A juventude sem arrependimentos

24 de Agosto de 2019

Xiaowen, Cidade de Chongqing

O ‘amor’, refere-se a uma emoção que é pura e sem máculas, em que você usa o coração para amar, sentir e ser atencioso. No amor não há condições, barreiras ou distância. No amor não há desconfiança, nem engano e nem esperteza. No amor não há distância nem nada impuro(de ‘Puro amor sem mancha’ em “Seguir o Cordeiro e cantar cânticos novos”). Uma vez, esse hino da palavra de Deus me ajudou a lidar com a dor de uma longa e arrastada passagem pela prisão que durou 7 anos e 4 meses. Embora o governo do Partido Comunista Chinês tenha me roubado os mais belos anos da minha juventude, eu obtive a verdade mais preciosa e autêntica de Deus Todo-Poderoso. Por isso, não tenho queixas nem arrependimentos.

Em 1996 eu aceitei a salvação de Deus Todo-Poderoso nos últimos dias. Através da leitura da palavra de Deus e da comunhão, concluí que tudo que Ele tinha dito era verdade, o que completamente colide com todo o conhecimento e as teorias deste mundo ímpio. A palavra de Deus Todo-Poderoso é a suprema máxima para a vida. O que me deixou mais entusiasmada é que eu podia ser simples e aberta e discutir qualquer coisa com os irmãos de maneira aberta. Eu não tinha a menor necessidade de me proteger contra questionamentos, críticas ou de ser enganada pelas pessoas ao interagir com elas. Eu sentia um conforto e uma felicidade que nunca havia sentido. Eu realmente gostei daquela família. Porém, não demorou para que eu ouvisse que o país não permitia que as pessoas acreditassem em Deus Todo-Poderoso. Esse assunto me deixou completamente perdida, porque Sua palavra permitia que as pessoas louvassem a Deus e caminhassem na senda justa da vida. Permitia que as pessoas fossem honestas. Se todos acreditassem em Deus Todo-Poderoso, o mundo inteiro estaria em paz. Eu realmente não entendia: crer em Deus era o empreendimento mais virtuoso, então por que o governo da China queria perseguir e se opor aos crentes em Deus Todo-Poderoso ao ponto de prender Seus seguidores? Pensei: não importa como o governo da China nos persiga ou quão forte seja a opinião pública social, resolvi que essa é a senda correta da vida e sem dúvida andarei nela até o final!

Depois disso, comecei a cumprir meu dever na igreja, distribuindo livros da palavra de Deus. Eu sabia que cumprir esse dever neste país que resistia a Deus era muito perigoso e que eu poderia ser presa a qualquer momento. Mas também sabia que, como parte de toda a criação, era minha missão na vida gastar tudo por Deus e cumprir o meu dever; era uma responsabilidade da qual eu não podia me esquivar. Um dia, em setembro de 2003, quando eu estava começando a cooperar com Deus de forma confiante, eu estava indo entregar livros da palavra de Deus a alguns irmãos quando fui presa pelo Departamento de Segurança Nacional da cidade.

No Departamento de Segurança Nacional, fui interrogada repetidas vezes e não sabia como responder. Eu clamei a Deus com urgência: “Ó Deus Todo-Poderoso, peço a Ti que me dês a Tua sabedoria, e me dês as palavras que tenho que falar para que eu não traia a Ti e possa ser testemunha de Ti”. Naquela época, clamei a Deus todos os dias. Eu não ousava abandoná-Lo. Só pedia que Ele me concedesse inteligência e sabedoria para que eu conseguisse lidar com a polícia perversa. Deus seja louvado por cuidar de mim e me proteger: todas as vezes que fui interrogada, eu ficava cuspindo ou com soluços incessantes e não conseguia falar. Ao ver a obra maravilhosa de Deus, decidi de forma resoluta: Não esconda nada! Eles podem arrancar a minha cabeça, podem tirar a minha vida, mas de forma alguma me farão trair a Deus hoje! Quando decidi que eu preferiria arriscar minha vida a trair Deus como Judas, Deus me deu o “sinal verde” em todos os aspectos: sempre que eu era interrogada, Ele me protegia e me permitia sobreviver à provação em paz. Embora eu não tivesse dito nada, o governo do Partido Comunista da China me acusou de “usar uma organização Xie Jiao para destruir a aplicação da lei” e me condenou a 9 anos de prisão! Quando ouvi a sentença, não fiquei triste graças à proteção de Deus, e não tinha medo deles também; pelo contrário, eu os desprezava. Quando estavam anunciando a sentença, eu disse em voz baixa: “Isso é prova de que o governo do Partido Comunista Chinês está se opondo a Deus!” Depois, os agentes de segurança pública vieram espionar a minha atitude, e eu calmamente lhes disse: “O que são nove anos? Quando chegar a hora de sair daqui, eu ainda serei membro da Igreja de Deus Todo-Poderoso. Se vocês não acreditam em mim, aguardem e vejam! Mas vocês têm que se lembrar que este caso esteve em suas mãos um dia!” Minha atitude os surpreendeu de verdade. Eles levantaram o polegar e disseram várias vezes: “Temos que tirar o chapéu para você! Nós a admiramos! Você é mais irmã Jiang do que a irmã Jiang! Quando você sair da prisão, nós nos reuniremos novamente, e você será convidada!” Naquele momento eu senti que Deus havia ganhado a glória, e meu coração ficou muito satisfeito. No ano da minha condenação, eu tinha apenas 31 anos de idade.

As prisões chinesas são o inferno na terra, e uma permanência de longo prazo na prisão me fez ver nitidamente a verdadeira desumanidade de Satanás e sua substância diabólica, que se tornou inimiga de Deus. A polícia chinesa não segue a regra da lei, e sim a regra do mal. Na prisão, a polícia não lida pessoalmente com as pessoas, em vez disso, incitam os prisioneiros à violência para controlar os outros prisioneiros. Essa polícia perversa também se utiliza de todos os tipos de métodos para limitar o pensamento das pessoas; por exemplo, cada pessoa que chega tem que vestir o mesmo uniforme com um número de série específico, cortar o cabelo de acordo com as exigências da prisão, usar sapatos aprovados pela prisão, andar por onde a prisão permitir e marchar no ritmo permitido pela prisão. Não importa a estação do ano, se está chovendo ou fazendo sol, ou se é um dia frio de amargar, todos os prisioneiros devem obedecer às ordens sem opção de escolha. Todos os dias, tínhamos que nos reunir pelo menos 15 vezes para a contagem dos presos e para cantar elogios ao governo do Partido Comunista da China pelo menos 5 vezes. Também tínhamos tarefas políticas, ou seja, eles nos faziam estudar as leis prisionais e a constituição, e tínhamos que prestar um exame a cada seis meses. O objetivo disso tudo era fazer uma lavagem cerebral em nós. Eles também testavam, de modo aleatório, o nosso conhecimento das disciplinas e regras da prisão. A polícia prisional não nos perseguia apenas no nível mental; ela também nos agredia fisicamente com total desumanidade: eu tinha que realizar trabalhos pesados mais de dez horas por dia, espremida com centenas de pessoas numa pequena fábrica, executando trabalho manual. Como havia muitas pessoas num espaço muito pequeno, e porque o enorme barulho que as máquinas faziam estava por toda parte, não importasse quão saudável uma pessoa era, seu corpo era prejudicado se passasse algum tempo ali. Atrás de mim havia uma máquina de perfuração de ilhós furando ilhós todos os dias sem parar. O estrondo que a máquina fazia era insuportável e, depois de alguns anos, eu sofri uma grave perda auditiva. Não me recuperei até hoje. O que era ainda mais prejudicial às pessoas era a poeira e a poluição na fábrica. Depois de serem examinadas, muitas pessoas foram diagnosticadas com tuberculose e faringite. Além disso, por causa dos longos períodos em posição sentada fazendo trabalho manual, era impossível mover-se, e muitas pessoas contraíam graves hemorroidas. O governo da do Partido Comunista Chinês tratava os prisioneiros como máquinas usadas para fazer dinheiro; não tinha a menor consideração se as pessoas estavam viviam ou morriam. Eles faziam as pessoas trabalharem do raiar do dia até tarde da noite. Muitas vezes eu ficava tão exausta que o meu corpo não conseguia continuar. E não era somente isso. Eu também tinha que lidar com todos os tipos de exames aleatórios, além das minhas tarefas políticas semanais, do trabalho manual, das tarefas públicas etc. Portanto, todo dia eu estava num estado de alta ansiedade; o meu estado mental era constantemente levado ao limite, e eu ficava muito nervosa, com medo de não conseguir acompanhar o ritmo se estivesse um pouquinho distraída e de ser punida pela polícia penitenciária por causa disso. Nesse tipo de ambiente, sobreviver um único dia sã e salva não era fácil.

Assim que comecei a cumprir a minha pena, eu não conseguia lidar com esse tipo de abuso cruel cometido pela polícia penitenciária. Todos aqueles tipos de trabalho manual intenso e a pressão ideológica dificultavam até a respiração, sem falar que eu tinha que ter todo tipo de contato com os prisioneiros. Eu também tinha que suportar os maus-tratos e insultos da polícia penitenciária satânica e dos prisioneiros… Com frequência eu era perseguida e colocada em situações difíceis. Por diversas vezes eu me desesperei. Especialmente quando pensava na duração da minha pena de 9 anos, eu entrava em desespero e não sei quantas vezes eu chorei — cheguei até a pensar em suicídio para me livrar da dor que eu sentia. Todas as vezes que eu caía numa tristeza profunda e não podia mais suportar aquilo, eu clamava a Deus com urgência e pedia que Ele me iluminasse e me guiasse: “Você não pode morrer ainda. Você tem que fechar os punhos e continuar a viver de modo resoluto; você tem que viver uma vida para Deus. Quando as pessoas têm a verdade dentro delas, então elas têm esta determinação e nunca mais desejam morrer; quando a morte ameaçar você, você dirá: ‘Oh Deus, eu não estou disposto a morrer; eu ainda não Te conheço. Eu ainda não paguei de volta o Teu amor. Eu devo morrer somente depois de chegar a Te conhecer bem’. […] Se você não entender a intenção de Deus e ficar meramente ruminando o seu sofrimento, então, quanto mais você pensar sobre ele, mais angustiado você se sentirá e, então, você estará em apuros e começará a sofrer o tormento da morte. Se você entender a verdade, você dirá: ‘Eu não obtive a verdade ainda. Eu devo me despender para Deus de modo adequado. Eu devo dar um bom testemunho de Deus. Eu devo pagar de volta o amor de Deus. Depois disso, não importa como eu morra. Então, terei vivido uma vida satisfatória. Sem consideração de quem mais esteja morrendo, eu não morrerei agora; devo continuar a viver de maneira tenaz’(de ‘Como conhecer a natureza do homem’ em “Registros das falas de Cristo”). As palavras de Deus eram como a visão suave e gentil da minha mãe consolando o meu coração solitário. Eram também como meu pai usando suas mãos para secar as lágrimas do meu rosto com carinho. De imediato, uma força e um calor percorreram o meu coração. Embora eu estivesse sofrendo fisicamente na prisão escuridão, tentar o suicídio não era a vontade de Deus. Eu não poderia dar testemunho de Deus e também me tornaria alvo da ridicularização de Satanás. Seria um testemunho se eu saísse viva daquela prisão diabólica depois de nove anos. As palavras de Deus me deram coragem para continuar com minha vida, e tomei uma decisão no meu coração: não importa quais dificuldades me esperam, eu continuarei a viver com dedicação; viverei de forma corajosa e forte e certamente testificarei para a satisfação de Deus.

Ano após ano, a sobrecarga de trabalho fez com que o meu corpo enfraquecesse progressivamente. Depois de passar longos períodos sentada na fábrica, eu começava a suar em profusão, e minhas hemorroidas sangravam quando estavam em estado grave. Devido à minha grave anemia, muitas vezes eu me sentia tonta. Mas não é fácil obter uma consulta com o médico da prisão; se a polícia penitenciária estava tendo um bom dia, eles me davam algum remédio barato. Se não estavam, diziam que eu estava fingindo para faltar ao trabalho. Eu tinha que suportar o tormento daquela enfermidade e engolir minhas lágrimas. Depois de um dia de trabalho, eu estava completamente esgotada. Eu arrastava meu corpo exausto até a minha cela para descansar um pouco, mas não tinha poder para conseguir um pouco de sono estável que fosse: ou os policiais me chamavam no meio da noite para fazer algo, ou eu era acordada pelo barulho que eles faziam… Era comum eles fazerem chacota de mim, e eu sofria de forma indescritível. Além disso, eu tinha que suportar o tratamento desumano da polícia penitenciária. Eu era como uma refugiada, dormindo no chão ou nos corredores, ou até mesmo perto do vaso sanitário. As roupas que eu lavava não eram secas, mas, em vez disso, eram amontoadas com as roupas dos outros prisioneiros para secar. Lavar roupas no inverno era especialmente frustrante, e muitas pessoas desenvolviam artrite depois de usarem roupas úmidas por muito tempo. Na prisão, não demorava muito para que pessoas saudáveis ficassem apáticas e com o raciocínio lento, fisicamente fracas e adoentadas. Com frequência, comíamos folhas de vegetais velhas, secas e fora da estação. Se alguém quisesse comer alguma coisa melhor, você era obrigado a comprar a comida cara da prisão. Muito embora as pessoas fossem obrigadas a estudar direito na prisão, não havia leis ali dentro. A polícia penitenciária era a lei e, caso alguém os incomodasse, eles encontravam uma razão para puni-lo — chegando ao ponto de punir sem qualquer motivo. Ainda mais desprezível era o fato de que eles consideravam os crentes em Deus Todo-Poderoso criminosos políticos, dizendo que os nossos crimes eram mais graves do que um assassinato ou um incêndio criminoso. Por isso, eles tinham um ódio especial por mim e me controlavam com rigor, e me perseguiam com a maior intensidade. Esse tipo de comportamento maligno é prova irrefutável do comportamento perverso do Partido Comunista da China, da oposição ao Céu e da inimizade com Deus! Tendo passado pela tormenta cruel da prisão, o meu coração se encheu frequentemente de justa indignação: que lei é violada por se crer em Deus e adorá-Lo? Que crime é cometido quando seguimos Deus e trilhamos a senda correta da vida? Os humanos foram criados pelas mãos de Deus, e crer Nele e louvá-Lo é a lei do céu e da terra. Que razão o governo do Partido Comunista Chinês tem para obstruir e perseguir isso com violência? Evidentemente, é seu comportamento perverso e oposição ao Céu, é sua oposição a Deus em todos os aspectos, ele atribui um rótulo reacionário aos crentes de Deus Todo-Poderoso e nos persegue e devasta severamente. Ele tenta eliminar todos os crentes de Deus Todo-Poderoso de uma tacada só. Isso não é trocar o preto pelo branco e ser completamente reacionário? O governo chinês resiste freneticamente ao Céu e é hostil para com Deus. No final, deverá sofrer a punição justa de Deus! Onde houver corrupção, deve haver julgamento; onde houver pecado, deve haver punição. Essa é a lei celestial predestinada de Deus, ninguém pode escapar dela. Os crimes malignos do governo do Partido Comunista Chinês são incontáveis, e ele sofrerá a destruição de Deus. Como Deus disse: “Há muito tempo Deus tem abominado essa sociedade obscura até os ossos. Ele range os dentes, ansioso para fincar os pés nessa velha serpente perversa e odiosa, de modo que nunca mais volte a se erguer e nunca mais volte a abusar do homem; Ele não perdoará suas ações do passado, Ele não tolerará o fato de que ela enganou o homem e Ele acertará as contas de cada um de seus pecados ao longo das eras. Deus não permitirá nem um pouco que o líder de todo o mal[1] escape, Ele o destruirá completamente(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Obra e entrada (8)”).

Nessa prisão demoníaca, eu era menos que um vira-lata aos olhos daquela polícia do mal. Eles não só me batiam e me repreendiam, mas frequentemente entravam de surpresa na minha cela e bagunçavam minha cama e meus pertences pessoais. Além disso, toda vez que ocorria algum tipo de tumulto fora da prisão, as pessoas responsáveis por assuntos políticos dentro da prisão me procuravam e me interrogavam de novo para ouvir as minhas opiniões e compará-las com esses eventos, e constantemente me atacavam verbalmente e me perguntavam por que eu trilhava a senda da crença em Deus. Cada vez que eu enfrentava esse tipo de interrogação, meu coração saltava da minha boca porque eu não sabia que maldade eles pretendiam fazer comigo. Meu coração sempre orava a Deus com urgência, pedindo ajuda e orientação no meio daquela crise. Dia após dia, ano após ano, a violência, a exploração e a repressão me atormentavam com um sofrimento indescritível: a cada dia eu era sobrecarregada de trabalho manual e responsabilidades políticas monótonas e entediantes. Eu também era atormentada pela minha condição de saúde e, ainda por cima, sofria de depressão. Tudo aquilo me levou à beira de um colapso. Especialmente quando vi uma prisioneira de meia-idade se enforcar na janela no meio da noite porque não conseguiu suportar a tortura desumana da polícia perversa e outra prisioneira mais velha morrer por causa do atraso no tratamento de sua doença. Eu caí na mesma crise desesperadora e comecei a pensar em suicídio de novo. Eu achava que a morte seria o melhor tipo de alívio. Mas eu sabia que estaria traindo a Deus e não podia fazer aquilo. Eu não tinha outra escolha senão suportar toda a dor e me submeter aos arranjos de Deus. Mas assim que eu pensava na longa pena que teria que cumprir e em quanto tempo ainda faltava para obter a minha liberdade, sentia que não havia palavras para descrever a minha dor e o meu desespero; sentia que não poderia continuar suportando aquilo e não sabia quanto tempo mais eu aguentaria. Quantas vezes só o que eu conseguia fazer era me cobrir com a minha manta, tarde da noite, e chorar, orando e implorando a Deus Todo-Poderoso e contando a Ele todo o sofrimento que estava em minha mente. Nos meus momentos de maior dor e desamparo, eu pensava: estou sofrendo hoje para que eu consiga me separar da corrupção e receber a salvação de Deus. Essas dificuldades são o que eu devo e preciso sofrer. Assim que eu pensava assim, eu não me sentia mais amarga; pelo contrário, sentia que ser forçada à prisão por causa da minha crença em Deus e sofrer as provações para buscar a salvação tinham grande valor e significado; aquele sofrimento era muito valioso! Antes que eu pudesse perceber, a angústia do meu coração se transformou em alegria e não pude conter minha emoção; comecei a cantarolar um hino de experiência, que eu conhecia bem no coração, chamado “Somos afortunados por encontrar-nos com a vinda de Deus”: “Somos afortunados por encontrar-nos com a vinda de Deus, ouvimos Sua voz. Somos afortunados por encontrar-nos com a vinda de Deus, participamos do banquete do Cordeiro. Conhecemos Deus Todo-Poderoso encarnado, vemos Seus feitos milagrosos. Entendemos o mistério da vida humana, as palavras de Deus Todo-Poderoso são as mais preciosas. […] Quem pode ser mais afortunado? Quem pode ser mais abençoado? Deus nos concede a verdade e a vida, devemos viver para Deus. Devemos viver para Deus. Devemos viver para Deus. Obtemos a verdade e damos testemunho a Deus para retribuir o Seu amor” (de “Seguir o Cordeiro e cantar cânticos novos”). Eu repeti o hino em meu coração, e quanto mais eu o cantava em meu coração, mais encorajada eu me sentia; quanto mais eu cantava, mais eu sentia que tinha força e alegria. Não resisti e fiz um juramento na presença de Deus: “Ó Deus Todo-Poderoso, agradeço a Ti pelo Teu consolo e encorajamento que me fizeram voltar a ter a fé e a coragem de viver. Tu me permitiste sentir que és realmente o Senhor da minha vida e a força da minha vida. Embora eu esteja aprisionada neste inferno, não estou sozinha, porque Tu sempre estiveste comigo nesses dias sombrios. Tens me dado fé constante e a motivação para prosseguir. Ó Deus, se eu conseguir sair daqui um dia e viver em liberdade, eu cumprirei os meus deveres e não mais ferirei o Teu coração nem farei planos para mim mesma. Ó Deus, independentemente de como sejam duros ou difíceis os dias adiante, estou disposta a confiar em Ti para continuar vivendo com toda força!”

Na prisão, eu me lembrava com frequência dos dias com meus irmãos e irmãs. Tinha sido um tempo tão lindo! Todos eram animados e estavam sempre rindo, e também tínhamos as nossas divergências, mas agora todas elas tinham se transformado em boas lembranças. Mas toda vez que eu pensava nas vezes em que cumpri meu dever de forma superficial, eu me sentia extremamente culpada e endividada. Eu pensava nas divergências que tinha tido com meus irmãos por causa do meu caráter arrogante e me sentia muito desconfortável e arrependida. Sempre que isso acontecia, eu caía em lágrimas e cantava um hino que eu conhecia, em silêncio, no meu coração: “Tenho acreditado em Deus por muitos anos, mas nunca cumpri bem o meu dever, sinto um arrependimento tão profundo em meu coração. Desfrutei tanto do amor de Deus, mas nunca retribuí qualquer coisa. Deus me deu tantas oportunidades de praticar, mas eu as abordei todas de maneira desleixada e, em vez disso, busquei exclusivamente status, fama e fortuna e fiz planos para o meu destino futuro. Sou tão rebelde e sem vergonha, desperdicei tanto tempo bom. […] Estou tão arrependido — por que não percebi que o caráter de Deus é justo? Não sei se meu arrependimento veio tarde demais, estou tão arrependido. Não sei se Deus me dará outra chance, estou tão arrependido” (de ‘Estou tão arrependido’ em “Seguir o Cordeiro e cantar cânticos novos”). Em minha dor e autoacusação, eu frequentemente orava a Deus no meu coração: Ó Deus! Tantas vezes eu falhei demais Contigo! Se Tu permitires, estou disposta a buscar amar-Te. Depois que eu sair da prisão, ainda estarei disposta a cumprir os meus deveres e a recomeçar! Compensarei as minhas falhas passadas! Durante meu tempo na prisão, senti falta especial dos irmãos e irmãs com quem eu mantinha contato dia e noite. Eu queria mesmo vê-los, mas, naquela prisão demoníaca, esse desejo era um pedido impossível. Entretanto, frequentemente eu via meus irmãos e irmãs em meus sonhos: eu sonhava que nós estávamos lendo a palavra de Deus juntos e comunicando a verdade juntos. Estávamos alegres e animados.

Durante o grande terremoto de Wenchuan em 2008, a prisão em que estávamos presos foi abalada, e eu fui a última pessoa a ser retirada do local naquele tempo. Nos dias que se passaram, ocorreram tremores secundários contínuos. Tanto os prisioneiros como a polícia penitenciária ficaram tão alarmados e ansiosos que ficaram paralisados. Mas o meu coração estava especialmente calmo e firme, porque eu sabia que aquilo era a palavra de Deus se concretizando, era a chegada da fúria de Deus. Durante aquele terremoto de uma magnitude que só ocorre uma vez a cada século, a palavra de Deus protegeu o meu coração o tempo todo. Eu acredito que a vida e a morte do homem sempre estão nas mãos de Deus. Independentemente de como Ele o faça, eu estou disposta a me submeter aos Seus arranjos. No entanto, a única coisa que me deixava triste era que, se eu morresse, eu não teria mais a chance de cumprir os meus deveres com o Senhor das criações, não teria mais a chance de retribuir o amor de Deus e não poderia rever os meus irmãos e irmãs. Mesmo assim, a minha ansiedade foi desnecessária, pois Deus sempre estava comigo e me dava toda a proteção possível, o que me permitiu sobreviver ao terremoto e atravessar aquele momento em paz!

Em janeiro de 2011 eu ganhei liberdade antecipada, e isso finalmente pôs fim à minha vida de escravidão dentro da prisão. Ao obter a minha liberdade, o meu coração ficou excepcionalmente animado: eu posso voltar à igreja! Vou poder estar com os meus irmãos! Não havia palavras para descrever o estado emocional em que eu estava. O que eu não esperava era que, depois de voltar para casa, a minha filha não me reconheceu, e que os meus parentes e amigos me olhavam de uma maneira estranha. Todos eles se distanciaram de mim e não interagiam comigo. As pessoas à minha volta não me entendiam nem me aceitavam. Naquele momento, embora eu não estivesse na prisão sendo maltratada e atormentada, os olhares frios, o desdém e o abandono fizeram tudo aquilo difícil de suportar. Eu me tornei fraca e negativa. Não conseguia deixar de pensar no passado: quando o incidente aconteceu, eu só tinha trinta e um anos de idade; quando saí da prisão, oito invernos e sete verões tinham se passado. Quantas vezes em minha solidão e desamparo Deus tinha arranjado pessoas, situações e coisas para me ajudar; quantas vezes em minha dor e desespero Suas palavras tinham me confortado; quantas vezes, quando eu queria morrer, Ele tinha me dado forças para ter a coragem de continuar vivendo… Durante aqueles longos e dolorosos anos, tinha sido Deus aquele que havia me guiado passo a passo para fora do vale da sombra da morte para continuar vivendo com tenacidade. Enfrentando aquela dificuldade agora, eu havia me tornado negativa e fraca e tinha entristecido Deus. Eu era uma pessoa realmente covarde e incompetente, que mordia a mão que me alimentava! Ao pensar nisso, meu coração sofreu forte censura, e eu só pensava no meu juramento que fiz diante de Deus enquanto estava na prisão: “Se eu conseguir sair daqui um dia e viver em liberdade, cumprirei os meus deveres e não mais ferirei o coração de Deus nem farei planos para mim mesma!” Pensei sobre esse juramento e refleti sobre as circunstâncias em que eu me encontrava quando fiz o juramento a Ele. Lágrimas brotaram dos meus olhos, e lentamente cantei um hino: “Por mim mesmo, estou disposto a buscar-Te e a seguir-Te. Agora queres me abandonar, mas eu ainda quero seguir-Te. Independentemente de Tu me quereres ou não, eu ainda Te amarei e no final devo ganhar-Te. Eu Te ofereço meu coração e, não importando o que fizeres, eu Te seguirei por toda a minha vida. Custe o que custar, tenho de amar-Te e tenho de ganhar-Te; não descansarei até ganhar-Te(de ‘Estou determinado a amar a Deus’ em “Seguir o Cordeiro e cantar cânticos novos”).

Depois de algum tempo de devoção espiritual e ajuste, saí rapidamente do meu negativismo com a iluminação de Deus e me atirei de volta ao cumprimento dos meus deveres.

Embora tenha passado os melhores anos da minha juventude na prisão, naqueles sete anos e quatro meses em que sofri provações pela minha fé em Deus, eu não tenho queixas nem arrependimentos, porque entendo alguma verdade e experimentei o amor de Deus. Sinto que o meu sofrimento tem significado e valor e que isso é uma exceção diante de toda a exaltação e graça que Deus me deu. Essa sim é a minha parcialidade! Mesmo que os meus parentes e amigos não me entendam, e mesmo que a minha própria filha não me conheça, nenhuma pessoa, situação ou coisa poderia me separar do meu relacionamento com Deus, pois, mesmo que eu morra, não posso abandoná-Lo. Puro amor sem mancha é o hino que eu mais amava cantar na prisão. Agora eu quero usar as minhas ações concretas para oferecer o mais puro amor a Deus!

Nota de rodapé:

1. “Líder de todo o mal” se refere ao velho diabo. Essa frase expressa aversão extrema.

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