26. Procurada, mas inocente
Em maio de 2014, o Partido Comunista Chinês inventou o caso Zhaoyuan em Shandong para incriminar e difamar a Igreja de Deus Todo-Poderoso e depois lançou imediatamente uma operação nacional de cem dias para prender os membros da Igreja de Deus Todo-Poderoso. Muitos irmãos e irmãs foram presos. Em apenas dois meses, entre setembro e novembro, mais de trinta irmãos e irmãs no meu município foram presos, um após o outro. Na época, eu era responsável pelo trabalho de várias igrejas e, todos os dias, sob os olhos atentos da polícia, eu fazia arranjos para transferir irmãos em perigo e livros sobre a fé em Deus. Eu corria perigo de ser presa a qualquer momento. Uma noite, um irmão que foi detido e liberado me disse que, quando os policiais o interrogaram, eles mencionaram minhas informações pessoais e até lhe mostraram uma foto minha e perguntaram se ele me conhecia. O irmão disse que eu era um alvo primário da polícia e me aconselhou a partir imediatamente. Eu pensei: “Tantos irmãos foram detidos, e ainda há muito trabalho em consequência disso que deve ser feito. Além disso, alguns irmãos estão fracos devido às prisões e à perseguição do grande dragão vermelho, e eles precisam de ajuda e apoio. Partirei daqui alguns dias”. Mas meu irmão insistiu: “É melhor você partir ainda hoje, à noite. Não fique aqui. Há câmeras por toda parte na estrada, e a polícia encontrará você assim que verificar as gravações das câmeras de vigilância”. Quando ouvi isso, fui tomada por terror de repente e comecei a entrar em pânico. Então, rapidamente, fiz arranjos para o trabalho remanescente da igreja e fugi para um município vizinho.
Um casal de irmãos idosos assumiu o risco de me acolher. Visto que havia câmeras do lado de fora, eu não podia sair, e era obrigada a ficar na casa deles. O filho deles trabalhava numa escola, e o governo tinha emitido uma circular dizendo que nenhum docente nem qualquer membro de sua família podia ter crenças religiosas, caso contrário seria demitido do cargo. Por causa disso, o filho temia que seu futuro fosse afetado e se opôs à crença em Deus de seus pais. A irmã temia que o filho me visse na casa e me denunciasse à polícia, e por isso arranjou para que eu morasse no sótão. Sempre que o filho da irmã voltava, eu ficava nervosa. Uma vez, ele subiu para pegar alguma coisa. Eu estava com medo de ser encontrada por ele, então me escondi atrás da porta e não ousei me mexer. Por acaso, nesse exato momento, fumaça de óleo da cozinha subiu pela chaminé, e eu tive que tossir. Corri cobrir a cabeça e a boca com uma colcha e mal consegui respirar. A irmã tinha outro filho, que vivia na casa ao lado, e eu conseguia ouvir o som da TV dele quando o volume estava alto, por isso permanecia escondida, não ousava nem acender as luzes no sótão e normalmente só falava em voz baixa. Era inverno, na época, e o sótão estava muito frio, mas eu não ousava sair para o sol. Depois de muito tempo, comecei a me sentir muito deprimida, e me perguntava: “Quando serei capaz de parar de viver assim? Quando posso me reunir com a minha família e sair com os meus irmãos para cumprir o meu dever?”. Na época, eu orava muito a Deus, pedindo que Ele me guiasse e esclarecesse para que eu pudesse entender a Sua vontade e saber como passar por esse ambiente.
Mais tarde, li uma passagem das palavras de Deus: “Talvez todos vocês se lembrem destas palavras: ‘Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória’. Vocês todos ouviram essas palavras antes, mas nenhum de vocês entendeu o seu sentido real. Hoje, vocês estão profundamente conscientes de seu verdadeiro significado. Essas palavras serão cumpridas por Deus durante os últimos dias, e elas serão cumpridas naqueles que foram brutalmente perseguidos pelo grande dragão vermelho na terra na qual ele repousa enrolado. O grande dragão vermelho persegue a Deus e é inimigo Dele, e assim, nesta terra, aqueles que creem em Deus são assim sujeitos à humilhação e à opressão, e essas palavras são cumpridas em vocês, este grupo de pessoas, como resultado. Por ter sido iniciada em uma terra que se opõe a Deus, toda a obra de Deus enfrenta obstáculos tremendos, e o cumprimento de muitas de Suas palavras leva tempo; assim, as pessoas são refinadas como resultado das palavras de Deus, o que também é parte do sofrimento. É tremendamente difícil para Deus realizar a Sua obra na terra do grande dragão vermelho — mas é por meio dessa dificuldade que Deus realiza um estágio da Sua obra, tornando manifestas Sua sabedoria e Seus feitos maravilhosos, e usando esta oportunidade para completar este grupo de pessoas” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A obra de Deus é tão simples quanto o homem imagina?”). A palavra de Deus me mostrou que, quando se crê em Deus no país governado pelo Partido Comunista Chinês, a perseguição é inevitável, mas Deus usa esse ambiente para aperfeiçoar a fé das pessoas. Lembrei-me de que, quando não estava nesse tipo de ambiente, eu achava que era capaz de suportar adversidade e tinha fé em Deus, mas quando fui caçada a ponto de ficar sem casa, de me esconder e perder totalmente a minha liberdade e realmente tive que sofrer, eu abriguei queixas no meu coração e tudo que eu queria era escapar. Foi apenas por meio daquilo que os fatos revelaram que eu percebi que não tinha fé verdadeira em Deus, nem obediência, e que a minha estatura era muito baixa. Além disso, pensei em como, durantes aqueles poucos meses, o Partido Comunista Chinês revistou casas e prendeu pessoas, confiscou dinheiro da igreja e levou muitos irmãos a fugir do lar, virando sua vida de cabeça para baixo e deixando-os sem lugar para viver. O Partido Comunista Chinês cometeu maldades demais, prendeu e perseguiu pessoas. O objetivo dele não era fazer com que as pessoas se afastassem de Deus e levá-las a trair a Deus? Se eu ficasse fraca, recuasse ou até me queixasse nesse tipo de ambiente, eu cairia nos truques de Satanás e perderia todo o meu testemunho. Quando percebi isso, minha dor e meu tormento no coração diminuíram. Eu pensei: “Não importa quanto tempo eu tenha que ficar aqui ou quanto tenha que sofrer, eu quero me submeter aos arranjos de Deus”.
Depois de alguns meses, parecia que as investigações tinham ficado menos intensas, então fui para outra cidade cumprir o meu dever. Por motivo de segurança, cortei o cabelo, passei a usar chapéu, máscara e óculos quando saía para as reuniões. Eu escolhia ruas estreitas e rotas tortuosas, fazendo de tudo para evitar chamar atenção. Eu achava que, contanto que fosse cautelosa, eu ainda poderia cumprir o meu dever. Fiquei surpresa quando, uma noite, alguns meses depois, meu líder me procurou às pressas e disse: “A polícia postou suas informações na internet. Estão procurando você. Um aviso de ‘Procura-se’ foi enviado aos celulares dos residentes da área central da nossa cidade e de vários distritos vizinhos, instruindo-os a denunciá-la caso virem você. A polícia descobriu que seu tio pregou o evangelho para você, e já prendeu seu tio e sua tia. Por motivo de segurança, você não pode mais sair para cumprir o seu dever”. Mais tarde, eu soube que a polícia encontrou meu avô de oitenta anos de idade e o interrogou sobre o meu paradeiro. Eles fecharam o centro de fisioterapia do meu tio, também. Além disso, a polícia estava procurando minha mãe e minha irmã, por isso elas não podiam voltar para casa, também. Quando ouvi essas notícias, fiquei com muita raiva. Minha crença em Deus era certa e correta. Por que o Partido Comunista oprimia tão cruelmente as pessoas que acreditavam em Deus? Por que não havia justiça e liberdade de crença na China? Originalmente, eu tinha pensado em voltar em segredo e ver a minha família, mas eu não esperava figurar na lista dos mais procurados ou que ameaçariam e intimidariam a minha família. Embora tivesse um lar, eu não podia voltar, e a minha família tinha sido implicada e presa. Percebi que, agora, eu era uma criminosa procurada e me perguntei o que os meus amigos e a minha família diriam sobre mim. Eles pensariam que eu tinha feito algo ruim? Como eu os encararia no futuro? Enquanto pensava sobre isso, não consegui impedir que meus olhos enchessem de lágrimas. Quanto mais refletia sobre isso, pior eu me sentia. Achei que era difícil demais acreditar em Deus na China. Sofrendo, orei a Deus: “Deus, não sei como passar por isto. Por favor, dá-me fé e força e guia-me para entender a Tua vontade”. Depois que orei, lembrei-me do hino da palavra de Deus “A vida mais significativa”, que diz: “Você é um ser criado — você deveria, é claro, adorar a Deus e buscar uma vida com significado. Já que você é um ser humano, você deveria se despender por Deus e aguentar todo sofrimento! Você deveria aceitar o pequeno sofrimento a que é submetido hoje com alegria e certeza e viver uma vida significativa, como Jó e Pedro. Vocês são pessoas que buscam o caminho correto, aquelas que buscam melhoria. Vocês são as pessoas que se levantam na nação do grande dragão vermelho, aqueles a quem Deus chama de justos. Não é essa a vida mais significativa?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Prática (2)”). Ao ouvi-lo, chorei de emoção. É certo e correto que os seres criados acreditem e adorem a Deus, e Deus aprova isso. Lembrei-me de Jó, que temia a Deus e evitava o mal. Embora tivesse perdido os filhos, seus bens, tivesse ficado coberto de chagas e sido julgado e entendido errado por sua esposa e amigos, ele ainda manteve a fé em Deus, louvou a Deus em seu sofrimento, permaneceu firme no testemunho de Deus e humilhou Satanás. Houve também Pedro, que buscou conhecer e amar Deus durante toda a vida. Ele experimentou centenas de provações e refinamentos, suportou grande dor e finalmente foi crucificado de cabeça para baixo em prol de Deus, criando assim um testemunho lindo e retumbante. Como ser criado, é tão significativo ser capaz de permanecer firme no testemunho de Deus e ganhar a aprovação do Criador! Na época, eu era procurada e perseguida pelo Partido Comunista por causa da minha crença em Deus. Mesmo que meus parentes e amigos me entendessem errado e me abandonassem, isso não era motivo de vergonha, pois eu estava seguindo a senda certa na vida e fazendo a coisa mais justa. Enquanto contemplava isso, a dor diminuiu e, em vez disso, senti orgulho de mim mesma por ser capaz de sofrer dessa maneira.
Um dia, em janeiro de 2016, uma irmã me entregou um baralho. Eu o peguei e vi que ele tinha a minha foto e a minha identidade estampadas nele. Meu nome, meu número de identidade e o endereço da minha residência estavam todos ali, e foi escrito que eu era uma fugitiva procurada pela Secretaria de Segurança Pública como “criminosa suspeita de organizar e usar uma organização de culto para minar a aplicação da lei”. O número do telefone de denúncia também estava impresso na carta, juntamente com a declaração de que os informantes seriam recompensados. A irmã disse que a polícia estava distribuindo baralhos contendo fotos e informações minhas e de três outras irmãs responsáveis pelo trabalho da igreja, junto das de assassinos e assaltantes. Mais tarde, meus irmãos me contaram que viram um aviso de “Procura-se” nas grandes telas da estação ferroviária e no quadro de notícias na entrada da Secretaria de Segurança Pública. Ouvir tudo isso me deixou perplexa. Eu quis perguntar: “Que lei eu violei? O que eu fiz que violou a lei? Por que estão usando meios tão inescrupulosos para me caçar e capturar?”. Não pude evitar me lembrar de uma passagem das palavras de Deus: “Durante milhares de anos, esta tem sido a terra da imundice, é insuportavelmente suja, a miséria abunda, fantasmas correm desenfreados por toda parte, enganando e iludindo, fazendo acusações infundadas, sendo impiedosos e viciosos, pisoteando essa cidade fantasma e a deixando coberta de cadáveres; o fedor da decadência cobre a terra e permeia o ar, e é fortemente vigiada. Quem é capaz de enxergar o mundo além dos céus? O diabo entrelaça firmemente todo o corpo do homem, venda seus olhos e sela seus lábios com firmeza. O rei dos demônios tem causado alvoroço por vários milhares de anos até o dia de hoje, quando ainda mantém forte vigilância sobre a cidade fantasma, como se fosse um palácio de demônios impenetrável; enquanto isso, essa matilha de cães de guarda observa com olhos ferozes, com um profundo medo de que Deus os pegue desprevenidos e os extermine, deixando-os sem um lugar de paz e felicidade. Como as pessoas de uma cidade fantasma tal como essa puderam um dia ter visto Deus? Alguma vez já desfrutaram do carinho e da amabilidade de Deus? Que apreciação têm elas das questões do mundo humano? Quem entre elas é capaz de compreender a vontade ávida de Deus? Portanto, não é de surpreender que Deus encarnado continue completamente escondido: em uma sociedade obscura como esta, onde os demônios são impiedosos e desumanos, como o rei dos demônios, que mata pessoas sem piscar um olho, poderia tolerar a existência de um Deus que é amável, bondoso e também santo? Como poderia aplaudir e comemorar a chegada de Deus? Lacaios! Retribuem bondade com ódio, há muito começaram a tratar Deus como inimigo, abusam de Deus, são selvagens ao extremo, não têm a menor consideração por Deus, saqueiam e pilham, perderam toda a consciência, contrariam toda consciência e tentam os inocentes à insensatez. Ancestrais dos antigos? Líderes adorados? Todos eles se opõem a Deus! Sua interferência deixou tudo que está debaixo do céu em estado de escuridão e caos! Liberdade religiosa? Direitos e interesses legítimos dos cidadãos? São todos truques para encobrir o pecado!” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Obra e entrada (8)”). As palavras de Deus revelaram a natureza verdadeira do grande dragão vermelho. O Partido Comunista Chinês é um inimigo de Deus, um diabo que resiste e odeia a Deus, e o lugar que ele governa é o covil de Satanás, o diabo. Ele simplesmente se recusa a permitir que Deus exista, e permite menos ainda que as pessoas acreditem no Deus verdadeiro e sigam a senda certa. É por isso que ele define o cristianismo como “culto” e a Bíblia como “literatura cultual”, e prende cristãos tão arbitrariamente. A fim de banir a obra de Deus dos últimos dias, ele inventa todo tipo de rumor e cria casos criminais falsos para incriminar e difamar a Igreja de Deus Todo-Poderoso, ele persegue e ordena a prisão dos crentes em Deus como se fossem os piores dos criminosos, e ele engana e incita aqueles que não conhecem os fatos a odiar os crentes e a resistir a Deus juntamente com ele. O Partido Comunista realmente conta todas as mentiras possíveis e faz muitas coisas malignas inimagináveis! Reconhecer isso fortaleceu a minha determinação de renunciar ao grande dragão vermelho e de seguir Deus até o fim! Mais tarde, eu soube, através do meu líder, que duas irmãs estampadas juntamente comigo nas cartas de baralho haviam sido presas e condenadas a quatro anos de prisão.
Quatro meses depois, a polícia ofereceu mais dez mil yuans pela minha prisão. Uma irmã na minha cidade natal me enviou uma carta e me contou que o secretário do Partido no vilarejo estava espalhando rumores de que, por acreditar em Deus, eu não queria mais ver meus familiares e parentes, e que eu estava agindo contra o governo. Com o passar do tempo, os rumores se tornaram cada vez mais ultrajantes, e alguns começaram a dizer que eu tinha enlouquecido ou que estava vendendo drogas. Quando as pessoas nos vilarejos próximos ouviram esses rumores, todos eles me difamaram e caluniaram. Meu irmão caçula não conseguiu suportar esses rumores e ficou tão preocupado comigo que ficou chorando, e quis vir me encontrar. Quando soube disso, eu não consegui me acalmar nem parar de chorar. Eu queria ficar de frente para os meus parentes e amigos e explicar que eu acreditava no Deus verdadeiro, que seguia a senda certa e não tinha feito nada de ilegal. Queria voar diretamente até o meu irmão, confortá-lo e dizer que ele não precisava se preocupar comigo. Mas se voltasse desse jeito, eu certamente seria presa pela polícia, e, além disso, colocaria em perigo os irmãos e irmãs com os quais eu tinha contato. Ansiosa, fiquei andando pelo quarto. Quanto mais refletia sobre essas coisas, menos eu conseguia ficar parada. Finalmente, decidi correr o risco e liguei para o meu irmão.
Eu sabia que o celular do meu irmão provavelmente estava sendo grampeado pela polícia, mas tudo que eu queria fazer era falar com ele, por isso não me preocupei com tais detalhes. Eu me disfarcei e fui de bicicleta até um lugar a dezenas de quilômetros de distância para ligar para ele, mas, para a minha surpresa, a ligação não completou. Eu não estava disposta a desistir, então tentei de novo, mas o resultado foi o mesmo. De repente, tive uma percepção vaga de que aquilo devia ser uma intervenção de Deus. Se o celular do meu irmão estivesse sendo monitorado, tanto ele quanto eu estaríamos em perigo. Com isso em mente, orei a Deus: “Deus! Quase caí num dos truques de Satanás hoje. Se Tu não tivesses me impedido a tempo, eu provavelmente teria estado em perigo. Deus, Tu conheces as minhas fraquezas. Por favor, guia-me e orienta-me, e dá-me fé e força…”. Quando voltei para a casa do meu anfitrião para os devocionais espirituais, li uma passagem das palavras de Deus: “Aqueles a quem Deus Se refere como ‘vencedores’ são os que ainda são capazes de ser testemunha e manter sua confiança e devoção a Deus quando estiverem sob a influência de Satanás e enquanto estiverem sendo sitiados por Satanás, isto é, quando se encontrarem em meio às forças das trevas. Se você ainda for capaz de guardar um coração puro perante Deus e manter o seu amor genuíno a Deus, não importa o quê, então você está sendo testemunha diante de Deus, é isso a que Deus Se refere como sendo um ‘vencedor’” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Você deveria manter sua devoção a Deus”). A palavra de Deus me mostrou que Deus forma um grupo de vencedores nos últimos dias. Não importa quanta dor ou refinamento enfrentem nem como as forças de Satanás os perturbem e ataquem, eles são capazes de manter sua fé em Deus e seguir Deus até o fim. Então refleti sobre como, quando eu fui caluniada e difamada, eu me tornei negativa e fraca porque temia que a minha reputação fosse arruinada. Também temia que meu irmão caçula não entenderia, então, para dar-lhe paz de espírito, ignorei a segurança dos meus irmãos e irmãs. Eu vi que eu não tinha fé nem lealdade a Deus. Eu não estava perdendo o meu testemunho ao fazer isso? O grande dragão vermelho estava me caçando como se eu fosse uma criminosa, incitando todos a me atacar e caluniar e levando meus parentes a me entender errado. Ele estava fazendo essas coisas exatamente porque queria que eu ficasse negativa e fraca, e fazer com que eu traísse a Deus. Eu não podia permitir que os truques desonestos do grande dragão vermelho fossem bem-sucedidos. Quando percebi isso, eu decidi: sitiada por Satanás, eu ficaria firme no testemunho para satisfazer a Deus e humilharia o grande dragão vermelho!
A doença também foi um problema que me torturou durante meus dias de fuga. Eu passei por uma ressecção do pulmão esquerdo aos quinze anos de idade, e meu pulmão direito também não estava muito bom. Na época, o médico me instruiu a respirar mais ar fresco e a fazer exercício para aumentar a capacidade dos meus pulmões. Mas por ser procurada pela polícia, eu fui obrigada a me esconder dentro de casa por muito tempo. Eu não podia sair para respirar ar fresco. Não podia nem ficar na sacada para fazer exercício. Eu precisava ser muito cautelosa quando, de vez em quando, abria a janela para respirar um pouco de ar fresco, pois, se fosse descoberta pelos vizinhos, eu colocaria em perigo não só a mim mesma, mas também os irmãos e irmãs que me acolhiam. Depois de ficar nesse tipo de ambiente por muito tempo, meu estado físico começou a deteriorar. O ar não circulava no quarto, então foi ficando cada vez mais difícil de respirar, meu peito congestionou, e, após um tempo, meu pulmão começou a doer, e eu passei a tossir. Quando eu me ajoelhava e orava, eu sentia como se estivesse prestes a sair líquido da minha boca. Quando dormia de lado, eu conseguia sentir o movimento do líquido no meu pulmão. Mais tarde, quando isso piorou ainda mais, comecei a tossir sangue. Meus irmãos e irmãs me aconselharam a ir para o hospital, mas para ir para o hospital e ver um médico, eu teria que me registrar com a minha identidade. Eu era uma fugitiva, então, se algo acontecesse, não somente eu seria presa, como os irmãos e irmãs que tinham cuidado de mim também seriam implicados, por isso não ousei ir para o hospital. Alguns irmãos me trouxeram remédios chineses tradicionais, mas meu estado não melhorou quando os tomei. Eu continuei tossindo sangue. Não conseguia comer, e meu corpo foi ficando cada vez mais fraco. Fiquei com um pouco de medo, pois se eu continuasse sem tratar a minha condição e ela piorasse, em algum momento, eu não pararia de respirar e sufocaria? Isso não significaria que a minha esperança de ser salva e de ter um lindo destino estava arruinada? Aqueles anos de renúncia, de despender-me e de trabalho duro na minha crença em Deus não teriam sido em vão? Eu não queria morrer. Quando vi que o meu estado estava piorando a cada dia e que eu estava tossindo sangue, eu chorei e me senti péssima.
Mais tarde, procurei partes da palavra de Deus que se aplicavam ao meu estado e deparei com esta passagem: “Jó não falava de barganhas com Deus e não fazia pedidos ou exigências a Deus. Seu louvor ao nome de Deus era por causa do grande poder e autoridade de Deus em governar todas as coisas, e não dependia de se ele recebesse bênçãos ou fosse atingido por um desastre. Ele acreditava que, independentemente de Deus abençoar as pessoas ou trazer desastre sobre elas, o poder e a autoridade de Deus não mudarão e, portanto, independentemente das circunstâncias de uma pessoa, o nome de Deus deve ser louvado. O fato de o homem ser abençoado por Deus é por causa da soberania de Deus, e quando o desastre acontece ao homem, também é por causa da soberania de Deus. O poder e a autoridade de Deus governam e arranjam tudo concernente ao homem; os caprichos da sorte do homem são a manifestação do poder e autoridade de Deus e, independentemente do ponto de vista da pessoa, o nome de Deus deve ser louvado. Foi isso que Jó experimentou e conheceu durante os anos de sua vida. Todos os pensamentos e ações de Jó alcançaram os ouvidos de Deus e chegaram diante de Deus e foram vistos como importantes por Deus. Deus apreciou esse conhecimento de Jó e valorizou Jó por ter tal coração. Esse coração aguardava a ordem de Deus sempre, e em todos os lugares e, não importava a hora ou o lugar, recebia de bom grado o que quer que acontecesse com ele. Jó não fez exigências a Deus. O que ele exigia de si mesmo era esperar, aceitar, encarar e obedecer a todos os arranjos que vieram de Deus; Jó acreditava que esse era seu dever, e era exatamente o que era desejado por Deus” (A Palavra, vol. 2: Sobre conhecer a Deus, “A obra de Deus, o caráter de Deus e o Próprio Deus II”). Depois de ler as palavras de Deus, entendi um pouco da vontade de Deus. Minha doença estava piorando com a permissão de Deus. Era o teste de Deus para ver se eu tinha fé e obediência verdadeiras. Mas quando eu estava com dor, eu só pensava na minha vida, na morte e no meu destino final. Eu temia perder minha salvação se morresse. Eu vi que eu acreditava em Deus puramente para ganhar bênçãos, que eu estava tentando fazer negócios com Deus, que eu carecia da consciência e da razão que um ser criado devia possuir, e que eu não tinha obediência a Deus. Pensei em Jó. Não importava se Deus lhe dava grandes riquezas ou permitia que Satanás o privasse de tudo, ele louvava o nome de Deus e acreditava que, dando ou tomando, Deus é justo. A crença de Jó em Deus não foi adulterada por motivos pessoais, ele não considerava seus interesses, ganhos, perdas, e não importava o que Deus fizesse, ele conseguia permanecer na posição de um ser criado e simplesmente obedecer a Deus. Ele via a obediência a Deus como mais importante do que a própria vida. A humanidade, a consciência e a razão de Jó me deixaram muito envergonhada. Em toda a minha crença em Deus até aquele momento, eu estivera tentando fazer acordos com Deus e ainda era muito rebelde e corrupta. Mesmo se eu morresse em decorrência da doença, seria pela justiça de Deus. Quando reconheci isso, eu soube como deveria enfrentar a doença e a morte, então pensei comigo: “Não importa como a minha doença se desenvolva, eu me confiarei às mãos de Deus e me submeterei aos arranjos de Deus”.
Numa manhã de novembro de 2016, justamente quando quis me levantar, meu pulmão começou a doer. Levei uns dez minutos e precisei reunir todas as forças para me levantar e recostar na cabeceira. Nesse momento, o vento gélido entrou pela janela, e eu fiquei realmente desesperada. Eu não conseguia parar de chorar. Depois de um tempo, fiquei sem ar, minha pulsação aumentou, todo o meu corpo ficou tenso, eu lutei para inalar e exalar, e senti desconforto no corpo inteiro. Era como se eu fosse sufocar a qualquer momento, e achei que, dessa vez, eu não sobreviveria. Quando as minhas irmãs me viram nesse estado, elas ficaram tão angustiadas que não souberam o que fazer, então ligaram para uma irmã que tinha uma clínica. Ela correu fazer uma infusão intravenosa, mas mesmo após colocar a agulha, a infusão não queria entrar, pois meu fluxo de sangue tinha quase parado. Sem esperanças, ela foi até a porta do quarto, balançou a cabeça e disse: “Não há nada que possamos fazer”. Algumas irmãs viraram o rosto e enxugaram as lágrimas. Eu sabia que estava prestes a morrer e fiquei um pouco assustada. Eu temia que, se morresse, eu não veria a realização do reino. Nesse momento, as palavras de Jó ficavam voltando à minha mente: “Jeová deu, e Jeová tirou; bendito seja o nome de Jeová” (Jó 1:21). Também me lembrei da passagem da palavra de Deus que eu tinha lido antes: “Quando encarar sofrimentos, você deve ser capaz de deixar de lado qualquer preocupação com a carne e de não fazer reclamações contra Deus. Quando Deus Se esconde de você, você deve ser capaz de ter a fé para segui-Lo e de manter seu antigo amor sem permitir que fraqueje ou se dissipe. Não importa o que Deus faça, você deve se submeter ao Seu desígnio e estar preparado para amaldiçoar a própria carne em vez de fazer reclamações contra Ele. Quando encarar provações, você deve satisfazer a Deus, embora você possa chorar amargamente ou se sentir relutante em se separar de algum objeto amado. Somente isso é amor e fé verdadeiros” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Aqueles que hão de ser aperfeiçoados devem passar pelo refinamento”). As palavras de Deus me inspiraram. No passado, eu temia a morte, por isso não obedecia nem um pouco a Deus, mas dessa vez eu não podia mais me rebelar contra Deus. Mesmo se morresse, eu não teria queixas. Sou um ser criado, portanto devo obedecer a Deus. E mais, eu tive a sorte de aceitar o evangelho de Deus dos últimos dias e de ouvir verdades que os santos de eras passadas nunca ouviram. Isso já era a graça, o favor de Deus para mim. Mesmo que estivesse encarando a morte, eu deveria dar graças a Deus! Então, com dificuldade, consegui dizer duas palavras — papel, lápis. As irmãs trouxeram o material às pressas, eu me apoiei nas irmãs e usei toda a minha força para escrever no caderno: “Deus é eternamente justo! Ele é sempre digno do nosso louvor!”. No momento em que parei de escrever e larguei a caneta, minha visão escureceu.
As irmãs choraram e seguraram a minha mão, encorajando-me a confiar em Deus e a perseverar, mas confrontada com os fatos diante de mim, eu senti que não conseguia continuar mais, que era impossível viver. Era como se o meu coração estivesse descendo para o fundo do oceano, e os sons à minha volta foram diminuindo. Mas justo quando achava que não havia esperança, uma passagem das palavras de Deus apareceu com clareza na minha mente: “A fé das pessoas é exigida quando algo não pode ser visto a olho nu, e sua fé é exigida quando você não consegue abrir mão de suas próprias noções. Quando você não tem clareza a respeito da obra de Deus, o que é exigido de você é ter fé e assumir uma posição firme e dar testemunho. Quando Jó chegou a esse ponto, Deus lhe apareceu e falou com ele. Quer dizer, é somente de dentro de sua fé que você será capaz de ver Deus e, quando você tiver fé, Deus o aperfeiçoará. Sem fé, Ele não pode fazer isso” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Aqueles que hão de ser aperfeiçoados devem passar pelo refinamento”). O esclarecimento da palavra de Deus me deu grande conforto e encorajamento. Minha vida vem de Deus, e se eu viveria ou morreria nesse dia estava nas mãos de Deus. Sem a permissão de Deus, nem as forças malignas de Satanás nem a doença conseguiriam tirar a minha vida. Enquanto tivesse um único sopro dentro de mim, eu não podia desistir, e não devia perder a esperança em Deus. Eu orei a Deus: “Deus! Embora eu enfrente a morte hoje, senti profundamente que Tu estás sempre do meu lado. Deus, desejo confiar-me totalmente a Ti e entregar minha vida e minha morte inteiramente a Ti! Acredito que, não importa o que faças, Tu és justo. Vim para diante de Ti nesta vida e ganhei algum conhecimento de Ti, então, mesmo que eu morra, não terei queixas nem arrependimentos. Se eu não morrer hoje, se eu puder continuar vivendo, deste dia em diante, quero buscar a verdade, cumprir bem o meu dever e retribuir o Teu grande amor”. Na época, uma irmã tocou o hino “Puro amor sem mancha”: “O ‘amor’ se refere a um afeto que é puro e sem máculas, em que você usa o coração para amar, sentir e ser atencioso. No amor, não há condições, nem barreiras, nem distância. No amor não há desconfiança, nem engano, nem esperteza. No amor não há negociações nem nada impuro. Se você ama, então vai, de bom grado, se dedicar, e de bom grado sofrerá dificuldades, e será compatível Comigo […]” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”). Depois de ouvir essa letra, tive uma sensação enorme de autocensura. Após acreditar em Deus por tanto tempo, eu não tinha colocado em prática nenhuma palavra de Deus, muito menos amado a Deus de verdade. Na época, se vivesse ou morresse, eu só queria buscar obediência a Deus. Enquanto eu contemplava as palavras de Deus, um milagre aconteceu. Sem que eu o notasse, minha respiração aliviou aos poucos, minhas inspirações diminuíram o ritmo e meu coração se acalmou bastante. Quando as irmãs viram que eu tinha me recuperado, elas agradeceram a Deus com entusiasmo, e eu vi os feitos milagrosos de Deus. Embora conseguisse respirar normalmente agora, meu corpo já estava gravemente esgotado, então as minhas irmãs me aconselharam a me internar. Uma delas me deu a identidade dela, mas eu não queria implicá-la. Ela segurou a minha mão e disse: “Vamos orar a Deus juntas. O que importa agora é que você vá para o hospital. Ore a Deus por perseverança, e tudo ficará bem”. Fiquei tão comovida que não soube o que dizer nem tive forças para dizer. Só consegui acenar com a cabeça, sabendo que tudo aquilo era pelo amor de Deus. Ao chegar ao hospital, embora o médico tivesse dúvidas com relação à minha carteira de identidade, eles não investigaram a fundo a minha identidade verdadeira, e o tratamento transcorreu relativamente sem dificuldades. Meu estado melhorou aos poucos, e eu recebi alta mais ou menos uma semana depois.
Depois de receber alta, eu voltei à minha vida de fugitiva. Visto que os irmãos à minha volta eram presos com frequência, muitas vezes eu era obrigada a me mudar para um novo lugar com urgência, o que se tornou um suplício terrível para mim. Eu era obrigada a usar uma máscara quando mudava de casa para não ser captada pelas câmeras, mas ela dificultava a respiração. Uma vez, quando estava correndo pela estrada com a máscara, eu não consegui respirar. Foi muito difícil entrar no ônibus, e quando entrei, havia tantas pessoas lá dentro e o ar estava tão abafado que eu precisei tomar goles de ar. Meu peito estava dolorosamente apertado, e meus olhos estavam arregalados. Achei que, se não saísse do ônibus, eu morreria dentro dele. Orei e clamei a Deus constantemente em meu coração, e, depois de um tempo, pude respirar com mais facilidade. Depois de ser transferida tantas vezes, eu me sentia fraca e temia que meu corpo não aguentaria, e que, se continuasse, esse tormento me mataria. Mais tarde, vi uma passagem das palavras de Deus: “Fé e amor máximos são exigidos de nós neste estágio da obra. Podemos tropeçar ao menor descuido, pois este estágio da obra é diferente de todos os anteriores: o que Deus está aperfeiçoando é a fé da humanidade, que é invisível e intangível. O que Deus faz é converter palavras em fé, em amor e vida. As pessoas devem chegar a um ponto em que tenham suportado centenas de refinamentos e tenham fé maior que a de Jó. Elas devem suportar um sofrimento incrível e todos os tipos de tortura sem jamais abandonar a Deus. Quando são obedientes até a morte e têm grande fé em Deus, então este estágio da obra de Deus está completo” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A senda… (8)”). É verdade, a senda de seguir a Deus é inerentemente acidentada e difícil. A perseguição do Partido Comunista aos cristãos nunca abrandou. Se acreditamos em Deus, enfrentamos o perigo de ser presos, torturados e até mortos a qualquer momento, mas Deus usa tais ambientes para aperfeiçoar a nossa fé. Eu sabia que, como alguém que acredita em Deus e O segue, eu devia enfrentar essas perseguições e tribulações. Quando eu pensava nisso, minha fé se renovava.
Lembrando-me dos meus anos de crença em Deus, vejo que o Partido Comunista Chinês usou vários meios para, passo a passo, me empurrar para dentro de um beco sem saída, mas as palavras de Deus sempre me guiaram e esclareceram. Agora, tenho certo discernimento da essência demoníaca do Partido Comunista e ganhei algum entendimento da adulteração da minha busca de bênçãos na minha fé, e aprendi a ser sensata diante de Deus. Vi também os feitos milagrosos de Deus. Quando estava à beira da morte, Deus me guiou a sobreviver com tenacidade, e a minha fé em Deus ficou mais forte. Tudo isso são ganhos que eu nunca teria obtido num ambiente confortável. Decidi que, por mais que o Partido Comunista me persiga ou por mais difíceis que as coisas se tornem, eu seguirei a Deus, cumprirei corretamente o meu dever e retribuirei o amor de Deus.