79. Bênçãos trazidas pela doença
Em 2014, o Partido Comunista começou a difamar a Igreja de Deus Todo-Poderoso com o caso de Zhaoyuan, de 28 de maio, e a prender irmãos por toda parte. A maioria dos líderes da igreja em nossa região foi capturada, e alguns dos irmãos recém-convertidos viviam em medo e negatividade. Nesse momento crítico, fui promovida a responsável pelo trabalho de várias igrejas. Eu pensei que assumir a direção num tempo de crise era uma responsabilidade enorme e que não podia decepcionar Deus. Então me joguei em meu dever, enfrentando o perigo de ser presa a qualquer momento. Sentia que Deus me aprovaria se protegesse o trabalho da igreja em tempos tão perigosos e que certamente seria digna de ser salva por Deus e de entrar em Seu reino. Então, do nada, fiquei muito doente.
Certa noite em outubro de 2014, de repente, deixei minha tigela cair no chão enquanto jantava. Pensei que tinha sido apenas um descuido, então corri para catá-la e tentei pegar um lenço para limpar minhas mãos, quando percebi que não tinha controle sobre elas e não conseguia pegar o lenço. Não demorou, e perdi toda sensação nas mãos e nos pés; fiquei sentada na cadeira, sem me mexer. Minha família mediu minha pressão e viu que estava acima de 200. Tomei algum remédio para baixar a pressão, mas não adiantou nada. Eu estava tão confusa e me perguntei como aquilo pôde acontecer. Eu não sabia se era algo sério. Mas então pensei que tinha investido tanto no meu dever ao longo de todos os anos de fé que certamente receberia a graça de Deus e que não podia ser nada sério. Mesmo que estivesse doente, certamente Deus me protegeria e curaria. Fiquei bem mais calma depois de pensar nisso. Quando acordei na manhã seguinte, Tentei mexer as mãos e os pés com cuidado e tudo parecia estar normal do lado direito do meu corpo, mas minha perna e meu braço esquerdos estavam adormecidos. Mal sentia algo. Fiquei tensa imediatamente: por que eu não estava toda melhor? Estava parcialmente paralisada? Se sim, não haveria como cumprir mais o meu dever. Perguntei-me se tinha me tornado inútil e seria eliminada, e se, então, ainda teria chance de ser salva. Mas então, pensei que o que acontecera foi tão severo que recuperar-me pela metade numa única noite devia ser uma bênção de Deus. Se Deus me curasse, minha recuperação deveria ser simples, certo? Senti que tinha a proteção de Deus e não precisava me preocupar demais.
Fui naquela manhã, e depois da tomografia, o médico disse com uma expressão séria: “Você teve uma hemorragia intracraniana do lado direito de 10 ml de sangue. Se o local da hemorragia tivesse sido um pouco maior, teria afetado a região da fala. Você teria perdido sua capacidade de falar e, provavelmente, teria se transformado em vegetal. Depois do que aconteceu ontem à noite, você teve muita sorte por ter chegado até aqui. Você precisa de tratamento imediato”. Depois explicou que começariam com uma infusão e fariam uma abordagem conservadora. Se os coágulos de sangue no cérebro não se dissolvessem, teriam de fazer uma cirurgia. À menção de hemorragia cerebral, minha mente ficou em branco. Nunca ousara imaginar que poderia ser algo tão sério. Eu não tinha nem 50 anos, então, se o tratamento falhasse e eu ficasse parcialmente paralisada ou me tornasse um zumbi totalmente paralisado, que tipo de vida terrível eu teria? E cirurgia cerebral é algo muito arriscado, eu poderia até perder a vida. Então eu poderia ser salva e entrar no reino de Deus? Eu tinha dado tudo durante meus anos de fé, por isso não entendia por que estava tendo um problema de saúde tão sério. Por que Deus não estava me protegendo? Quanto mais pensava nisso, mais agitada ficava e nem consegui engolir o almoço. Por volta do meu quinto dia no hospital, uma mulher idosa na cama ao lado piorou de repente e teve de ser transferida para outro hospital. Ver isso me deixou nervosa de novo. Tínhamos sido internadas no mesmo dia e ela andava por toda parte, mas agora a estavam levando numa maca. Parecia ser impossível dizer se alguém sobreviveria a algo assim ou não, e me perguntei se eu também poderia passar de mal a pior repentinamente.
Depois de quase uma semana no hospital, eu ainda não conseguia sentir minha perna esquerda. Pensei: “Por que Deus não está cuidando de mim? Não posso cumprir nenhum tipo de dever nesse momento crítico, será que perdi minha chance de ser salva?”. Esse pensamento me deu calafrios, e comecei a chorar e chorar. Eu tinha trabalhado tanto durante meus nove anos de fé, sem jamais permitir que qualquer coisa me impedisse. Nunca hesitei em enfrentar qualquer tipo de dificuldade ou problema que surgia na igreja e não recuei nem mesmo quando estava encarando o perigo real de ser presa. Sempre continuei cumprindo meu dever. Durante meus anos como líder, eu tinha sofrido e pensado mais nisso do que os outros irmãos. Pensei que, ao dar tanto e com esse tipo de busca, Deus me abençoaria. Como pude ficar tão doente tão repentinamente? Seria porque Deus não se importava mais comigo? Se eu não melhorasse e não pudesse assumir um dever, eu ainda poderia ser salva? Caso contrário, todos esses anos de sacrifício teriam sido em vão? Senti que não teria investido tanto se soubesse que isso iria acontecer. Fiquei me sentindo cada vez pior. Nem queria mais orar nem ponderar sobre as palavras de Deus. Eu estava muito agitada e, sem perceber, coloquei o braço com a infusão sob a cabeça, deslocando assim a agulha, o que fez minha mão inchar. Ao ver minha mão inchada, me senti ainda pior. Pensei nos irmãos lá fora explodindo de energia, compartilhando o evangelho e cumprindo seu dever, enquanto eu estava deitada no hospital, incapaz de cumprir dever algum. Eu não era totalmente inútil? E sendo o tempo de espalhar o evangelho do reino, todos os outros podiam cumprir seu dever e fazer boas obras, enquanto eu provavelmente seria eliminada. Senti que, afinal de contas, eu não seria salva por Deus. Naquela noite, fiquei me revirando na cama e não consegui dormir. Perdida em minha tristeza, vim para diante de Deus em lágrimas e orei: “Ó Deus, estou sofrendo muito agora. Sei que Tu permitiste que isso acontecesse comigo e que não deveria entender-Te errado. Por favor, guia-me para entender Tua vontade, para que eu possa me submeter ao Teu governo e arranjos”.
Enquanto estava no hospital, uma irmã me mandou um aparelho MP5, e quando todos estavam dormindo, coloquei os fones e ouvi as palavras de Deus. Uma das passagens me ajudou muito. “Para todas as pessoas, o refinamento é excruciante e muito difícil de aceitar — mas é durante o refinamento que Deus deixa claro Seu caráter justo para o homem, torna públicas Suas exigências para o homem e oferece mais esclarecimento e mais tratamento e poda reais; por meio do contraste entre os fatos e a verdade, Ele ajuda o homem a conhecer-se melhor e lhe dá um entendimento maior da verdade e da vontade de Deus, permitindo, assim, que o homem tenha um amor a Deus mais verdadeiro e mais puro. Tais são os objetivos de Deus ao executar o refinamento. Toda a obra que Deus faz no homem tem seus objetivos e significados próprios; Deus não faz obra que seja sem sentindo nem benéfica para o homem. O refinamento não significa remover pessoas da frente de Deus e não significa destruí-las no inferno. Antes, significa mudar o caráter do homem durante o refinamento, mudar suas intenções, seus pontos de vista antigos, mudar seu amor a Deus e mudar sua vida inteira. O refinamento é um verdadeiro teste para o homem e uma forma de treinamento real, e é só durante o refinamento que seu amor pode servir à sua função inerente” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Só ao experimentar o refinamento o homem pode possuir o amor verdadeiro”). Quando refleti sobre isso, percebi que, quando Deus testa e refina as pessoas, não é para eliminá-las, mas para as purificar e transformar. Mas eu não estava buscando a vontade de Deus nem tentando entender Sua obra. Desde meu derrame, só estivera entendendo Deus errado e culpando Ele. Eu tinha sido tão tola! Então fiz uma oração a Deus. Eu estava disposta a me submeter, a ler as palavras de Deus para refletir e conhecer a mim mesma e aprender uma lição.
Uma que deixou uma impressão profunda em mim está em “O homem só pode ser salvo em meio ao gerenciamento de Deus.” “O mais triste em relação à crença da humanidade em Deus é que o homem conduz o próprio gerenciamento em meio à obra de Deus e, contudo, não presta atenção ao gerenciamento de Deus. O maior fracasso do homem está em como, ao mesmo tempo em que busca se submeter a Deus e adorá-Lo, o homem está construindo o próprio destino ideal e planejando como receber a maior bênção e o melhor destino. Mesmo que alguém entenda o quanto ele mesmo é lamentável, odioso e patético, quantos deles podem abandonar prontamente seus ideais e suas esperanças? Quem é capaz de deter seus próprios passos e não pensar em si mesmo? Deus precisa daqueles que cooperam de perto com Ele para completar Sua gestão, daqueles que se submetem a Ele dedicando corpo e mente à obra de Sua gestão, não daqueles que estendem as mãos para pedir Dele todos os dias, muito menos das que dão um pouco e então esperam ser recompensadas. Deus despreza aqueles que dão uma ninharia e depois descansam sobre seus louros, aqueles de sangue frio que se ressentem a obra de Sua gestão e só querem falar sobre ir ao céu, ser abençoados. Ele odeia ainda mais aqueles que exploram a oportunidade de Sua obra de salvação. Isso porque essas pessoas nunca se importaram com o que Deus deseja alcançar e ganhar por meio da obra de Sua gestão. Sua única preocupação é como usar a oportunidade da obra de Deus para ganhar bênçãos. Elas não se importam com o coração de Deus, só pensam em seu próprio destino e perspectivas. Aquelas que se ressentem da obra de gerenciamento de Deus e carecem até do menor interesse no modo como Deus salva a humanidade e da Sua vontade só fazem o que lhes agrada, sem ligação com a obra de gerenciamento de Deus. O comportamento delas nem é lembrado nem aprovado por Deus — muito menos é visto favoravelmente por Ele” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Apêndice 3: O homem só pode ser salvo em meio ao gerenciamento de Deus”). As palavras de Deus revelavam exatamente o estado em que eu estava. No início, quando me converti, vi o que Deus prometia ao homem e pensei que, contanto trabalhássemos muito e fizéssemos sacrifícios a Deus, poderíamos ser salvos e entrar no reino de Deus. Então me entreguei de coração ao meu dever e ao passar por quaisquer condições adversas. Quando outros membros da igreja tinham dificuldades, eu corria para os apoiar e ajudar. Até continuei cumprindo meu dever quando estava enfrentando o perigo real de ser presa. Pensava que esse tipo de sacrifício certamente me renderia a proteção e as bênçãos de Deus e que eu teria um lugar no reino dos céus. Quando adoeci e encarava a possibilidade de ficar parcialmente paralisada, senti que Deus não tinha me protegido nem abençoado e que tinha perdido minha chance de um futuro e destino bons. Eu estava cheia de queixas e até queria acertar as contas, computando tudo que eu tinha feito. Eu estava discutindo com Deus, argumentando com Ele, tentando usar todos os meus sacrifícios como pontos a meu favor. Eu estava cheia de equívocos e resistência contra Deus. Eu era exatamente o que Deus quis dizer quando mencionou: “das que dão um pouco e então esperam ser recompensadas” e “as que fazem uma parca contribuição e depois descansam sobre os louros.” Confrontada com uma doença séria, meus motivos ocultos e a perspectiva transacional por trás dos meus sacrifícios em minha fé vieram à tona. Eu não estava cumprindo meu dever para buscar a verdade e me livrar da corrupção, mas queria usar a aparência de estar trabalhando muito em troca da graça e das bênçãos de Deus, em troca das bênçãos do reino. Eu estava negociando com Deus, eu O usava e enganava. Como uma oportunista como eu poderia ser digna do reino de Deus? Não fosse esse derrame, eu teria sido completamente enganada por todos os meus esforços superficiais e nunca teria reconhecido meus motivos desprezíveis para buscar bênçãos nem a adulteração da minha fé. Eu teria insistido em resistir a Deus em minha fé sem ideia do que estava fazendo.
Depois disso, continuei refletindo sobre mim mesma e sobre por que eu sempre estava tentando fazer acordos com Deus em meu dever. Li isto nas palavras de Deus em minha busca: “Todas as pessoas vivem para si mesmas. Cada um por si e o diabo pega quem fica por último — esse é o resumo da natureza do homem. A fé que as pessoas têm é em benefício próprio; elas abrem mão das coisas, despendem-se por Deus e são devotas a Ele, mas tudo em benefício pessoal. Em suma, tudo é para ganhar bênçãos para si mesmas. No mundo, tudo é questão de ganho pessoal; a fé é meramente por causa das bênçãos colhidas. As pessoas abandonam tudo e suportam muito sofrimento pelo bem de ganhar bênçãos: tudo isso é evidência empírica da natureza corrupta do homem” (Extraído de ‘Bom comportamento não significa que o caráter de alguém mudou’ em “As declarações de Cristo dos últimos dias”). As palavras de Deus me mostraram a raiz da minha atitude transacional em minha fé. Ditados como “cada um por si e o demônio pega quem fica por último” e “nunca mexa um dedo sem recompensa” eram ideias satânicas que tinham se enraizado no meu coração e tinham se tornado leis de sobrevivência para mim. Em tudo que fazia, meu benefício pessoal era o mais importante, por isso achava que deveria ser recompensada por aquilo que contribuía. Até em meu trabalho para Deus, eu só estava tentando fazer um acordo com Ele e pensava que buscar bênçãos em minha fé era perfeitamente normal. Quando tive um derrame após trabalhar tanto e fazer tantos sacrifícios e percebi que eu poderia morrer a qualquer momento, perdi toda esperança de ser salva, de ter um bom desfecho e destino e imediatamente me levantei contra Deus e O culpei. Eu estava computando tudo que tinha feito, argumentando com Deus, colocando-me contra Ele. Vi que tinha vivido segundo os venenos de Satanás. Eu não estava vivendo com nenhuma semelhança humana e, se não me arrependesse, eu seria eliminada e punida mais cedo ou mais tarde.
Mais tarde, li ainda algumas outras passagens das palavras de Deus, que me deram um entendimento da perspectiva equivocada sobre a busca em minha fé. Deus Todo-Poderoso diz: “Quando o homem avalia outros, ele o faz de acordo com a contribuição deles. Quando Deus avalia o homem, Ele o faz de acordo com a sua natureza. Entre aqueles que buscam vida, Paulo foi alguém que não conheceu sua própria substância. Não era humilde nem obediente de modo algum e também não conhecia a sua essência, que era oposta a Deus. Logo, ele foi alguém que não passara por experiências detalhadas e alguém que não pôs a verdade em prática. Pedro era diferente. Ele conhecia as suas imperfeições, suas fraquezas e seu caráter corrupto como criatura de Deus, então tinha uma senda de prática por meio da qual mudar o seu caráter; não foi um daqueles que só tinham doutrina sem possuir realidade alguma. Aqueles que mudam são pessoas novas que foram salvas, são aqueles qualificados na busca da verdade. As pessoas que não mudam pertencem àquelas que são naturalmente obsoletas; são aquelas que não foram salvas, isto é, aquelas que são detestadas e rejeitadas por Deus. Elas não serão lembradas por Deus, por maior que seja o seu trabalho. Quando você compara isso com a sua própria busca, deve ficar óbvio se você é, em última instância, do mesmo tipo de pessoa que Pedro ou que Paulo” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “O sucesso ou o fracasso dependem da senda que o homem percorre”). “Se o que você busca é a verdade, se o que põe em prática é a verdade e se o que obtém é uma mudança em seu caráter, então a senda que você trilha é a correta. Se o que você busca são as bênçãos da carne, o que põe em prática é a verdade de suas próprias noções e se não há mudança alguma em seu caráter, se você não é nada obediente a Deus na carne e ainda vive na incerteza, o que você busca seguramente o levará ao inferno, pois a sua senda é a senda do fracasso. Ser tornado perfeito ou eliminado depende da sua própria busca, o que também é dizer que o sucesso ou o fracasso depende da senda percorrida pelo homem” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “O sucesso ou o fracasso dependem da senda que o homem percorre”). Quando refleti mais sobre isso, isso foi muito esclarecedor para mim. Quando Deus avalia uma pessoa, Ele não se baseia naquilo que ela contribuiu na superfície, mas em sua atitude e perspectiva diante das coisas, na postura que assume, e em se ela consegue colocar a verdade em prática e se submeter a Deus. Mas eu pensava que, contanto que alguém fizesse sacrifícios e trabalhasse muito, Deus Se regozijaria nisso e o abençoaria, e ele teria um bom destino. Isso não era claramente contrário às palavras de Deus? Na Era da Graça, Paulo viajou por grande parte da Europa compartilhando o evangelho do Senhor. Ele sofreu muito, completou muito trabalho e fundou tantas igrejas. Mas nada que fez foi por submissão a Deus nem para cumprir o dever de um ser criado. Foi para que fosse abençoado e recompensado pessoalmente. É por isso que, depois de viajar e trabalhar tanto, ele disse: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada” (2 Timóteo 4:7-8). Paulo estava descaradamente exigindo uma coroa de Deus. Seus sacrifícios não eram sinceros e não vinham de sua submissão a Deus. No fim, ele não só não entrou no reino, mas foi punido. Na minha fé, eu não estava vendo as coisas a partir da verdade e dos princípios nas palavras de Deus, mas eu estava avaliando a obra de Deus de acordo com a lógica de Satanás e uma atitude transacional. Isso era totalmente ridículo da minha parte. As palavras de Deus dizem: “Se o que você busca é a verdade, se o que põe em prática é a verdade e se o que obtém é uma mudança em seu caráter, então a senda que você trilha é a correta” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “O sucesso ou o fracasso dependem da senda que o homem percorre”). Percebi que eu devia buscar a verdade e me concentrar em conhecer a mim mesma por meio do processo de cumprir o meu dever, tratar das minhas perspectivas erradas, meus motivos errados e meu caráter corrupto, alcançar obediência a Deus e cumprir o meu dever por considerar a vontade de Deus e nada além dela. Esse é o único jeito de sermos salvos por Deus. Uma vez que percebi tudo isso, fiz uma oração: “Não importa o que aconteça com minha saúde, estou pronta para me submeter. Se eu viver e sair do hospital, cumprirei meu dever para retribuir o amor de Deus enquanto me restar um suspiro!”
No meu 12o dia no hospital, perguntei se eu poderia ser examinada para receber alta, e, depois de um exame, o médico disse: “A hemorragia parou, mas os coágulos de sangue não se dissolveram totalmente. Isso parece estar muito bom para apenas doze dias de tratamento”. Fiquei entusiasmada ao ouvir isso e dei graças a Deus por me proteger. O médico também me disse que, quando deixasse o hospital, eu deveria me concentrar em minha recuperação e não me esgotar e que meus vasos sanguíneos cerebrais estavam muito frágeis, por isso não devia sofrer nenhuma queda, caso contrário, as consequências de um segundo derrame seriam terríveis. No dia em que voltei para casa, recebi uma mensagem de que a irmã Zhang, uma irmã com que eu trabalhava, tinha saído por quatro dias, mas ainda não tinha retornado para a casa de seu anfitrião. Era muito provável que tinha sido presa. Aquilo me deixou muito preocupada. Significava que os locais de reunião que ela frequentara e as casas em que as ofertas da igreja eram guardadas estavam em perigo, de modo que precisavam ser avisados para tomar precauções imediatas. Mas isso incluía muitos lugares, e tendo acabado de sair do hospital, eu não dava conta fisicamente de toda essa agitação. Por que isso não aconteceu antes ou depois disso? Por que tinha que acontecer num momento tão crítico? Se eu tivesse outro derrame, eu poderia ser incapacitada de ficar de pé, e sair para informar todas essas pessoas era muito perigoso. Se eu fosse presa, eu conseguiria resistir fisicamente à tortura brutal da polícia? Provavelmente, seria meu fim. Mas só a irmã Zhang e eu sabíamos onde esses irmãos viviam, então, se eu não os notificasse, eles acabassem presos e as ofertas fossem levadas pela polícia, a perda seria terrível. Diante desse conflito, lembrei-me da oração que fizera antes de receber alta do hospital, de que, se vivesse para sair do hospital, eu me dedicaria ao meu dever e retribuiria o amor de Deus até meu último suspiro. Agora que algo estava acontecendo, como eu podia simplesmente me esquecer dessa promessa? Eu me prostrei diante de Deus e orei: “Deus, eu sei que Tu estás me observando, vendo a atitude que tenho. Estou disposta a defender o trabalho da casa de Deus e cumprir o meu dever”. Também pensei no que aconteceu quando o Senhor Jesus foi pregado na cruz, o que me comoveu muito. O Senhor Jesus foi ao local de Sua crucificação sem jamais olhar para trás, tudo para redimir a humanidade, e sofreu dor e humilhação inimagináveis. O amor de Deus pela humanidade é tão grande. Ele entregou Sua vida por nós, por que, então, eu não podia renunciar aos meus interesses pessoais e proteger o trabalho da igreja para retribuir o amor de Deus? Como um ser criado, eu não podia apenas desfrutar da graça de Deus e só pensar em minhas próprias bênçãos. Se eu não cumprisse meu dever, eu não seria digna nem de ser chamada humana. Encorajada pelas palavras de Deus, comecei a fazer arranjos para cuidar dos assuntos. Quando estava a caminho da casa do segundo anfitrião, descobri que a irmã Zhang não tinha sido presa. Agradeci tanto a Deus. Também fiquei muito mais em paz, pois tinha sido capaz de corrigir meus motivos e perspectivas e de colocar a verdade em prática.
Esses seis anos se passaram rapidamente. Não estou totalmente bem, meu pé e minha mão esquerdos ainda têm alguma dormência, mas sei que minha saúde está nas mãos de Deus. A recuperação parcial serve para me proteger, como lembrete de não me esforçar para receber bênçãos, de não acabar na senda errada como Paulo. Sofri durante tudo isso, mas isso me ajudou a entender melhor minha corrupção e adulterações e a corrigir minhas perspectivas equivocadas sobre ser abençoada. Entendi que, na minha fé, eu deveria buscar a verdade e me submeter a Deus e cumprir o dever de um ser criado. Agora, tenho o alvo correto em minha busca — essa doença tem sido uma bênção disfarçada! Eu nunca poderia ter ganhado tudo isso num ambiente confortável. Graças a Deus por Sua salvação!