver com você? Se você resiste a soberania de Deus, você está querendo morrer. Se você não quer que seus filhos experimentem essas coisas, isso provém do afeto, não da justiça, nem da misericórdia, nem da bondade — deve-se meramente ao efeito de seu afeto. […] A relação que realmente existe entre as pessoas não se baseia em laços de carne e sangue, mas é uma relação entre um ser vivo e outro criados por Deus. Esse tipo de relação não apresenta laços de carne e sangue; ele só existe entre dois seres vivos independentes. Se você refletir sobre isso a partir desse ponto de vista, então, como um dos pais, quando seus filhos tiverem a má sorte de adoecer ou quando sua vida estiver em perigo, você deveria encarar essas questões corretamente. Você não deveria desistir do tempo que lhe resta, a senda que deveria seguir nem as responsabilidades e obrigações que deveria cumprir por causa dos infortúnios ou do falecimento de seus filhos — você deveria encarar essas questões corretamente. Se você tiver os pensamentos e pontos de vista certos e conseguir perceber essas coisas, você será capaz de superar rapidamente o desespero, o luto e o anseio(A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade I, “Como buscar a verdade (19)”). Lendo as palavras de Deus, entendi que, originalmente, as pessoas são seres vivos independentes, sem relação umas com as outras. Somente quando a alma reencarna e entra neste mundo material é que as pessoas têm famílias, maridos e esposas, pais e filhos, mães e filhas e outros relacionamentos desse tipo. Mas quando se fala da essência de uma pessoa, originalmente, não há relação entre uma e outra. Mas as pessoas não conseguem ver essas questões com clareza, colocando os vínculos familiares carnais e as relações de sangue acima de todas as coisas. Quando os filhos enfrentam infortúnios e doença ou quando a vida deles é ameaçada, os pais vivem dentro de seus sentimentos e sentem tanta dor que até desejam a morte. Na realidade, a senda que as pessoas trilham e o sofrimento que suportam na vida foram ordenados por Deus há muito tempo e não cabe aos pais determinar. Veja meus vizinhos, por exemplo. Esse casal viveu frugalmente a vida inteira, gastando todo o dinheiro suado com a filha. Eles a mandaram para uma escola de elite e lhe deram a melhor educação, esperando que ela pudesse ter um emprego estável e segurança financeira no futuro. No entanto, a filha não seguiu a senda correta e começou a usar drogas ainda jovem. No fim, ela foi presa por tráfico de drogas e condenada a 13 anos de prisão. Seus pais praticamente perderam a cabeça. Também me lembrei de uma irmã mais nova cujos pais trabalhavam longe de casa havia muitos anos e a confiaram aos cuidados do tio. Os pais nunca deram qualquer atenção aos estudos dela, porém, ela acabou entrando na universidade e seguiu sua tia e seu tio na crença em Deus. Agora, essa irmã está desempenhando seu dever e seguindo a senda correta na vida. A senda que as pessoas trilham não está nem um pouco relacionada à maneira como seus pais cuidam delas e as educam, e isso não é algo que os pais possam mudar. No entanto, eu não conseguia ver essas coisas com clareza, sempre me preocupando com as perspectivas futuras e a sina do meu filho e incapaz de desempenhar meu dever normalmente; até mesmo meu comer e beber das palavras de Deus foi perturbado. Tudo o que eu queria era sofrer no lugar do meu filho, até mesmo exigindo que Deus o protegesse da crueldade daqueles diabos e garantisse que ele passasse por aquele momento difícil em segurança. Eu tinha um resquício sequer de razão? Pensando melhor sobre isso, quando meu filho foi preso pela primeira vez, sua estatura era pequena e ele não se atrevia a admitir que acreditava em Deus; ele não tinha testemunho nenhum. Dez anos depois, ele foi preso de novo e, certamente, Deus tinha permitido isso. Ele estava dando ao meu filho uma chance de se arrepender; Ele o estava testando. Se meu filho conseguisse triunfar sobre as constrições da influência das trevas do grande dragão vermelho, arriscando sua vida para permanecer firme em seu testemunho de Deus, então, dessa vez, sua prisão seria profundamente significativa e uma maneira de ele ser aperfeiçoado. No entanto, eu tinha agido com base nos meus sentimentos e não tinha buscado a intenção de Deus, pensando que um ambiente confortável no qual a carne do meu filho não sofresse era benéfico para ele. Minha maneira de ver as coisas não estava nem um pouco de acordo com a intenção de Deus; era realmente absurda! Se meu filho poderia ou não permanecer firme em seu testemunho dessa vez dependia de sua essência, do que ele costumava buscar e da senda que trilhava. Eu não deveria ficar excessivamente ansioso quanto às perspectivas futuras e à sina do meu filho, chegando a ponto de culpar a Deus e me queixar dos irmãos. Ao entender isso, meu coração sentiu um pouco de alívio.

Durante minha busca, li mais palavras de Deus: “Além do nascimento e da criação, a responsabilidade dos pais na vida de um filho é simplesmente proporcionar-lhe um ambiente formal para crescer, pois nada, exceto a predestinação do Criador, tem relação com o destino da pessoa. Ninguém pode controlar que tipo de futuro uma pessoa terá; ele é predeterminado com grande antecedência e nem mesmo os pais podem mudar o destino da pessoa. No que diz respeito ao destino, todos são independentes, e todos têm destino próprio. Logo, nenhum pai pode protelar o destino da pessoa na vida nem exercer a menor influência sequer no papel que ela desempenha na vida. Pode-se dizer que a família em que uma pessoa é destinada a nascer e o ambiente em que ela cresce nada mais são do que as precondições para o cumprimento da sua missão na vida. De modo algum eles determinam o destino da pessoa na vida nem o tipo de destino em meio ao qual ela cumpre a sua missão. E, portanto, os pais não podem ajudar a pessoa a realizar sua missão na vida, nem os parentes podem ajudá-la a assumir seu papel na vida. Como uma pessoa realiza sua missão e em que tipo de ambiente vital ela exerce seu papel são inteiramente determinados pelo destino da pessoa na vida. Ou seja, nenhuma outra condição objetiva pode influenciar a missão de uma pessoa, que é predestinada pelo Criador. Todas as pessoas amadurecem em seus ambientes específicos de crescimento; depois, gradativamente, passo a passo, tomam as próprias estradas na vida e consumam os destinos planejados para elas pelo Criador. Natural e involuntariamente, elas entram no vasto mar da humanidade e assumem seus postos na vida, onde começam a desempenhar suas responsabilidades como seres criados em prol da predestinação do Criador, em prol da Sua soberania(A Palavra, vol. 2: Sobre conhecer a Deus, “O Próprio Deus, o Único III”). Deus falou com grande clareza sobre as responsabilidades dos pais com relação aos filhos. Como pai, minha responsabilidade é criar meu filho até a idade adulta, garantir que ele cresça de forma saudável, levá-lo até a presença de Deus, dizer a ele que sua vida vem Dele e fazer com que ele creia em Deus e trilhe a senda correta. Essas são minhas responsabilidades e obrigações como pai. Mas, se meu filho permanecerá ou não firme em seu testemunho depois de ser preso e se sua destinação e seu desfecho futuros serão os de ganhar bênçãos ou ser punido, não são coisas que eu possa mudar. Como um ser criado, devo aceitar e me submeter à soberania e aos arranjos de Deus com razão. Somente isso está de acordo com a intenção de Deus. Ao entender isso, meu coração ficou completamente aliviado. Quer meu filho permanecesse ou não firme em seu testemunho e recebesse bênçãos ou adversidades no futuro, eu estava disposto a aceitar e me submeter a isso.

Agora, quando penso no meu filho, embora ainda fique um pouco preocupado, isso não influencia meu estado e posso desempenhar meu dever normalmente. Agradeço a Deus de coração!

Tendo lido até aqui, você é uma pessoa abençoada. A salvação de Deus dos últimos dias virá até você.

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