29. Por que estou sempre fingindo?
Em agosto de 2021, comecei a ser treinada na rega de recém-convertidos. Como eu não tinha a pronúncia padrão do inglês, eu temia que, quando eu me comunicasse com eles, eles me menosprezariam, então, normalmente, eu só me comunicava com eles por mensagens de texto. No entanto, continuar desse jeito impactou o progresso da rega. Durante uma reunião, uma irmã compartilhou que o inglês dela não era muito bom, mas ela queria ser capaz de comungar verbalmente com os recém-convertidos e abordar as diversas noções e dificuldades deles em tempo oportuno, por isso ela usava um software de tradução como apoio. Dessa forma, ela conseguia se comunicar com eles verbalmente na medida do possível. Senti vergonha quando comparei isso com a minha atitude em relação ao meu dever. Embora não conseguisse falar inglês bem, ainda assim ela conseguia dar um jeito de se comunicar verbalmente com os recém-convertidos. Meu único problema era que eu não tinha a pronúncia padrão. Eu me saía bem numa conversa do dia a dia, mas temia que os recém-convertidos diriam que o meu inglês era ruim, e, por isso, não tinha vontade de me comunicar verbalmente com eles. Isso teve um impacto direto no resultado da minha rega. Havia cada vez mais recém-convertidos que aceitavam a obra de Deus dos últimos dias, por isso precisávamos intensificar o nosso trabalho de rega e ajudá-los a estabelecer uma base sobre o verdadeiro caminho o mais depressa possível. Mas eu estava apenas considerando status e reputação, e não como regar os recém-convertidos prontamente. Eu não considerava nem remotamente as intenções de Deus! Por isso fiz uma oração, pronta para confiar em Deus e tentar me comunicar verbalmente com os recém-convertidos. Comecei a praticar o inglês depois disso, começando com os recém-convertidos que eu já conhecia. Passado algum tempo, eu não tinha mais tanto medo de conversar verbalmente. Lembro-me de uma vez que eu estava conversando com um recém-convertido, e não só consegui me expressar com fluência, como o problema dele foi resolvido. É difícil de acreditar — nunca pensei que uma única discussão verbal pudesse ser mais eficaz do que vários dias de troca de mensagens.
À medida que a igreja recebia cada vez mais novos membros, o líder arranjou para que a irmã Mavis e eu fôssemos parceiras para tomar conta do trabalho de rega. Quando fiquei sabendo desse arranjo, fiquei muito surpresa. Eu tinha acabado de começar a praticar a rega dos recém-convertidos, ainda havia muitas verdades sobre o trabalho de Deus que eu não entendia, e o meu nível de inglês era mediano. Como eu poderia assumir esse tipo de responsabilidade? Mavis regava os recém-convertidos havia mais tempo do que eu, por isso tinha mais experiência em todos os aspectos. Além disso, ela falava inglês muito bem. Se eu trabalhasse com ela, considerando as minhas capacidades reais, a verdade não seria exposta no momento em que eu abrisse a boca? Ela poderia dizer que a minha comunhão sobre a verdade não era clara, que eu não era uma boa pessoa para esse dever. No momento em que me preocupei com isso, Mavis veio discutir o trabalho comigo e me perguntou como estava o meu inglês. Sem pensar duas vezes, eu disse: “Meu inglês não é bom. Consigo entender, mas não falo muito bem. Minha comunicação por escrito é razoável”. Ela respondeu: “Então você pode ficar responsável por arranjar os horários de reunião com os recém-convertidos, e eu serei responsável pela comunhão com eles. Podemos trabalhar juntas”. Quando ouvi Mavis dizer isso, achei que dizer que eu não sabia falar bem inglês foi uma ótima desculpa, e que, nas reuniões, eu não teria que falar nada. Contanto que eu ficasse quieta, meus defeitos e falhas nunca ficariam aparentes. Então, quando Mavis estivesse regando os recém-convertidos, eu poderia ficar lá ouvindo e aprendendo e, depois de algum tempo, assim que tivesse dominado as coisas, eu poderia me comunicar verbalmente com eles. Dessa forma, eles não enxergariam como eu realmente era.
Na primeira vez que Mavis e eu regamos recém-convertidos juntas, eu percebi que ela interagia com eles em inglês fluente, mas além de “Hello!”, eu não me atrevi a dizer mais nada. Tínhamos concordado que, quando terminasse a reunião, eu conversaria com os recém-convertidos para ter uma noção dos problemas e dificuldades deles para resolvê-los o mais depressa possível, mas eu estava relutante. Em sua primeira interação com Mavis, eles tinham visto como o inglês dela era bom e que ela conseguia comunicar claramente a verdade. Se falassem comigo depois disso e me ouvissem tropeçar nas palavras, eles perceberiam a diferença enorme que existia. O que pensariam de mim? Fiquei pensando nisso sem parar, e decidi continuar mandando mensagens de texto. Depois disso, além de me engajar verbalmente com os poucos recém-convertidos com os quais eu já tinha familiaridade, eu interagia com os outros recém-convertidos por mensagens de texto. No entanto, essa era uma forma mais lenta de me comunicar. Muito frequentemente, eu enviava uma mensagem para um recém-convertido, e ele não estava on-line, e depois, quando ele respondia, eu não percebia. Algumas questões que poderiam ser resolvidas verbalmente dentro de apenas alguns minutos não eram necessariamente resolvidas nem mesmo após alguns dias por mensagens de texto. Foi só depois de revermos o trabalho que tínhamos feito que eu vi que quase metade dos recém-convertidos pelos quais eu era responsável não participava normalmente das reuniões. Fiquei perplexa. Como isso podia estar acontecendo? Mavis me perguntou: “Por que você está sempre enviando mensagens aos recém-convertidos? Por que nunca fala diretamente com eles?”. Fiquei pigarreando; não queria lhe contar. Eu sabia que, se tivesse falado diretamente com eles para resolver os problemas e as dificuldades deles, alguns deles teriam começado a participar normalmente das reuniões. Mas eu tinha medo de mostrar as minhas fraquezas e apostava na troca de mensagens, e a consequência foi essa.
Nessa noite, fiquei me revirando na cama, e não consegui dormir. Eu me sentia pior quanto mais pensava nisso. Se as confusões e as diversas noções dos recém-convertidos não fossem resolvidas prontamente, eles poderiam desistir da sua fé a qualquer momento. Isso era um abandono sério do dever! Por que eu insistia em enviar mensagens sobre algo que podia ser resolvido com uma conversa de três minutos? Não era que eu não sabia falar inglês. Eu tinha sido capaz de me comunicar verbalmente pouco antes disso, então por que eu tinha deixado de fazer isso? Pensar em como alguns recém-convertidos não participavam normalmente das reuniões porque eu não os reguei devidamente me fez querer me bater. Fiquei tão chateada que orei a Deus, pedindo que Ele me guiasse para eu entender a mim mesma. Depois, li esta passagem nas palavras de Deus: “As próprias pessoas são seres criados. Seres criados podem alcançar onipotência? Eles podem alcançar perfeição e infalibilidade? Podem alcançar proficiência em tudo, vir a entender tudo, perceber todas as coisas e ser capazes de tudo? Não podem. No entanto, há caracteres corruptos e uma fraqueza fatal nos humanos. Assim que aprendem uma habilidade ou profissão, as pessoas sentem que são capazes, que são pessoas com status e valor, e que são profissionais. Não importa quão comuns sejam, todas elas querem se disfarçar de alguma figura famosa ou indivíduo excepcional, transformar-se em alguma celebridade menor e levar as pessoas a crer que são perfeitas e impecáveis, sem um único defeito; aos olhos dos outros, querem se tornar famosas, fortes ou alguma figura grande e querem se tornar poderosas, capazes de realizar qualquer coisa, sem nada que não possam fazer. Sentem que, se buscassem a ajuda de outros, elas pareceriam incapazes, fracas e inferiores e que as pessoas as menosprezariam. Por essa razão, sempre querem manter uma fachada. Algumas pessoas, quando lhes pedem que façam alguma coisa, dizem que sabem como fazer, quando, na verdade, não sabem. Mais tarde, em segredo, pesquisam o assunto e tentam aprender a fazer, mas depois de estudá-lo por diversos dias, ainda não compreendem como fazê-lo. Quando lhes perguntam se já acabaram, elas dizem: ‘Já, já!’. Mas, em seu coração, elas pensam: ‘Ainda não consegui, não faço ideia, não sei o que fazer! Não devo dar com a língua nos dentes, devo continuar fingindo, não posso permitir que as pessoas vejam minhas falhas e deficiências, não posso permitir que me menosprezem!’. Que tipo de problema é esse? Esse é o inferno vivo de tentar preservar a dignidade a todo custo. Que tipo de caráter é esse? A arrogância de tais pessoas não conhece limites, perderam toda a razão. Não querem ser iguais a todas as outras, não querem ser pessoas normais ou ordinárias, mas indivíduos sobre-humanos e excepcionais ou figurões. Esse é um problema muito grande! No que diz respeito à fraqueza, deficiência, ignorância, tolice ou falta de entendimento da humanidade normal, elas as disfarçarão, não permitirão que outras pessoas as vejam e então continuarão a se disfarçar. […] Tais pessoas não vivem com a cabeça nas nuvens? Não estão sonhando? Elas não sabem quem elas mesmas são, tampouco sabem como viver a humanidade normal. Jamais agiram como seres humanos práticos. Se você passa seus dias com a cabeça nas nuvens, agindo superficialmente, não fazendo nada com os pés no chão, sempre vivendo segundo sua imaginação, isso é um problema. A senda na vida que você escolhe não é correta” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “As cinco condições que devem ser satisfeitas para se iniciar a trilha certa da crença em Deus”). Ao refletir sobre as palavras de Deus, pude ver que vinha fingindo e me disfarçando. Eu temia que os recém-convertidos me olhariam com desdém porque meu inglês falado não era lá grande coisa, por isso eu não me atrevia a conversar com eles. Quando Mavis e eu começamos a trabalhar juntas, eu vi que o inglês dela era muito bom e que a comunhão dela sobre a verdade era mais clara do que a minha. Eu estava preocupada que meus irmãos me veriam como uma decepção, em comparação com ela, e receava que Mavis enxergaria como eu realmente era, por isso fingi ainda mais. Quando Mavis me perguntou como estava o meu inglês, eu disse intencionalmente que não era bom, inventando assim uma desculpa para não precisar comunicar verbalmente. Sempre que nós duas estávamos regando juntas, eu não me expressava. Eu não estava cumprindo o meu dever. Quando estava regando os recém-convertidos, eu lhes mandava mensagens, em vez de conversar diretamente com eles, o que significava que muitos dos problemas dos recém-convertidos não eram resolvidos a tempo, por isso a negatividade deles permaneceu, e eles não participavam das reuniões. Eu estava atrasando o nosso trabalho. Eu sempre me disfarçava, pois temia que as minhas fraquezas seriam reveladas. Eu queria aprender as coisas nos bastidores, para depois voltar e impressionar todo mundo. Que arrogante da minha parte! Eu não conseguia enfrentar corretamente os meus defeitos e deficiências, mas queria parecer que era excepcional e diferente de todos os outros. É exatamente como algo que Deus revelou: “Não querem ser iguais a todas as outras, não querem ser pessoas normais ou ordinárias, mas indivíduos sobre-humanos e excepcionais ou figurões. Esse é um problema muito grande!”. Minha habilidade de falar inglês não era ótima, e eu vinha regando novos crentes fazia pouco tempo. Eu não tinha muita experiência no trabalho de rega. A igreja arranjou para que eu regasse recém-convertidos estrangeiros, e isso me deu uma grande chance de praticar que eu devia ter valorizado. Mas, em vez de desempenhar bem o meu dever, eu sempre queria encobrir as minhas falhas e agir como se conseguisse fazer qualquer coisa para que os outros me admirassem. Eu não tinha razão nem autoconsciência. Eu sabia que devia parar de fingir e me disfarçar. Não importava o que os outros pensassem, eu devia renunciar à minha vaidade para cumprir o meu dever e as minhas responsabilidades. Era isso que eu devia pôr em prática.
Li algumas outras passagens das palavras de Deus que me deram uma senda de prática. Deus Todo-Poderoso diz: “Você deve buscar a verdade para resolver qualquer problema que surge, não importa o que seja, e de forma alguma deve se disfarçar ou mostrar um rosto falso aos outros. Seus defeitos, suas deficiências, suas falhas, seus caracteres corruptos — seja completamente aberto em relação a todos eles e comunique todos eles. Não os guarde no interior. Aprender a se abrir é o primeiro passo em direção à entrada na vida e é o primeiro obstáculo, que é o mais difícil de superar. Uma vez que você o superou, entrar na verdade é fácil. O que significa dar esse passo? Significa que você está abrindo seu coração e mostrando tudo que tem, bom ou mau, positivo ou negativo, desnudando-se para que os outros e Deus o vejam; não escondendo nada de Deus, não ocultando nada, não disfarçando nada, livre de engano e truques, e sendo igualmente aberto e honesto com as outras pessoas. Dessa forma, você vive na luz, e não somente Deus o escrutinará, mas as outras pessoas também serão capazes de ver que você age com princípios e alguma medida de transparência” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). “Na presença de Deus, não importa como você se disfarce, como se esconda ou o que você forje para si mesmo, Deus tem uma compreensão clara de todos os seus pensamentos mais verdadeiros e das coisas escondidas em suas partes mais íntimas e profundas; não existe uma pessoa sequer cujas coisas escondidas, íntimas, possam escapar do escrutínio de Deus” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Seis indicadores de crescimento da vida”). Quando ponderei as palavras de Deus, percebi que o primeiro passo para resolver o meu caráter corrupto era aprender a me abrir, parar de fingir e trazer à luz as minhas inadequações, falhas e a corrupção que eu revelava. Eu devia ser uma pessoa simples, honesta e pé no chão diante dos meus irmãos e irmãs e diante de Deus. Então, eu seria capaz de relaxar e ser livre no meu dever. Entender isso me deu confiança e coragem para pôr em prática a verdade, e por isso procurei o líder e Mavis e falei abertamente sobre o meu estado e entendimento com eles. Eles não me menosprezaram, mas comunicaram comigo, com paciência, suas experiências para me ajudar a entender o meu problema. Quando reguei os recém-convertidos depois disso, minha vaidade já não me constrangia mais. Comecei a me concentrar na minha comunicação verbal com eles para poder ajudar a resolver as confusões deles mais rapidamente. Quando encontrava uma palavra que eu não conhecia ou não conseguia pronunciar, eu pegava um dicionário ou usava um software de tradução. Com o tempo, meu inglês falado melhorou. Achei que, ao me comunicar abertamente com os meus irmãos e não me disfarçar nem ser falsa, eu poderia aprender sobre a minha corrupção e as minhas falhas, e reverter rapidamente meu estado ruim. É como Deus diz: “Aprender a se abrir é o primeiro passo em direção à entrada na vida e é o primeiro obstáculo, que é o mais difícil de superar. Uma vez que você o superou, entrar na verdade é fácil” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). Achei que, depois de passar por tudo isso, eu tinha me tornado capaz de me abrir e mudar. Contudo, mais tarde, fui revelada de novo por outra situação.
Uma vez, alguns recém-convertidos quiseram compartilhar o evangelho com alguns membros da família e amigos, por isso o líder de equipe e eu explicamos para eles os princípios para fazer isso. Eu tinha acabado de me apresentar quando um dos novos crentes disse que não conseguia entender o que eu dizia. O líder de equipe apressou-se em ajudar a explicar, dizendo que a minha pronúncia do inglês não era boa, e depois começou a falar com os recém-convertidos. Senti-me como peixe fora d’água ao ouvi-los conversar fluentemente — deu para sentir o meu rosto ficando vermelho. Foi muito embaraçoso. Inicialmente, eu queria que o líder de equipe tivesse chance de aprender comigo e praticar um pouco, mas nem sequer consegui me apresentar adequadamente — o que o líder de equipe e aqueles recém-convertidos pensariam de mim? Eles pensariam que o meu inglês era terrível, e que eu devia ser incompetente no trabalho, também? Quem me ouviria depois disso, quando eu estivesse acompanhando as coisas? Esses pensamentos me deixaram com uma sensação indescritível de fracasso, e fiquei muito desanimada. Na época, a líder da igreja era também membro do grupo. Eu temia que ela ficaria on-line e veria o que estava acontecendo, pensaria que o meu inglês era ruim e que eu não conseguia fazer o trabalho, e então me dispensaria. Eu não queria que eles vissem como eu realmente era, por isso comecei a esconder falhas novamente, a me comunicar através de mensagens de texto, em vez de verbalmente, e a transformar a discussão do grupo em conversas individuais privadas. Passado algum tempo, comecei a me sentir muito exausta. Eu temia que todos descobririam a verdade da questão e me desprezariam. Eu passava todos os dias nesse estado, e não tinha tempo nem energia para pensar em como desempenhar bem o meu dever. Sentia cada vez mais escuridão no meu coração e não conseguia sentir a orientação de Deus. Também não tinha direção alguma no meu dever. Sabia que estava num estado perigoso, mas não conseguia superá-lo. Por isso, fiz uma oração no meu coração, pedindo a Deus que me guiasse para sair disso.
Um dia, assisti a um vídeo testemunhal chamado “Por trás do fingimento”, e algumas das palavras de Deus que apareceram nele deixaram uma impressão profunda em mim. Deus Todo-Poderoso diz: “Que tipo de caráter é esse quando as pessoas sempre exibem uma fachada, sempre se camuflam, sempre agem com superioridade para que os outros as tenham em alta estima e não consigam ver suas falhas ou deficiências, quando sempre tentam apresentar seu melhor lado às pessoas? Isso é arrogância, falsidade, hipocrisia, é o caráter de Satanás, é algo perverso. Veja os membros do regime satânico: não importa o quanto lutem, briguem ou matem no escuro, ninguém tem permissão para os denunciar nem os expor. Eles temem que as pessoas vejam seu rosto demoníaco, e eles fazem tudo o que podem para o encobrir. Em público, fazem o máximo que podem para caiar a si mesmos, dizendo quanto amam as pessoas, quão maravilhosos, gloriosos e infalíveis eles são. Essa é a natureza de Satanás. A característica mais proeminente da natureza de Satanás é a artimanha e a enganação. E qual é o objetivo dessas artimanhas e enganação? Ludibriar as pessoas, impedi-las de ver a essência dele e como ele realmente é, e assim alcançar o objetivo de prolongar seu governo. As pessoas comuns talvez careçam desse poder e status, mas também desejam fazer com que os outros mantenham uma opinião favorável sobre elas, que as pessoas as tenham em alta estima e as elevem a um alto status em seu coração. Isso é um caráter corrupto, e se as pessoas não entendem a verdade, elas são incapazes de reconhecer isso. […] Cometer erros ou se disfarçar: qual desses tem a ver com o caráter? Disfarçar-se é uma questão de caráter; envolve um caráter arrogante, perversidade e engano; isso é particularmente detestado por Deus. […] Se você não tentar colocar uma fachada nem se justificar, se conseguir admitir seus erros, todos dirão que você é honesto e sábio. E o que o torna sábio? Todos cometem erros. Todos têm falhas e defeitos. E, na verdade, todos têm o mesmo caráter corrupto. Não se ache mais nobre, perfeito e bondoso do que os outros; isso é ser totalmente insensato. Uma vez que os caracteres corruptos das pessoas e a essência e face verdadeira da corrupção delas estiverem claros para você, você não tentará encobrir os próprios erros e não usará os erros de outras pessoas contra elas — você será capaz de encarar ambos corretamente. Somente então você se tornará perceptivo e não fará coisas tolas, o que fará de você uma pessoa sábia. Aqueles que não são sábios são pessoas tolas e sempre ficam pensando em seus erros pequenos, enquanto esgueiram-se pelos bastidores. Isso é repugnante de se testemunhar. Na verdade, o que você está fazendo é imediatamente evidente para as outras pessoas, mas você continua fazendo uma falsa exibição descaradamente. Para os outros, isso tem a aparência de uma palhaçada. Isso não é tolice? É, realmente. As pessoas tolas não têm nenhuma sabedoria. Não importam quantos sermões ouçam, mesmo assim elas não entendem a verdade nem veem nada como realmente é. Elas nunca descem do pedestal, achando que são diferentes de todos os outros e que são mais respeitáveis; isso é arrogância e presunção, isso é tolice. Os tolos não têm entendimento espiritual, têm? As questões nas quais você é tolo e insensato são as questões nas quais você não tem entendimento espiritual e não consegue entender facilmente a verdade. Essa é a realidade da questão” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Os princípios que devem guiar a conduta da pessoa”). Refleti sobre as palavras de Deus — elas me sacudiram bastante. Apresentar uma fachada e cometer um erro são diferentes em natureza. Meu inglês não era bom, por isso, quando eu cometia um erro, eu podia aprender e praticar. Mas eu sempre me disfarçava para que os outros não pudessem ver como eu realmente era. Escondidos atrás disso estavam meus caracteres corruptos de arrogância, enganação e maldade. Isso é repugnante e odioso para Deus. Eu ainda estava aprendendo a desempenhar esse dever, por isso erros, lapsos e expressões de corrupção eram inevitáveis. Eu não precisava sentir vergonha dessas coisas, e elas podiam ser resolvidas buscando a verdade. Mas desde que tinha assumido a responsabilidade pelo trabalho de rega, eu tinha me colocado na posição de quem estava a cargo, achando que devia ser melhor do que uma pessoa normal, caso contrário os recém-convertidos me menosprezariam. Quando aquela recém-convertida disse que não conseguia entender o que eu dizia, eu achei que as minhas inadequações tinham sido expostas, e a minha imagem, danificada, e que os recém-convertidos me menosprezariam e não me ouviriam. Eu temia ainda mais que o líder veria o que me faltava e pensaria que eu não era apta para o trabalho, e então me dispensaria. Pensei numa forma de esconder as minhas falhas para proteger meu status e minha imagem, chegando até a ponto de atrasar a obra da igreja. Troquei comunicação verbal por mensagens de texto, e usei chats privados em vez de reuniões de grupo para discutir o trabalho, o que atrasou o nosso trabalho de rega. Eu estava num estado de ficar na defesa e me afastando cada vez mais de Deus. Foi tudo muito enganoso da minha parte! A leitura da parte das palavras de Deus que julgam e expõem uma natureza satânica me fez tremer. Deus diz que o aspecto mais proeminente de uma natureza satânica são a trapaça e o engano, que isso é particularmente perverso. O grande dragão vermelho é muito bom em fingir e enganar. Está sempre se gabando da sua imagem “maravilhosa, gloriosa e correta” para fazer com que as pessoas o idolatrem e sigam, tudo isso numa tentativa de garantir a sua ditadura. Ele faz tudo para esconder todas as coisas malignas que faz nos bastidores, enganando e desorientando, assim, as pessoas do mundo. Quando refleti sobre o meu comportamento, eu vi que estava fingindo para que os outros tivessem uma imagem positiva de mim e só vissem o meu lado bom. Eu estava demonstrando um caráter enganoso e perverso! Esse caráter não era o mesmo que o do grande dragão vermelho? Que adianta ganhar o respeito e a admiração dos outros por meio do engano e da apresentação de uma fachada? Ao esconder as minhas falhas e inadequações, ao aplicar truques para enganar Deus e as outras pessoas, eu não só não fiz progresso nenhum, como também atrasei seriamente o trabalho de regar recém-convertidos. Isso não foi uma tolice? Muitos recém-convertidos estavam lendo as palavras de Deus e aprendendo sobre a Sua intenção de salvar a humanidade. Eles podiam ver os desastres aumentando e a pandemia piorando cada vez mais, e sabiam que aceitar a obra de Deus dos últimos dias é a única senda de sobrevivência para as pessoas. Eles estavam dispostos a compartilhar o evangelho com seus amigos e familiares para levá-los para diante de Deus, para que pudessem obter a salvação de Deus. Mas eu não estava nem um pouco preocupada com a entrada deles na vida. Para preservar minha vaidade inútil, eu não estava respondendo prontamente às perguntas dos irmãos e irmãs sobre compartilhar o evangelho. Isso atrasou tantas pessoas que queriam investigar o caminho verdadeiro e se voltar para Deus. Isso não fazia de mim um obstáculo, uma pedra de tropeço no trabalho evangelístico? Ao refletir sobre isso, percebi que eu tinha vivido segundo meu caráter corrupto, e embora parecesse estar desempenhando o meu dever, na verdade, eu estava resistindo a Deus, atrasando o trabalho da igreja e prejudicando os irmãos e irmãs. Eu me odiei e fiquei enojada comigo, no fundo do meu coração. Senti que devia tanto a Deus e que tinha desapontado meus irmãos e irmãs, também. Orei a Deus, dizendo que estava pronta para me arrepender, e que queria buscar a verdade e desempenhar o meu dever com firmeza.
Uma vez, em meus devocionais espirituais, li esta passagem das palavras de Deus: “Você não precisa utilizar nenhum método para proteger reputação, imagem e status, nem precisa encobrir ou disfarçar os seus erros. Não precisa se empenhar nesses esforços inúteis. Se puder abrir mão dessas coisas, você ficará muito relaxado, viverá sem constrangimentos ou dor, e viverá inteiramente na luz. Aprender a se abrir quando você se comunica é o primeiro passo para ter entrada na vida. Em seguida, você precisa aprender a dissecar seus pensamentos e ações para ver quais são errados e quais não agradam a Deus, e você precisa revertê-los imediatamente e retificá-los. Qual é o propósito de retificá-los? É aceitar a verdade, enquanto se livra das coisas dentro de si que pertencem a Satanás e as substitui pela verdade. Antes, você fazia tudo de acordo com sua natureza enganosa, que é mentirosa e desonesta; você achava que não conseguiria fazer nada sem mentir. Agora que você entende a verdade e detesta a maneira de Satanás de fazer as coisas, você não age mais dessa maneira, você age com uma mentalidade de honestidade, pureza e submissão. Se você não retiver nada, não usar uma fachada nem fingimento, nem encobrir as coisas, se você se desnudar para os irmãos e irmãs, não esconder seus pensamentos e suas ideias mais íntimos, e permitir que os outros vejam sua atitude honesta, aos poucos, a verdade se enraizará em você, florescerá e dará fruto, produzirá resultados, pouco a pouco. Se o seu coração é cada vez mais honesto e se volta cada vez mais para Deus, e se você sabe proteger os interesses da casa de Deus quando desempenha seu dever, e sua consciência pesa quando você deixa de proteger esses interesses, isso é prova de que a verdade teve um efeito sobre você e se tornou sua vida” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). As palavras de Deus me deram uma senda de prática específica. Eu tinha que desempenhar o meu dever com um coração puro e honesto, e não importava quão grande ou pequena fosse a minha estatura ou quais defeitos e deficiências eu tivesse, eu não podia fingir. Tinha que mostrar meu verdadeiro eu a todos e me abrir sobre mim mesmo se cometesse um erro. Viver dessa forma não seria cansativo, e Deus aprova isso. Na verdade, meus problemas e deficiências não desapareceriam só porque eu tentava escondê-los, por isso eu devia enfrentá-los com calma, reconhecer o que me faltava e ser uma pessoa que podia se desnudar e abrir. Se não entendesse algo, eu devia fazer perguntas e aprender mais para que pudesse melhorar aos poucos no meu trabalho. Além disso, o fato de o líder arranjar para que eu ficasse a cargo deveria ser uma responsabilidade que eu aceito de Deus, e não status. Eu precisava abrir mão da identidade de alguém que está a cargo das coisas e colocar o meu dever em primeiro lugar. A despeito do que outras pessoas pensariam ou diriam, eu tinha que corrigir os meus motivos, saber qual era o meu lugar e desempenhar o dever de um ser criado.
A partir dali, eu renunciei ao meu orgulho e procurei ativamente os recém-convertidos para me comunicar verbalmente para ajudar a resolver as dificuldades e os problemas que eles estavam enfrentando em seus deveres. Além disso, eu praticava mais as minhas habilidades de conversação em inglês e trabalhava a minha pronúncia, e quando me deparava com coisas que não entendia, eu perguntava a outros irmãos e irmãs e aprendia com os seus pontos fortes. Uma vez, quando estava participando de uma reunião on-line com alguns recém-convertidos, quando começamos a nos cumprimentar, tropecei num dos nomes. A nova crente corrigiu várias vezes a minha pronúncia. Fiquei um pouco envergonhada e perguntei-me por que ela levava aquilo tão a sério. Basta corrigir uma vez, com todas aquelas pessoas ouvindo! Depois me lembrei de algo que Deus diz: “Você não precisa utilizar nenhum método para proteger reputação, imagem e status, nem precisa encobrir ou disfarçar os seus erros. Não precisa se empenhar nesses esforços inúteis. Se puder abrir mão dessas coisas, você ficará muito relaxado, viverá sem constrangimentos ou dor, e viverá inteiramente na luz” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). Pensei: “É verdade — quando estou errada, estou errada. Por que sempre tenho que esconder isso? Em vez de concentrar a minha mente no meu dever, eu a mantenho focada na minha vaidade, e não há maneira de desempenhar bem o meu dever carregando esse tipo de fardo”. Então eu me acalmei e fiz uma oração, pedindo a Deus que Ele me guiasse para eu me libertar do meu orgulho e me manter concentrada no meu dever. Depois de orar, não me senti envergonhada mais, e não me senti tão constrangida pela minha pronúncia fora de padrão. Pedi à recém-convertida que me ajudasse a corrigir a minha pronúncia. Um pouco depois, uma irmã que tinha sido minha parceira no passado disse: “O que você faz, geralmente, para praticar o seu inglês? Você se comunica tão bem com os recém-convertidos. Você progrediu tanto ao longo desses poucos meses, desde que nos vimos!”. Ouvir isso me comoveu muito, e eu soube que isso era inteiramente a orientação e a graça de Deus. Quanto mais experiências desse tipo eu tenho, mais sinto que me abrir sobre o meu verdadeiro estado, não me disfarçar ou me encobrir, e desempenhar o meu dever com firmeza é uma prática que dá paz ao meu coração. Graças a Deus!