75. Um suplício de doença
Deus Todo-Poderoso diz: “Meus feitos são maiores em número que os grãos de areia nas praias e Minha sabedoria supera a de todos os filhos de Salomão, mas as pessoas simplesmente pensam em Mim como um médico de pouca importância e um professor desconhecido do homem. Quantos creem em Mim apenas para que Eu possa curá-los. Quantos creem em Mim apenas para que Eu possa usar Meus poderes para expulsar espíritos impuros de seu corpo e quantos creem em Mim simplesmente para que possam receber paz e alegria de Mim. Quantos creem em Mim apenas para exigir de Mim maior riqueza material. Quantos creem em Mim apenas para passar esta vida em paz e estar sãos e salvos no mundo por vir. Quantos creem em Mim para evitar o sofrimento do inferno e receber as bênçãos do céu. Quantos creem em Mim apenas em busca de conforto temporário, mas não buscam ganhar nada no mundo por vir. Quando Eu fiz descer Minha fúria sobre o homem e tomei toda a alegria e paz que ele outrora possuía, o homem se tornou duvidoso. Quando Eu dei ao homem o sofrimento do inferno e recuperei as bênçãos do céu, a vergonha do homem se transformou em raiva. Quando o homem Me pediu para curá-lo, Eu não lhe dei atenção e senti repulsa por ele; o homem apartou-se de Mim para buscar, ao contrário, a senda do curandeirismo e da feitiçaria. Quando Eu tirei tudo que o homem tinha exigido de Mim, todos desapareceram sem deixar vestígios. Assim, Eu digo que o homem tem fé em Mim porque Eu concedo graça demais e há muitíssimo mais a ganhar” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “O que você sabe sobre a fé?”). Quando lia isso antes, eu só dizia que tudo que Deus diz aqui é fato, mas nunca entendi de verdade. Eu pensava que, já que eu acreditava em Deus há anos, tinha desistido de meu emprego, me despendido e sofrido pelo meu dever, eu não culparia nem trairia a Deus diante de sofrimento e problemas de saúde. Mas quando passei pelo suplício de uma doença grave, eu entendi Deus de forma errada e O culpei. Minha motivação de ser abençoada e negociar com Deus foi exposta à luz do dia. Só então me convenci das palavras de Deus, que expõem as pessoas, e minha opinião sobre a busca em minha fé passou por uma mudança.
Num dia de julho de 2018, senti um caroço pequeno e duro no seio esquerdo. Não dei muita importância, acreditando que algum anti-inflamatório daria conta. Mas ao longo de dois meses, aquilo só foi piorando. Eu suava de noite e não tinha energia, e a região em volta do caroço doía bastante. Comecei a me perguntar se algo estava errado, mas, novamente, me convenci de que não era nada sério. Eu tinha fé em Deus e estava ocupada na igreja cumprindo meu dever. Acreditava que Deus me protegeria. Certa noite, uma dor aguda me acordou. Um líquido amarelo escorria do meu seio, e eu sabia que algo estava errado. Meu marido e eu corremos para o hospital para fazer exames. Os resultados mostraram que eu estava com câncer de mama. Meu coração parou quando ouvi o diagnóstico. “Câncer de mama?”, pensei. “Só tenho pouco mais de 30 anos! Como é possível?” Fiquei dizendo a mim mesma: “Não. Isso não poderia acontecer comigo. Sou crente e tenho cumprido meu dever na igreja por anos. Deus cuidará de mim e me protegerá. O médico deve ter cometido algum erro”. Eu esperava tanto que não fosse verdade. Nem lembro como voltei do hospital naquele dia. Meu marido viu minha expressão atordoada e tentou me consolar: “É um hospital pequeno, e os médicos não são os melhores. Podem estar errados. Vamos fazer uma consulta num hospital grande”. Vi um raio de esperança quando ele disse isso. Infelizmente, a médica do hospital maior confirmou o diagnóstico: era câncer de mama. Disse também que estava em fase intermediária para avançada e que eu deveria fazer quimio e cirurgia, ou seria terminal. Deu um branco na minha mente e eu me desesperei. Pensei: “Quanto é que tudo isso custará? E se eu morrer durante a quimio? Como minha família lidará com as dívidas?”. Fiquei desesperada e me senti impotente.
Depois da primeira sessão de quimio, meu corpo ficou assolado pela dor. Eu não queria fazer nada e sempre me sentia grogue. Só me recuperei alguns dias depois, quando o efeito dos remédios passou. Eu acreditava em Deus há anos, fazia sacrifícios e me despendia pelo meu dever. Eu cumpria meu dever em todas as situações e nunca perdia uma reunião. Eu sempre ajudava meus irmãos e irmãs com seus problemas. Tinha trabalhado tanto, para quê? Por que Deus não me protegia? Agora eu não podia cumprir nenhum dever. Eu estava à beira da morte. Deus queria me eliminar? Eu tinha mais cinco sessões de quimio, depois uma cirurgia. Como eu daria conta? Além da dor e do sofrimento, se eu morresse, isso significaria que todos os meus anos de fé tinham sido em vão? Isso me fez chorar. Eu estava muito atormentada naqueles dias. Eu lia as palavras de Deus, mas não as absorvia, e não estava disposta a orar. Meu espírito estava sombrio e eu me afastava cada vez mais de Deus.
Um dia, a irmã Li, da igreja, veio me ver e quis saber como eu estava. Quando me viu em tamanha dor e tão desanimada, ela comunicou comigo. Ela disse: “Deus permite que doenças nos acometam. Devemos orar e buscar mais e Deus nos levará a entender Sua vontade…” Ouvir a comunhão dela tocou meu coração. Talvez Deus não quisesse me eliminar, mas que havia aqui apenas uma lição que Ele queria que eu aprendesse! Quando ela foi embora, fui para diante de Deus em oração: “Deus, tenho vivido em dor desde que adoeci, eu Te entendi errado e Te culpei. Por meio do lembrete de hoje da minha irmã, sei agora que Tua vontade está por trás dessa doença, mas ainda não sei qual é a lição que eu devo aprender nessa situação. Por favor, guia-me”.
Depois disso, eu ia para diante de Deus e orava a Ele assim, todos os dias. Certo dia, li estas palavras de Deus: “A entrada em provações o deixa sem amor e fé, você carece de oração, é incapaz de cantar hinos e, sem percebê-lo, no meio disso, você passa a conhecer a si mesmo. Deus tem muitos meios de aperfeiçoar o homem. Ele emprega todo tipo de ambientes para lidar com o caráter corrupto do homem e utiliza várias coisas para desnudar o homem; num aspecto, Ele lida com o homem, em outro, Ele o desnuda, e em outro Ele o revela, desenterrando e revelando os ‘mistérios’ das profundezas do coração do homem e mostrando ao homem a sua natureza ao revelar muitos de seus estados. Deus aperfeiçoa o homem através de muitos métodos — através de revelação, lidando com o homem, através do refinamento do homem e do castigo — para que o homem saiba que Deus é prático” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Somente os que se concentram na prática podem ser aperfeiçoados”). Quando refleti sobre as palavras de Deus, finalmente entendi a vontade Dele. Deus opera nos últimos dias para aperfeiçoar as pessoas expondo seus caracteres corruptos por meio de situações diferentes e usando o julgamento e as revelações das palavras Dele para que entendamos nossos caracteres satânicos, busquemos e pratiquemos a verdade e, ao final, para que purifiquemos e transformemos nossos caracteres corruptos. Entendi que Deus permitiu que eu adoecesse não porque Ele queria me eliminar ou me ferir de propósito, mas para me purificar e me transformar. Eu não podia mais me afundar nem entender Deus errado. Eu deveria submeter-me, buscar a verdade em minha doença e refletir e conhecer a mim mesma. Quando entendi a vontade de Deus, não me senti mais tão abatida. A dor diminuiu. Fiz uma oração de submissão a Deus.
E, quando terminei, lembrei-me de uma passagem das palavras de Deus: “Sua busca visa tão somente viver com conforto, que nenhum acidente sobrevenha sua família, que os ventos passem ao largo, que sua face não seja tocada pela areia […]” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “As experiências de Pedro: seu conhecimento de castigo e julgamento”). Fui procurá-la no meu livro das palavras de Deus e encontrei esta passagem: “Você espera que sua fé em Deus não envolva quaisquer desafios ou tribulações nem a menor dificuldade. Você sempre busca coisas sem valor e não dá valor à vida; em vez disso, coloca seus pensamentos extravagantes acima da verdade. Você é tão inútil! Você vive como um porco — que diferença há entre você, porcos e cães? Os que não buscam a verdade e, em vez disso, amam a carne não são todos bestas? Os mortos sem espírito não são todos cadáveres ambulantes? Quantas palavras foram ditas no meio de vocês? Apenas uma pequena obra foi feita no meio de vocês? Quantas coisas Eu providenciei entre vocês? Então, por que você não as ganhou? Do que você pode se queixar? Não é o caso que você não ganhou nada porque está amando demais a carne? E não será porque seus pensamentos são exorbitantes? Não será porque você é estúpido demais? Se você é incapaz de ganhar essas bênçãos, você pode culpar Deus por não salvá-lo? O que você busca é ser capaz de ter paz depois de crer em Deus, que suas crianças estejam livres de doenças, que seu marido tenha um bom emprego, que seu filho encontre uma boa esposa, que sua filha encontre um marido decente, que seus bois e cavalos arem bem o solo, que tenha um ano de clima bom para suas colheitas. É isso que você busca. Sua busca visa tão somente viver com conforto, que nenhum acidente sobrevenha sua família, que os ventos passem ao largo, que sua face não seja tocada pela areia, que as colheitas de sua família não sejam inundadas, que você não seja atingido por nenhum desastre, em suma, você busca viver no abraço de Deus, viver em um ninho aconchegante. Um covarde como você que sempre busca a carne — você tem um coração, tem um espírito? Você não é uma besta? Eu lhe dou o caminho verdadeiro sem pedir nada em troca, mas você não busca. Você é mesmo alguém que crê em Deus? Eu lhe concedo vida humana real, mas você não busca. No que você se diferencia de um porco ou de um cão? Porcos não buscam a vida do homem, não buscam ser purificados e não entendem o que é vida. Todo dia, depois de comer sua porção, eles simplesmente dormem. Dei a você o caminho verdadeiro, mas você não o ganhou: você está de mãos vazias. Você está disposto a continuar nessa vida, na vida de um porco? Qual é o significado de tais pessoas estarem vivas? Sua vida é desprezível e ignóbil, você vive no meio da imundície e licenciosidade e não busca nenhum objetivo; acaso sua vida não é a mais ignóbil de todas? Você se atreveria a levantar os olhos para Deus? Se você continuar a experimentar desse modo, o que adquirirá além de nada? O caminho verdadeiro foi dado a você, mas ganhá-lo ou não depende, em última análise, da sua busca pessoal” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “As experiências de Pedro: seu conhecimento de castigo e julgamento”). As palavras de Deus expuseram meu desejo de ser abençoada na fé. Lembrei-me dos meus anos de fé. Quando as coisas iam bem em casa, eu era saudável e tudo estava ótimo, eu me empenhava ativamente em meu dever e parecia ter uma energia sem fim. Mas quando tive câncer, tornei-me negativa e entendi Deus de forma errada e O culpei por não me proteger. Usei o trabalho que eu tinha feito como capital e discuti com Deus. Até me arrependi dos meus anos de sacrifício. Vivia num estado de evitar e trair a Deus. Só quando fui exposta por meio da minha doença que vi que não estive cumprindo meu dever e fazendo sacrifícios para buscar a verdade ou cumprir o dever de um ser criado, mas que fazia essas coisas para receber paz e bênçãos. Eu estivera negociando com Deus para ser abençoada em troca dos sacrifícios que eu tinha feito. Eu queria tudo nesta vida e vida eterna no mundo vindouro. Agora que eu estava com câncer, e quando parecia que eu morreria e não seria abençoada, eu acusei Deus de ser injusto — eu não tive nenhuma humanidade. Pensei em meus anos de fé. Recebi tanta graça e tantas bênçãos de Deus e fui muito regada e sustentada pela verdade. Deus me deu tanto, mas nunca pensei em retribuir Seu amor. Quando adoeci, não me submeti a Deus. Eu só O entendi errado e O culpei. Não tive nenhuma sensatez nem consciência! Finalmente entendi que Deus permitiu que eu adoecesse para expor e purificar minha motivação de ser abençoada na fé e minha visão errada sobre a busca, e para que eu me concentrasse em buscar a verdade e uma mudança em meu caráter. Senti um grande remorso e me repreendi quando entendi as boas intenções de Deus. Em silêncio, decidi: “Não importa se vou melhorar ou não, não farei mais nenhuma exigência insensata a Deus. Só quero colocar minha vida e morte nas mãos de Deus e me submeter aos Seus arranjos”. Me senti muito mais calma depois disso. Não estava mais tão ansiosa e angustiada e pude me aquietar para ler as palavras de Deus, para orar e buscar com Deus.
Após me submeter, voltar a fazer quimio não foi mais tão doloroso quanto antes. Embora ainda sentisse um pouco de náusea, tudo estava bem. Os outros pacientes ficaram surpresos e me invejaram. Eu sabia que isso era totalmente a misericórdia e a proteção de Deus. Fiquei muito grata a Deus. Após várias sessões de quimio, o tumor do tamanho de um ovo diminuiu. Não doía tanto mais e o líquido parou de escorrer. A médica disse que a recuperação estava indo bem e que, se as coisas continuassem assim, depois de seis sessões de quimio, a cirurgia talvez fosse desnecessária. Fiquei muito feliz e continuei agradecendo a Deus. Minha fé em Deus só crescia e pensei que, se eu refletisse e tentasse conhecer a mim mesma com sinceridade, talvez eu melhoraria e não precisaria da cirurgia.
Um dia, em março, tive minha última quimio. Eu estava nervosa e esperançosa. Quando acabou, a médica disse que eu ainda precisava da cirurgia, depois, mais duas quimios e então alguma radioterapia. Meu coração apertou e minha mente ficou zunindo. Pensei: “Como isso é possível? Eu refleti como deveria e entendi o que deveria. Por que eu não estava melhor? É uma cirurgia grande e, além da cicatrização, a quimio e radioterapia de que precisarei serão dolorosas. Ainda posso morrer…”. Fiquei cada vez mais infeliz e meu corpo inteiro ficou sem forças. Chorei com a injustiça de tudo aquilo. Na noite depois da cirurgia, quando a anestesia perdeu o efeito, a dor da incisão foi tão forte que me fez chorar. Não conseguia nem respirar fundo. Me senti tão impotente e injustiçada. Era demais para mim — quando a dor acabaria? Em meu sofrimento, li estas palavras de Deus: “Para todas as pessoas, o refinamento é excruciante e muito difícil de aceitar — mas é durante o refinamento que Deus deixa claro Seu caráter justo para o homem, torna públicas Suas exigências para o homem e oferece mais esclarecimento e mais tratamento e poda reais; por meio da comparação entre os fatos e a verdade, Ele proporciona ao homem um conhecimento maior de si mesmo e da verdade, e proporciona ao homem um entendimento maior da vontade de Deus, permitindo, assim, que o homem tenha um amor a Deus mais verdadeiro e mais puro. Tais são os objetivos de Deus ao executar o refinamento. Toda a obra que Deus faz no homem tem seus objetivos e significados próprios; Deus não faz uma obra sem sentido nem uma obra que não beneficie o homem. O refinamento não significa remover pessoas da frente de Deus e não significa destruí-las no inferno. Antes, significa mudar o caráter do homem durante o refinamento, mudar suas intenções, seus pontos de vista antigos, mudar seu amor a Deus e mudar sua vida inteira. O refinamento é um verdadeiro teste para o homem e uma forma de treinamento real, e é só durante o refinamento que seu amor pode servir à sua função inerente” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Só ao experimentar o refinamento o homem pode possuir o amor verdadeiro”). Cada uma das palavras de Deus entrou em meu coração e fiquei comovida. Eu sabia que a vontade de Deus com minha doença era que eu desenvolvesse algum autoconhecimento verdadeiro, que eu buscasse a verdade e que meus caracteres corruptos fossem purificados e mudados. Antes, mesmo sabendo que não devia buscar bênçãos na fé, eu não tinha desistido completamente da minha motivação de ser abençoada. Ainda nutria exigências extravagantes a Deus em meu coração. Pensei que, por ter refletido sobre mim mesma e ter me conhecido um pouco, Deus devia ter tirado a minha doença. Minha autorreflexão e meu autoconhecimento estavam manchados de motivos pessoais e eram meros disfarces para meu desejo de fazer um acordo com Deus. Eu não tinha me arrependido de verdade! Deus tinha escrutinado meus pensamentos e usado minha doença para me expor, para me levar a refletir mais sobre mim mesma e me arrepender de verdade. Era o amor de Deus por mim. Depois, orei a Deus, dizendo: “Amado Deus, agora entendo Tua vontade. Quero abrir mão de todas as escolhas e pedidos pessoais e buscar a verdade na situação que arranjaste. Por favor, guia-me”.
Alguns dias depois, li isto nas palavras de Deus: “Quando as pessoas começam a acreditar em Deus, qual delas não tem seus próprios objetivos, motivações e ambições? Mesmo que uma parte delas acredite na existência de Deus e tenha visto a existência de Deus, sua crença em Deus ainda contém essas motivações, e seu objetivo final em acreditar em Deus é receber Suas bênçãos e as coisas que elas querem. […] Toda pessoa constantemente faz tais cálculos em seu coração e elas fazem exigências a Deus que trazem em si suas motivações, ambições e uma mentalidade transacional. Isto quer dizer que, em seu coração, o homem está constantemente colocando Deus a prova, constantemente concebendo planos sobre Deus e constantemente argumentando a favor do seu próprio fim individual com Deus, e tentando extrair uma declaração de Deus, vendo se Deus pode ou não dar a ele o que ele quer. Ao mesmo tempo em que busca a Deus, o homem não trata Deus como Deus. O homem sempre tentou fazer acordos com Deus, fazendo exigências incessantes a Ele, e até mesmo pressionando-O a cada passo, tentando tomar um quilômetro depois de receber um centímetro. Ao mesmo tempo em que tenta fazer acordos com Deus, o homem também discute com Ele, e há até mesmo pessoas que, quando as provações lhes sobrevêm ou se encontram em certas situações, frequentemente se tornam fracas, passivas e negligentes em Sua obra, e cheias de reclamações sobre Deus. Desde o tempo em que o homem começou a acreditar em Deus, ele tem considerado que Deus é uma cornucópia, um canivete suíço, e considera-se o maior credor de Deus, como se tentar receber bênçãos e promessas de Deus fosse seu direito intrínseco e obrigação, enquanto a responsabilidade de Deus fosse proteger e cuidar do homem e prover para ele. Essa é a compreensão básica da ‘crença em Deus’ de todos aqueles que acreditam em Deus, e tal é sua compreensão mais profunda do conceito de crença em Deus. Da natureza-essência do homem à sua busca subjetiva, não há nada que se relacione ao temor de Deus. O objetivo do homem em acreditar em Deus não poderia ter nada a ver com a adoração a Deus. Ou seja, o homem nunca considerou nem entendeu que a crença em Deus requer temer e adorar a Deus. À luz de tais condições, a essência do homem é óbvia. Qual é essa essência? É que o coração do homem é malicioso, abriga traição e engano, não ama a equidade e a justiça nem o que é positivo e é desprezível e ganancioso. O coração do homem não poderia estar mais fechado para Deus; ele não o entregou absolutamente a Deus. Deus nunca viu o verdadeiro coração do homem, nem jamais foi adorado pelo homem” (A Palavra, vol. 2: Sobre conhecer a Deus, “A obra de Deus, o caráter de Deus e o Próprio Deus II”). Fiquei tão envergonhada quando li isso. As palavras de Deus revelaram meu estado real. Eu acreditei em Deus por tantos anos e sempre quis ser abençoada, fazendo acordos com Deus. Sentia que, já que acreditava em Deus e sempre cumpria meu dever e me despendia na igreja, Deus deveria cuidar de mim e me proteger e afastar de mim todo dano e doença. Pensei que isso fosse nada mais do que justo. Quando descobri que estava com câncer, comecei a me queixar a Deus e quis capitalizar meus anos de sofrimento e sacrifício para discutir com Ele. Quando melhorei, eu disse “Obrigada, Deus” com minha boca, mas no coração, queria ainda mais. Queria que Deus afastasse minha doença para que eu não sofresse mais. Quando meu desejo extravagante não se realizou, minha natureza diabólica ressurgiu, e eu culpei a Deus novamente e tentei discutir com Ele. Meu comportamento foi exatamente como Deus revela em Suas palavras: “Os que não têm humanidade são incapazes de amar verdadeiramente a Deus. Quando o ambiente é protegido e seguro ou quando há lucros a serem feitos, eles são totalmente obedientes a Deus, mas quando o que desejam é ameaçado ou definitivamente recusado, eles imediatamente se revoltam. Podem de um dia para o outro se transformar de pessoas sorridentes e de ‘bom coração’ em assassinos repulsivos e ferozes, que subitamente tratam o benfeitor de ontem como inimigo mortal, sem mais nem menos. Se esses demônios não forem expulsos, esses demônios que matariam sem piscar os olhos, eles não se tornarão um perigo oculto?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A obra de Deus e a prática do homem”). Essas palavras de Deus perfuraram meu coração. Embora tenha acreditado em Deus por anos, eu não O adorava nem me submetia a Ele. Em vez disso, eu O tratava como um médico poderoso, como um refúgio. Estava usando Deus para alcançar meus propósitos, tentando obter paz nesta vida e bênçãos futuras Dele. Vi que minha fé em Deus não passava de uma negociação e que eu tinha usado Deus para obter graça e bênçãos Dele. Eu não estivera enganando e resistindo a Deus? Vi como eu era egoísta e enganosa, sem um pingo de humanidade, vivendo nada além de caracteres satânicos. Como Deus deve ter me desprezado e odiado!
Então li isto nas palavras de Deus: “Jó não falava de barganhas com Deus e não fazia pedidos ou exigências a Deus. Seu louvor ao nome de Deus era por causa do grande poder e autoridade de Deus em governar todas as coisas, e não dependia de se ele recebesse bênçãos ou fosse atingido por um desastre. Ele acreditava que, independentemente de Deus abençoar as pessoas ou trazer desastre sobre elas, o poder e a autoridade de Deus não mudarão e, portanto, independentemente das circunstâncias de uma pessoa, o nome de Deus deve ser louvado. O fato de o homem ser abençoado por Deus é por causa da soberania de Deus, e quando o desastre acontece ao homem, também é por causa da soberania de Deus. O poder e a autoridade de Deus governam e arranjam tudo concernente ao homem; os caprichos da sorte do homem são a manifestação do poder e autoridade de Deus e, independentemente do ponto de vista da pessoa, o nome de Deus deve ser louvado. Foi isso que Jó experimentou e conheceu durante os anos de sua vida. Todos os pensamentos e ações de Jó alcançaram os ouvidos de Deus e chegaram diante de Deus e foram vistos como importantes por Deus. Deus apreciou esse conhecimento de Jó e valorizou Jó por ter tal coração. Esse coração aguardava a ordem de Deus sempre, e em todos os lugares e, não importava a hora ou o lugar, recebia de bom grado o que quer que acontecesse com ele. Jó não fez exigências a Deus. O que ele exigia de si mesmo era esperar, aceitar, encarar e obedecer a todos os arranjos que vieram de Deus; Jó acreditava que esse era seu dever, e era exatamente o que era desejado por Deus” (A Palavra, vol. 2: Sobre conhecer a Deus, “A obra de Deus, o caráter de Deus e o Próprio Deus II”). Fiquei tão comovida ao contemplar as palavras de Deus. Pensei: “Deus é o Criador. Deus pode nos conceder graça e bênçãos, e Ele pode nos julgar, castigar, testar e refinar. Deus não poderia nos dar provações a despeito do fato de Ele nos amar?”. Pensei em Jó. Deus lhe concedeu grandes riquezas, e ele agradeceu e louvou a Deus, mas não cobiçou riqueza material. Quando Deus tirou tudo dele, ele ainda louvava o nome de Deus em sua provação, dizendo: “Receberemos de Deus o bem, e não receberemos o mal?” (Jó 2:10). Jó sabia que tudo que ele possuía tinha vindo de Deus e que Deus era justo, não importando se desse ou tirasse as coisas dele. A fé de Jó em Deus não estava manchada por motivos pessoais, e ele não pensava se seria abençoado ou sofreria desastres. Ele não se queixava, não importava o que Deus fizesse. Ele foi capaz de assumir seu lugar como ser criado para adorar e se submeter a Deus. Vendo a humanidade e a razão de Jó, fiquei envergonhada. Tudo que eu tinha, até meu próprio fôlego, foi dado por Deus. Mas eu não fui agradecida. Em vez disso, culpei a Deus quando adoeci. Não tive nenhuma consciência nem razão! Eu acreditava em Deus, mas não O conhecia, e não conhecia meu devido lugar diante Dele nem sabia como me submeter ao Criador. Crendo em Deus com minhas noções, imaginações e ideias para fazer acordos, eu me queixei a Deus e resisti a Ele diante de doença. Mesmo assim, só queria bênçãos e graça de Deus e queria entrar no reino de Deus. E eu nem me envergonhava disso! Vi que, mesmo que eu morresse naquela hora, seria a justiça de Deus por minha rebeldia e corrupção. Encontrei a senda de prática nas experiências de Jó. Não importa por quanto tempo eu ficasse doente ou se eu melhorasse ou não, eu só queria me submeter ao governo e aos arranjos de Deus. Essa era a razão que eu deveria ter como ser criado. Esse pensamento me trouxe grande libertação.
Antes que eu percebesse, havia chegado a hora da radioterapia. Os outros pacientes de câncer diziam que a radioterapia era severa com o corpo e que era como se minha carne fosse cozida. Disseram que eu ficaria tonta e enjoada toda vez e que perderia meu paladar. Quando ouvi isso, comecei a pedir a Deus que me ajudasse a escapar dessa situação de novo, mas percebi rapidamente que meu estado estava errado e orei a Deus. Algumas linhas de um hino das palavras de Deus me vieram à mente: “Visto que você foi criado, deve obedecer ao Senhor que o criou, porque você inerentemente não tem domínio sobre si mesmo e não tem aptidão para controlar seu próprio destino. Visto que é uma pessoa que crê em Deus, você deve buscar santidade e mudança” (Seguir o Cordeiro e cantar cânticos novos, “O que um crente em Deus deveria buscar”). Eu sabia que Deus estava me testando e que eu não podia mais pedir coisas a Deus ou machucá-Lo de forma insensata. Eu sabia que deveria me submeter aos arranjos Dele. Quando me submeti, embora tivesse radioterapia todos os dias e meu corpo doesse em alguns lugares, não foi tão ruim quanto os outros tinham dito. Eu sabia que aquilo era o cuidado e a misericórdia de Deus comigo. Quando terminei a radioterapia, minha recuperação física foi rápida. Eu parecia e me sentia muito bem. Meus irmãos e irmãs na igreja diziam que eu não parecia uma paciente de câncer. Algum tempo depois, voltei a cumprir o meu dever. Minha fé em Deus cresceu através por meio experiência e comecei a valorizar ainda mais a oportunidade de cumprir meu dever.
Já se passaram quase dois anos desde então, mas sempre que me lembro dos dez meses de minha doença, parece que foi ontem. Embora minha carne tenha sofrido um pouco, vim a entender minha motivação por bênçãos e minha visão errada sobre o que buscar. Sei agora que devo buscar a verdade e obedecer a Deus em minha fé. Seja eu abençoada ou confrontada com desastres, devo sempre me submeter ao governo, arranjos e orquestrações de Deus. Esse é o senso de razão que um ser criado deve possuir. Eu nunca teria ganho essas coisas se tudo na minha vida tivesse corrido bem. Essa é a riqueza de vida que Deus me deu. Graças a Deus Todo-Poderoso!