16. Deixei de ser covarde

Por Sabrina, França

Em julho de 2022, eu estava regando novos crentes na igreja. Lucia era a diaconisa de rega responsável pelo meu trabalho. Ruthy, a líder de igreja, tinha uma opinião favorável sobre Lucia. Ela a elogiava com frequência na nossa frente por ter calibre bom e forte capacidade de trabalho e se referia a ela como o pilar do trabalho de rega da igreja. Portanto, eu também a tinha em alta conta. Mas depois de interagir com Lucia por um tempo, descobri que ela não buscava as verdades princípios em seu jeito de lidar com as coisas e que fazia ajustes arbitrários na equipe. Várias vezes, os regadores arranjados por ela não se conformavam aos princípios, e, em menos de um mês, ela os substituía. As mudanças frequentes nos regadores afetavam gravemente o trabalho de regar os novos crentes. Além disso, em seu trabalho, ela só gritava chavões e se envolvia em tarefas superficiais, sem abordar nossas dificuldades reais. Sempre que nossos resultados de rega não eram tão bons quanto os de outras igrejas, ela ficava muito brava e nos repreendia continuamente como um adulto dando bronca nas crianças. Os irmãos se sentiam cada vez mais constrangidos por ela, e não se atreviam a falar quando a viam, com uma sensação forte de repressão. Ruthy, a líder, estava ciente dos comportamentos de Lucia, mas nunca abordava os problemas dela por meio da comunhão.

Em maio de 2023, durante uma reunião, os líderes de nível superior nos comunicaram a verdade sobre o discernimento de anticristos, falsos líderes e pessoas malignas e nos incentivaram a praticar a verdade e a expor quaisquer comportamentos e manifestações de anticristos, falsos líderes e pessoas malignas que observássemos. Após a reunião, o irmão Jasper me procurou e disse: “A diaconisa de rega Lucia é imprudente ao escolher e usar pessoas, sem seguir os princípios, e repreende frequentemente os irmãos. Eu soube dos problemas que você mencionou em relação a ela. Como você tem mais contato com a Lucia e está mais familiarizada com os comportamentos dela, sugiro que denuncie esses problemas. Isso é um ato de retidão”. Ao ouvir as palavras de Jasper, também achei que os problemas de Lucia deveriam ser denunciados e concordei em enviar uma carta de denúncia naquele dia. Quando eu estava prestes a escrevê-la, ocorreu-me de repente que Ruthy e Lucia supervisionavam diretamente meu trabalho e que, se eu enviasse a carta de denúncia, ela acabaria passando por suas mãos. Lucia costumava ser bastante dominadora e me acusava frequentemente de ser irresponsável no meu dever e de não me concentrar em obter resultados no trabalho. Se descobrisse que eu a tinha denunciado, será que ela me puniria, dificultaria a minha vida ou até me dispensaria ou me realocaria? Essas coisas me deixaram muito assustada e dividida, e pensei comigo: “É melhor eu apenas fazer vista grossa. Causar problemas para elas significaria causar problemas para mim mesma. Não quero perder a oportunidade de desempenhar meus deveres. Proteger-me é mais importante”. Além disso, como havia muitas coisas para resolver naquele dia, decidi não escrever a carta de denúncia, usando a desculpa de estar ocupada. No dia seguinte, Jasper mandou uma mensagem perguntando se eu tinha enviado a denúncia. Quando vi a mensagem, senti meu rosto arder e fiquei profundamente envergonhada no coração. Simplesmente respondi com a palavra “não”. Jasper não disse mais nada.

Nos dias seguintes, senti-me muito incomodada e atormentada pela culpa. Durante meus devocionais, li estas palavras de Deus: “Se você costuma ter um senso de acusação em sua vida, se seu coração não consegue encontrar descanso, se você está sem paz nem alegria e, muitas vezes, é acometido de preocupação e ansiedade sobre todos os tipos de coisas, o que isso demonstra? Apenas que você não pratica a verdade, não permanece firme em seu testemunho de Deus. Quando vive em meio ao caráter de Satanás, você fica propenso a falhar frequentemente na prática da verdade, a trair a verdade, a ser egoísta e vil; você só defende sua imagem, seu nome e status, e seus interesses. Sempre viver para si mesmo lhe traz grande dor. Você tem tantos desejos egoístas, complicações, grilhões, receios e vexames que não tem nem um pouco de paz, nem de alegria. Viver em prol da carne corrupta significa sofrer excessivamente(A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “A entrada na vida começa com o desempenho do dever”). A exposição das palavras de Deus me fez perceber claramente que minha inquietação e culpa eram causadas por eu salvaguardar meus próprios interesses e proteger a mim mesma em vez de praticar a verdade. Eu estava bem ciente de que expor e denunciar falsos líderes, anticristos e pessoas malignas é responsabilidade de cada um do povo escolhido de Deus e um aspecto da verdade que deve ser praticado. Isso acontece porque o dano causado pelos anticristos e pelas pessoas malignas ao trabalho da igreja é tão grande que qualquer pessoa com consciência e razão deve denunciá-los e expô-los para proteger o trabalho da igreja. No entanto, mesmo após descobrir os problemas, não tive coragem de denunciá-las, temendo que Ruthy e Lucia poderiam me reprimir e retaliar quando vissem a minha denúncia. Preferi ser uma bajuladora a proteger o trabalho da igreja e não pensei em como cumprir meus deveres e permanecer firme em meu testemunho. Eu fui tão egoísta e desprezível! Ao perceber isso, orei a Deus em silêncio: “Ó Deus, sou tão egoísta e desprezível por não ter a coragem de escrever a denúncia. Sinto uma culpa profunda. Ó Deus, por favor, dá-me a fé e a coragem para praticar a verdade”.

Nos dias seguintes, identifiquei ainda mais problemas em Lucia. Em um relatório de trabalho, ela disse que cinco recém-convertidos não tinham sede da verdade nem frequentavam as reuniões regularmente e que ela planejava parar de regá-los e apoiá-los. Mas, na realidade, alguns desses recém-convertidos estavam doentes, outros estavam ocupados com o trabalho, e outros tinham problemas familiares reais que precisavam ser resolvidos, o que os impedia temporariamente de participar das reuniões regularmente, e os próprios recém-convertidos também estavam aborrecidos com isso. Como a participação irregular dos recém-convertidos afetava os resultados do trabalho de Lucia, ela simplesmente desistiu daqueles que precisavam de rega e apoio. Sentimos que isso violava claramente os princípios e era irresponsabilidade, portanto, revisamos a parte do relatório de Lucia que não condizia com os fatos. Quando Lucia viu as mudanças, ela ficou furiosa e nos interrogou sobre o motivo das alterações. Quando expliquei o motivo, Lucia se irritou ainda mais e me repreendeu: “Por que está tentando agir como uma heroína? Todos conhecem os princípios, você é a única que não os entende. Que trabalho de rega é esse que você está fazendo?”. Fiquei completamente confusa. De acordo com os princípios, aqueles cinco recém-convertidos não eram pessoas que não tinham sede da verdade; eram indivíduos que precisavam de rega e apoio, e era apropriado corrigirmos o conteúdo que não estava alinhado com os fatos. Então, por que Lucia se irritou tanto e ficou me acusando de tentar ser uma heroína? Senti que havia algo de errado com ela. Ela era a diaconisa de rega, portanto, se ela agisse sem princípios, isso afetaria o trabalho de rega, e as consequências poderiam ser terríveis. Lembrei que não tive coragem de escrever a carta de denúncia, na última vez, e que perdi uma oportunidade de praticar a verdade, e me senti em dívida. Dessa vez, eu tinha que relatar seus problemas aos superiores. Mas um pensamento me ocorreu: “Se eu relatar os problemas de Lucia diretamente à líder Ruthy, será que ela vai achar que estou fazendo de tudo para dificultar as coisas para Lucia?”. Lembrei-me de que, um ano antes, quando Lucia veio para a nossa igreja, Ruthy ficou muito satisfeita, dizendo que ela tinha calibre bom e forte capacidade de trabalho e que ela era um pilar da igreja. Além disso, Ruthy estava bem ciente de que Lucia agia sem princípios e tendia a reprimir e passar sermões nos outros, mas sempre fazia vista grossa em relação aos problemas de Lucia. Visto que Ruthy tinha Lucia em alta conta, ela levaria meu relatório a sério? Ela acobertaria Lucia e dificultaria as coisas para mim, impedindo-me de desempenhar meus deveres? Com essas coisas em mente, fiquei muito preocupada e sem saber se deveria mencionar os problemas de Lucia a Ruthy. Percebi que, mais uma vez, estava tentando me proteger. Então, naquela noite, procurei artigos de testemunho experiencial relevantes relacionados ao meu estado. Um deles citava uma passagem das palavras de Deus que me comoveu muito. Li estas palavras de Deus: “Todos vocês dizem que têm consideração pelo fardo de Deus e que defenderão o testemunho da igreja, mas quem dentre vocês realmente foi atencioso com o fardo de Deus? Perguntem a si mesmos: você é alguém que demonstrou consideração pelo fardo de Deus? Você pode praticar a justiça para Deus? Você pode se levantar e falar por Mim? Você pode colocar a verdade em prática firmemente? Você tem coragem suficiente para lutar contra todos os atos de Satanás? Você seria capaz de colocar seus sentimentos de lado e expor Satanás em prol da Minha verdade? Você pode permitir que Minhas intenções sejam satisfeitas em você? Você ofereceu seu coração nos momentos mais cruciais? Você é alguém que segue a Minha vontade? Faça a si mesmo essas perguntas e pense sobre elas com frequência(A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Declarações de Cristo no princípio, Capítulo 13”). As palavras de questionamento de Deus me encheram de profunda vergonha e culpa. Vi claramente que Lucia não seguia os princípios em seu dever, que costumava agir de acordo com seu caráter corrupto e sua impetuosidade para passar sermão nos irmãos. Eu tinha algum discernimento dos problemas de Lucia e queria relatá-los a Ruthy, mas temia que Lucia poderia retaliar e dificultar as coisas para mim e que Ruthy protegeria Lucia e me reprimiria ou me deixaria de escanteio. Como resultado, eu me protegi e não relatei os problemas. Durante esse período, meu coração estava sempre concentrado em proteger meus próprios interesses, não considerava o fardo de Deus, e eu não salvaguardava o trabalho da igreja. Em momentos críticos, eu sempre recuava, não praticava a verdade e não defendia os princípios. Ao ponderar sobre as palavras de Deus, entendi Sua intenção e encontrei a senda de prática. Assim, criei coragem para relatar os problemas de Lucia a Ruthy.

No dia seguinte, Ruthy pediu que eu e vários outros líderes de equipe escrevêssemos uma avaliação de Lucia. Anotei todos os problemas que havia observado da forma mais detalhada possível, mas ainda estava preocupada, pois temia que Ruthy protegeria Lucia e me deixaria de escanteio ou me reprimiria. Assim, deixei alguma margem de manobra para mim mesma, acrescentando uma linha à avaliação: “Ainda não vi esses problemas com clareza total, eu os relato para que todos os avaliem juntos”. Achei que, quando Ruthy reunisse as avaliações de Lucia, ela a dispensaria, mas os dias se passaram sem que nada acontecesse. Comecei a ficar ansiosa novamente, pensando: “Todos escreveram suas avaliações de Lucia, e mesmo que considerem que ela não mereça ser dispensada, ela deveria ser exposta e seus problemas deveriam ser apontados para que ela possa perceber seus problemas. Mas ainda não houve nenhum sinal de atividade. É possível que a líder ache que minha avaliação não está correta? Ela vai me dispensar?”. Alguns dias depois, Lucia viu que os outros regadores e eu ainda estávamos apoiando os recém-convertidos que não participavam regularmente das reuniões e ficou muito aborrecida, quis saber por que aqueles que não frequentavam as reuniões regularmente ainda estavam na igreja, acusando-nos de agir com teimosia. Durante uma reunião de obreiros, ela nos repreendeu novamente por causa desse problema, pressionando-nos a desistir dos recém-convertidos que não frequentavam as reuniões regularmente. Achei que os problemas de Lucia eram muito sérios, mas, mais tarde, quando vi que ela não só não havia sido dispensada, como também havia sido promovida para supervisionar um item de trabalho importante, fiquei em dúvida se eu havia feito um relato incorreto por falta de discernimento. Durante esse período, eu me sentia muito reprimida e desanimada, e não entendia qual era realmente a intenção de Deus ao me deparar com tal situação e como eu deveria experienciá-la. Especialmente porque Lucia agora ocupava uma posição mais elevada, se ela realmente descobrisse que eu havia denunciado seus problemas, ela poderia me realocar ou me dispensar a qualquer momento ou até mesmo me remover da igreja. Essas coisas me deixaram muito preocupada e temerosa, e eu não quis mais discernir Lucia.

Um dia, em julho, os líderes superiores enviaram dois irmãos para me interrogar sobre a situação de Lucia. Foi só então que fiquei sabendo que o irmão Jasper havia passado aos líderes superiores as informações que havia coletado quando descobriu que eu não havia escrito a carta de denúncia. Compartilhei todos os comportamentos de Lucia com os dois irmãos. Quando ouviram isso, ficaram muito surpresos e disseram: “Ruthy pediu a todos vocês que escrevessem avaliações de Lucia; por que, então, nada foi feito em relação a isso por quase um mês?”. Por fim, os dois irmãos me perguntaram: “Você não escreveu a carta de denúncia porque estava com medo?”. Ao ouvir a pergunta dos irmãos, senti-me profundamente envergonhada e culpada. Percebi o quanto eu tinha sido egoísta e desprezível, sempre tentando me proteger. Eu me senti tão covarde. Depois de relatar a situação e ver que Lucia não só não foi dispensada, como também foi promovida, não tive coragem de fazer outras denúncias. Na verdade, eu sabia muito bem que Lucia tinha problemas e que muitos de seus pontos de vista e práticas não estavam alinhados com as verdades princípios. Ela reprimia e repreendia os outros em nome de seu próprio status, reputação e eficácia no trabalho e não resolvia problemas reais. Ela até abandonou vários recém-convertidos que precisavam de rega e apoio. Quando eu corrigi seus problemas, ela até me repreendeu, acusando-me de tentar ser uma heroína. Entretanto, por medo de seu status e poder e de ser reprimida ou punida, não fui capaz de aderir às verdades princípios e não tive coragem de expô-la e denunciá-la. Naquela noite, não consegui dormir por muito tempo. Pensei em como eu estivera vivendo em um estado de repressão, desânimo e conflito interno durante aquelas seis semanas. Eu tinha percebido problemas, mas tive medo demais para me manifestar e, depois de finalmente relatar os problemas, receei ser reprimida. Esse estado continuava se repetindo. Qual, exatamente, era o problema? Procurei as palavras de Deus relacionadas a meu estado. Nesse momento, li uma passagem das palavras de Deus: “Qual é a atitude que as pessoas devem ter em termos de como tratar um líder ou obreiro? Se o que um líder ou obreiro faz está correto e está alinhado com a verdade, você pode obedecer a ele; se o que ele faz está errado e não está alinhado com a verdade, então você não deve obedecer a ele e pode expô-lo, e se opor a ele, e manifestar uma opinião diferente. Se eles forem incapazes de fazer trabalho real ou cometerem atos malignos que causem uma perturbação no trabalho da igreja, e forem revelados como falsos líderes, falsos obreiros ou anticristos, você pode discerni-los, expô-los e denunciá-los. Entretanto, alguns entre o povo escolhido de Deus não entendem a verdade e são particularmente covardes; eles temem ser suprimidos e atormentados por falsos líderes e anticristos, então não ousam defender os princípios. Eles dizem: ‘Se o líder me expulsar, para mim acabou; se ele fizer com que todos me exponham ou abandonem, eu não serei mais capaz de crer em Deus. Se eu for expulso da igreja, Deus não vai me querer e não me salvará. E a minha fé não terá sido em vão?’. Pensar desse jeito não é ridículo? Essas pessoas têm fé verdadeira em Deus? Um falso líder ou um anticristo estaria representando Deus ao expulsar você? Quando um falso líder ou anticristo atormenta e expulsa você, isso é trabalho de Satanás, e nada tem a ver com Deus; quando as pessoas são removidas ou expulsas da igreja, isso só está alinhado com as intenções de Deus quando há uma decisão conjunta entre a igreja e todo o povo escolhido de Deus, e quando a remoção ou expulsão está totalmente alinhada com os arranjos de trabalho da casa de Deus e com as verdades princípios das palavras de Deus. Como ser expulso por um falso líder ou um anticristo poderia significar que você não pode ser salvo? Isso é perseguição de Satanás e do anticristo, e não significa que você não será salvo por Deus. Se você pode ser salvo ou não depende de Deus. Nenhum ser humano está qualificado para decidir se você pode ser salvo por Deus. Você deve ter clareza em relação a isso. E tratar ser expulso por um falso líder ou anticristo como ser expulso por Deus — isso não é interpretar Deus errado? É, sim. E isso não é só interpretar Deus errado, mas também rebelar-se contra Deus. É também um tipo de blasfêmia contra Deus. E interpretar Deus errado, desse jeito, não é algo ignorante e tolo? Quando um falso líder ou um anticristo expulsa você, por que você não busca a verdade? Por que você não procura alguém que entende a verdade a fim de ganhar algum discernimento? E por que você não relata isso aos superiores? Isso prova que você não acredita que a verdade reina suprema na casa de Deus, mostra que você não tem fé verdadeira em Deus, que você não é alguém que realmente crê em Deus. Se você confia na onipotência de Deus, por que teme a retaliação de um falso líder ou de um anticristo? Eles podem determinar o seu destino? Se você é capaz de discernimento e detecta que suas ações estão em desacordo com a verdade, por que não se comunicar com o povo escolhido de Deus que entende a verdade? Você tem boca; por que, então, não se atreve a se manifestar? Por que você tem tanto medo de um falso líder ou de um anticristo? Isso prova que você é um covarde, um inútil, um lacaio de Satanás(A Palavra, vol. 4: Expondo os anticristos, “Item três: Eles excluem e atacam aqueles que buscam a verdade”). As palavras de Deus me fizeram perceber que, durante esse tempo, minhas vacilações repetidas e inúmeras preocupações e inquietações relacionadas a denunciar Lucia se deviam a atitude e ponto de vista incorretos em relação aos líderes e obreiros. Eu tinha os líderes e os obreiros em alta conta, acreditava que eles tinham status e poder e que ofendê-los causaria problemas e provavelmente me levaria a perder meus deveres ou até mesmo a ser removida da igreja. Nesse caso, eu perderia a chance de ser salva. Portanto, embora eu visse claramente os problemas de Lucia e quisesse denunciá-los, tinha medo de ser reprimida, sofrer retaliação ou que me dificultassem a vida, por isso eu sempre recuava e não ousava fazer a denúncia. Até quando relatei os problemas de Lucia a Ruthy, tive algumas reservas, e também fui enganosa e falei de modo ambíguo, dizendo que não conseguia ver claramente os problemas de Lucia e que todos nós deveríamos avaliá-los juntos. Especialmente depois de denunciar os problemas de Lucia, quando vi que ela não só não havia sido dispensada, mas que havia sido promovida e que virei alvo dela, fiquei ainda mais temerosa. Decidi parar de discerni-la e de denunciá-la. Dessa forma, eu poderia evitar ser reprimida e manter meus deveres. Foi por meio da exposição das palavras de Deus que percebi o quanto eu tinha sido ignorante e tola. Eu acreditava que ser dispensada ou reprimida por líderes e obreiros significava perder a oportunidade de ser salva. Esse ponto de vista é absolutamente absurdo! Eu não tinha fé verdadeira em Deus e não acreditava que a casa de Deus é governada pela verdade. Eu acreditava em Deus, mas não confiava que minha sina estava em Suas mãos, e até achava que os falsos líderes e anticristos poderiam determinar meu destino. Eu achava que os falsos líderes e anticristos eram ainda maiores do que Deus. Isso era realmente uma blasfêmia contra Deus!

Mais tarde, conversei com Jasper sobre Lucia, e ambos sentimos que essa situação era o arranjo de Deus para abordar nossas deficiências e que ela continha a intenção de Deus. Jasper compartilhou comigo uma passagem das palavras de Deus: “Quando todos os tipos de pessoas malignas e descrentes aparecem e exercem vários papéis como diabos e satanases, violando os arranjos de trabalho e fazendo algo totalmente diferente, mentindo e enganando a casa de Deus, quando eles perturbam e interrompem a obra de Deus, fazendo coisas que envergonham o nome de Deus e mancham a casa de Deus, a igreja, você não faz nada além de se irritar quando vê isso, mas não consegue se levantar para defender a justiça, expor as pessoas malignas, defender o trabalho da igreja, abordar e lidar com essas pessoas malignas e impedir que eles perturbem o trabalho da igreja e manchem a casa de Deus, a igreja. Ao não fazer essas coisas, você deixou de dar testemunho. Algumas pessoas dizem: ‘Não ouso fazer essas coisas, temo que, se eu tratar muitas pessoas, possa ofendê-las, e se elas se juntarem contra mim para me punir e me remover do cargo, o que farei?’. Digam-Me, elas são covardes e medrosas, elas não têm a verdade e não conseguem distinguir as pessoas ou perceber a perturbação de Satanás, ou são desleais no desempenho do dever, tentando apenas proteger a si mesmas? Qual é o problema real aqui? Alguma vez já pensaram sobre isso? Se você é naturalmente tímido, frágil, covarde e temeroso, no entanto, após tantos anos de crer em Deus, com base num entendimento de certas verdades, você desenvolver uma fé genuína em Deus, você não será capaz de superar parte de sua fraqueza, timidez e fragilidade humana e de não mais ter medo das pessoas malignas? (Sim.) Qual, então, é a causa de sua incapacidade de lidar com as pessoas malignas e abordá-las? É porque sua humanidade é inerentemente covarde, tímida e medrosa? Isso não é nem a causa principal nem a essência do problema. A essência do problema é que as pessoas não são leais a Deus; elas protegem a si mesmas, protegem sua segurança pessoal, sua reputação, seu status e sua rota de fuga. Sua deslealdade se manifesta em como sempre se protegem, escondem-se como uma tartaruga se esconde em sua carapaça sempre que enfrenta algo e espera até aquilo passar antes de mostrar a cabeça de novo. Não importa com que se deparem, elas sempre pisam em ovos, têm muita ansiedade, preocupação e apreensão e não são capazes de se levantar e defender o trabalho da igreja. Qual é o problema aqui? Não é falta de fé? Você não tem fé real em Deus, você não acredita que Deus é soberano sobre todas as coisas, e você não acredita que sua vida, seu tudo, está nas mãos de Deus. Você não acredita no que Deus diz: ‘Sem a permissão de Deus, Satanás não ousa mexer em um só fio de cabelo em seu corpo’. Você confia em seus próprios olhos e julga os fatos, você julga as coisas com base em seus cálculos, sempre protegendo a si mesmo. Você não acredita que o destino de uma pessoa está nas mãos de Deus; você tem medo de Satanás, de forças malignas e de pessoas malignas. Isso não é uma falta de fé genuína em Deus? (Sim.) Por que não há fé real em Deus? Será que é porque as experiências das pessoas são superficiais demais e elas não conseguem perceber bem essas coisas ou porque elas não entendem o suficiente da verdade? Qual é a razão? Isso tem algo a ver com os caracteres corruptos das pessoas? É porque as pessoas são astutas demais? (Sim.) Não importam quantas coisas elas experimentem, não importam quantos fatos sejam apresentados a elas, elas não acreditam que isso é a obra de Deus nem que o destino de uma pessoa está nas mãos de Deus. Esse é um aspecto. Outro problema mortal é que as pessoas se importam demais consigo mesmas. Elas não estão dispostas a pagar nenhum preço nem a fazer nenhum sacrifício por Deus, por Sua obra, pelos interesses da casa de Deus, por Seu nome ou por Sua glória. Não estão dispostas a fazer nada que envolva nem mesmo o menor perigo. As pessoas se importam demais consigo mesmas! Por causa de seu medo da morte, da humilhação, de serem presas pelas pessoas malignas e de caírem em algum tipo de situação difícil, as pessoas fazem de tudo para preservar sua carne e se esforçam para não se meterem em nenhuma situação perigosa. […] Não importam que circunstâncias ou questões você enfrente, você as aborda usando esses métodos, táticas e estratégias e é incapaz de permanecer firme em seu testemunho de Deus. Não importam as circunstâncias, você é incapaz de ser um líder ou obreiro qualificado, é incapaz de exibir as qualidades ou ações de um administrador e é incapaz de demonstrar lealdade plena, perdendo assim seu testemunho. Não importam quantas questões você enfrente, você é incapaz de confiar em sua fé em Deus para executar lealdade e sua responsabilidade. Consequentemente, o resultado é que você não ganha nada. Em cada circunstância que Deus orquestrou para você e quando você lutou contra Satanás, sua escolha sempre foi recuar e escapar. Você não seguiu a trajetória que Deus indicou ou estabeleceu para você experimentar. Assim, em meio a essa batalha, você perde a verdade, o entendimento e as experiências que deveria ter ganhado(A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade, “Como buscar a verdade (19)”). As palavras de Deus me comoveram profundamente. O que Deus expunha era exatamente meu estado. Em particular, Deus expunha que, quando vemos pessoas malignas cometendo o mal, não ousamos denunciá-las e deixamos de defender o trabalho da igreja. Isso não é apenas fraqueza ou timidez; a essência do problema é que a pessoa não é leal a Deus. É por isso que nos protegemos constantemente, considerando nosso próprio futuro e segurança. Além disso, Deus expunha que essas pessoas não têm fé genuína Nele, não acreditam na onipotência e na soberania de Deus. Elas julgam as coisas com base apenas no que veem e em seus próprios cálculos. Quando confrontadas com forças malignas, elas correm e se escondem, achando que talvez Deus não seja capaz de protegê-las e que Ele é menos confiável do que elas mesmas, por isso elas não têm coragem de se confiar a Deus. O coração das pessoas é tão cheio de cálculos e engano! Outro aspecto é que as pessoas se preocupam demais com elas mesmas e não estão dispostas a pagar nenhum preço nem a fazer nenhum sacrifício para proteger o trabalho da igreja. Tais pessoas são totalmente egoístas e desprezíveis. Essa é a falha fatal em mim. Refleti sobre como Deus encarnou duas vezes para operar na terra para nos salvar, suportando de bom grado imensa humilhação, fazendo esforços meticulosos e dando tudo de Si. Deus nunca recuou nem cessou Sua obra de salvar a humanidade por causa de humilhação, calúnia, perseguição e tribulações. Deus sempre concedeu em silêncio e sem reclamações. Deus não fez todas essas coisas para Ele Mesmo, nem para ganhar algo do homem, mas para salvar a nós, os humanos, que fomos tão profundamente corrompidos por Satanás. A essência de Deus é tão bela e altruísta! Lembrei-me de como Deus me regou e supriu continuamente com Suas palavras ao longo de meus anos de fé e de como Ele arranjou muitas pessoas, eventos, coisas e situações para que eu os experienciasse, guiando-me e conduzindo-me a entender a verdade, entrar na realidade e aprender a me comportar e agir de acordo com as verdades princípios. Agora que falsos líderes e pessoas malignas estavam interrompendo e perturbando o trabalho da igreja, esse era exatamente o momento em que eu devia ter a iniciativa e proteger os interesses da casa de Deus. No entanto, a fim de me proteger, estive escondendo de Deus meus pensamentos e sendo enganosa com Ele e não estava disposta a renunciar a meus próprios interesses para praticar a verdade. Eu era realmente enganosa demais, egoísta e baixa demais! Orei a Deus em silêncio e resolvi que, dali em diante, eu buscaria tornar-me uma pessoa com um senso de retidão capaz de praticar a verdade e proteger o trabalho da igreja.

Alguns dias depois, a igreja dispensou Lucia como supervisora, mas ainda manteve sua posição como diaconisa de rega. Durante a reunião, percebi que Lucia tinha pouco conhecimento de si mesma. Ela ficava ressaltando que sua demissão se devia apenas à falta de experiência no trabalho. Pensei em seu comportamento no passado e senti que ela não era mais adequada para ser a diaconisa de rega e que o arranjo atual era inadequado. Dessa vez, não quis me proteger como fizera da última vez. Estava determinada a tomar a iniciativa de denunciar os problemas de Lucia. Assim, procurei os dois irmãos que haviam me perguntado sobre Lucia e lhes relatei a situação dela. Dessa vez, em minha carta de denúncia, expus claramente meu ponto de vista: acredito que Lucia está seguindo a senda de um anticristo, não é adequada para ser líder nem obreira e deve ser dispensada. Ao mesmo tempo, também relatei como a líder Ruthy deliberadamente encobriu e protegeu Lucia. Depois de praticar dessa maneira, tive uma sensação de paz e segurança no coração. Mais tarde, com base no comportamento consistente de Lucia de agir de forma imprudente em seus deveres, de sempre passar sermões nas pessoas como se fosse superior, de não demonstrar nenhuma aceitação da verdade e até mesmo reprimir abertamente aqueles que a denunciavam — ela era, em essência, uma pessoa maligna e acabou sendo isolada. Ruthy também foi dispensada por não fazer trabalho real e por proteger uma pessoa maligna.

Olhando para trás, vi que passei por muita coisa em tudo isso e que fui muito revelada. Provei o fruto amargo de me proteger, e essa foi uma grande lição para mim. Ao mesmo tempo, realmente experienciei o caráter santo e justo de Deus e vi que Deus gosta de pessoas honestas e detesta pessoas enganosas e que Deus determinará o desfecho de cada pessoa com base em suas ações e na senda que escolhe. Sou grata a Deus por permitir que eu obtivesse esses ganhos!

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Próximo: 17. É correto dizer “sempre se deve estar atento ao dano que os outros possam lhe causar”?

Tendo lido até aqui, você é uma pessoa abençoada. A salvação de Deus dos últimos dias virá até você.

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