44. Meus dias em cativeiro
Em julho de 2006, eu aceitei a obra de Deus Todo-Poderoso dos últimos dias. Meu marido apoiava minha crença em Deus e recebia calorosamente os irmãos que nos visitavam. Mais tarde, ele soube que crentes em Deus Todo-Poderoso poderiam enfrentar opressão e prisão pelo governo, e ele foi preguntar a meu primo, que trabalhava na procuradoria, sobre isso. Quando chegou em casa, ele disse: “Seu primo afirma que o governo está fechando o cerco contra a crença religiosa, especialmente contra os crentes em Deus Todo-Poderoso. Além disso, um crente implicará toda sua família. Não acredite mais em Deus Todo-Poderoso. Se precisa acreditar, vá para a Igreja das Três Autonomias”. Vi que meu marido não entendia questões da fé. “A Igreja das Três Autonomias foi estabelecida pelo Partido Comunista”, eu lhe expliquei. “Ela coloca o patriotismo e o amor ao Partido em primeiro lugar, só depois vem o amor a Deus. Ela considera o Partido maior do que Deus. Isso não é fé. Não vou à Igreja das Três Autonomias.” “Eu sei que é bom ter fé em Deus Todo-Poderoso”, ele disse, resignado, “mas você tem que ver a situação claramente. É o mundo do Partido Comunista agora, e se você mantiver sua fé, poderemos perder nossos empregos. Você está disposta a desistir de seu emprego no hospital? Além disso, temos uma hipoteca e precisamos de dinheiro para criar nossa filha. Como podemos viver sem dinheiro? Se você for condenada à prisão, as pessoas me menosprezarão e nossa filha será ridicularizada pelos colegas. Você precisa pensar em nós também! Você deveria parar de crer”. Eu sabia que era inevitável que meu marido, um não crente, tivesse essas preocupações, por isso eu lhe disse: “O Partido Comunista é ateísta e sempre perseguiu aqueles que acreditam em Deus. Não desistirei da fé por causa da perseguição do Partido. Os temerosos não podem entrar no reino dos céus — você não sabe disso? Os desastres estão piorando cada vez mais. O Salvador Deus Todo-Poderoso expressou a verdade e realizou a obra de julgamento dos últimos dias para purificar e salvar a humanidade plenamente, para que possamos sobreviver à calamidade e ser levados para o reino de Deus. É uma oportunidade que nunca mais voltará! Fé em Deus significa que haverá sofrimento e perigo temporários, mas, por meio disso, podemos adquirir a verdade e ser salvos por Deus. É isso que importa”. Meu marido disse: “A entrada no reino de Deus ainda está distante. A coisa mais realística neste momento é viver uma vida boa. Não me preocupo com o que pode acontecer no futuro, não gastarei meu tempo pensando nisso”. Mais tarde, ele discutiu comigo quando viu que eu ainda ia a reuniões e desempenhava meu dever. Ele disse: “Ficar sempre apreensivo assim não é jeito de viver. Se você continuar crendo, nossa família se separará”. Eu pensei: “Talvez a família realmente se separe se eu insistir na fé. Minha filha só tem nove anos de idade e não ter uma família completa a prejudicaria muito!”. Naquele momento, eu não quis perder minha família, mas meu marido estava obstruindo o caminho da minha fé, e se as coisas continuassem assim, como eu poderia desempenhar o dever? Minha filha, minha família e Deus — eu não estava disposta a desistir de nenhum deles. Enquanto eu lutava com esse dilema, lembrei-me das palavras do Senhor Jesus: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após Mim, não é digno de Mim” (Mateus 10:37-38). Pensei em todos os santos ao longo das eras que desistiram de tudo para cumprir a comissão de Deus espalhando o evangelho e dando testemunho de Deus, e em como eu, nutrida por tanta verdade de Deus, devia estar atenta às intenções de Deus e não podia abandonar a fé e o dever só para proteger minha família. Refleti sobre Deus, que veio encarnado para salvar-nos completamente do poder de Satanás, expressando verdades silenciosamente para nos regar e sustentar enquanto suportamos opressão, prisão, aviltamento e condenação pelo grande dragão vermelho, assim como rejeição e calúnia pela comunidade religiosa. O amor que Deus tem pela humanidade é tão grande assim! Eu tinha recebido tanto de Deus, ao mesmo tempo em que valorizava minha família e filha e não pensava em como retribuir o amor de Deus. Onde estava a minha consciência? Quando pensei isso, eu me senti profundamente endividada a Deus e resolvi que, por mais que meu marido me impedisse ou pressionasse, eu seguiria a Deus; eu espalharia o evangelho e daria testemunho de Deus.
Subsequentemente, a opressão da igreja pelo Partido Comunista se tornou mais severa, e a oposição do meu marido se intensificou. Na segunda metade de 2007, sob o pretexto de manter a estabilidade para os Jogos Olímpicos, o Partido fechou o cerco na crença religiosa e oprimiu as igrejas, e vários irmãos foram presos. Uma manhã em setembro, quando eu estava me preparando para sair e espalhar o evangelho, meu marido me parou e não me deixou sair. Ele chamou meu irmão mais velho e disse: “Alguns dias atrás, nosso primo disse que o Comitê de Assuntos Políticos e Legais coordenou uma operação conjunta das agências de segurança e justiça, mobilizando muito pessoal para executar prisões em massa de crentes em Deus Todo-Poderoso. Quando são presos, eles são condenados. Então pare de crer em Deus, ok?”. Meu irmão também me instou: “Sei que fé é algo bom, mas o Partido não permite que as pessoas tenham fé em Deus. Não temos a força para lutar contra ele, então, se você precisa praticar a fé, faça-o em casa. Pare de sair para espalhar o evangelho. O que você faria se fosse presa?”. Eu disse: “Sei que vocês querem o melhor para mim, mas a coisa mais reta a se fazer é ter fé em Deus e compartilhar o evangelho para que mais pessoas possam ser salvas por Deus e sobreviver. Esta é a maior boa ação possível. Não seria incrivelmente egoísta da minha parte deixar de compartilhar o evangelho só para me proteger?”. Diante disso, meu marido caiu de joelhos e disse: “Estou implorando. Pelo nosso lar, pela nossa filha, pare de ter fé em Deus. Fé significa que nossa filha não poderá ir à universidade nem encontrará um bom emprego. As perspectivas dela estariam arruinadas! Só temos uma filha — você precisa pensar nela! Se você for presa, as pessoas falarão de mim pelas costas quando eu sair. Diga-me, que dignidade me restaria?”. Quando vi meu marido daquele jeito, eu não soube o que fazer. Ele era sempre tão orgulhoso, mas aqui estava ele, implorando de joelhos, na frente de meu irmão. Eu só o machucaria ainda mais se insistisse em minha crença. E o que aconteceria com minha filha se o Partido a impedisse de ir à universidade por causa da minha fé, deixando-a incapaz de encontrar um bom emprego e de seguir uma carreira? Até meu irmão se opunha a minha fé. Provavelmente, minha família obstruiria minha fé se soubesse que ela estava causando um conflito entre mim e meu marido. Isso tornaria a senda da fé ainda mais difícil para mim. Mas se eu cedesse a meu marido e prometesse desistir da fé, eu não estaria traindo a Deus? Quanto mais eu pensava sobre isso, mais ansiosa eu ficava, por isso fiz uma oração silenciosa pedindo que Deus protegesse meu coração. Naquele momento, eu me lembrei de uma passagem das palavras de Deus que eu tinha lido antes: “Em cada passo da obra que Deus faz no interior das pessoas, externamente ela parece consistir em interações entre pessoas, como se nascida de arranjos humanos ou de perturbação humana. Mas nos bastidores, cada passo da obra e tudo o que acontece é uma aposta feita por Satanás diante de Deus e requer que as pessoas permaneçam firmes em seu testemunho a Deus” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Apenas amando a Deus é que verdadeiramente se crê em Deus”). De fato! Por fora, parecia que minha família estava obstruindo meu caminho, mas, na verdade, era Satanás que estava me tentando. Ao crer em Deus e desempenhar o dever, eu estava na senda certa. Satanás estava usando minha família para obstruir o caminho e fazer com que eu traísse a Deus. Eu não podia cair nos truques de Satanás, mas devia permanecer firme, dar testemunho e humilhar Satanás. Com isso em mente, eu lhes disse solenemente: “Deus decide tudo. Nosso trabalho e nosso futuro são orquestrados por Deus, independentemente do que o Partido diz. A ascensão e queda de países e partidos políticos, sem falar do destino de um indivíduo insignificante, tudo está nas mãos de Deus. Vocês dois sabem como eu estava doente antes de me converter, e eu teria morrido há muito tempo se não fosse por Deus. Deus me deu esta vida e eu recebi tanto Dele. Para mim, não ter fé e não desempenhar meu dever seria irracional. Eu ainda seria humana? Minha vida ainda teria um sentido?”. Meu irmão franziu a testa e disse: “É verdade, você foi curada após encontrar a fé. Mas agora estamos vivendo sob o Partido Comunista, e ele pretende prender os crentes. Sair para pregar o evangelho não é colocar-se na linha de fogo?”. Meu marido estava do lado dele e concordou. Mas eu insisti em minha fé, não importava o que dissessem. Quando viram que eu não me convenceria, eles recorreram a táticas mais duras. Mais ou menos um mês depois, assim que cheguei em casa após uma reunião, meu marido me deu um tapa no rosto e, irritado, disse: “O Partido está prendendo crentes feito louco, mas você ainda participa de reuniões. Eu lhe disse para não acreditar, mas você insiste em acreditar! Eu a respeitei durante todos esses anos, nunca levantei a mão contra você. Seu irmão e sua cunhada dizem que eu mimei você e que deveria mantê-la na linha e não lhe dar a oportunidade de continuar crendo em Deus”. Eu o encarei fixamente, espantada com o comportamento dele. Com medo de me olhar nos olhos, ele baixou a cabeça e disse: “Eu não quero bater em você. Não quero que você seja detida e jogada na prisão por causa de sua fé em Deus. É para o seu próprio bem”. Ouvir isso dele me deixou transtornada. Meu marido sempre tinha sido muito bom para comigo, mas, por medo de perseguição, ele se tornou uma ferramenta do Partido Comunista. Ele estava tentando me levar a trair a Deus. Como isso podia ser para o meu próprio bem? Mais tarde, quando viu que eu estava determinada a manter minha fé, ele simplesmente parou de ir ao trabalho. Ele passou a me seguir de perto, não permitiu que eu lesse a palavra de Deus, que eu fosse às reuniões nem que eu desempenhasse o dever. Havia muito trabalho a ser feito na igreja naquela época, mas ele me prendeu em casa e eu não pude desempenhar o dever. Eu o instei a não impedir a minha fé. Eu disse: “Deus protegeu você quando você quase se envolveu num acidente, na época em que você apoiava minha fé. Deus nos deu tanta graça, como você pode resistir a Ele e rejeitá-Lo?”. Ele disse: “No passado, sua fé em Deus era benéfica, mas agora as coisas mudaram. Enquanto você tiver fé em Deus, o Partido não a deixará em paz e nossa família sofrerá. Podemos sobreviver de fé?”. Mais tarde, não querendo ser implicado, ele disse que nós deveríamos nos divorciar. Isso foi um golpe duro, mas meu ódio ao grande dragão vermelho era maior. Ele estava me perseguindo e espancando, e agora queria se divorciar. Tudo isso provinha da opressão do Partido Comunista. Lembrei-me desta passagem das palavras de Deus: “Agora é a hora: desde muito o homem tem reunido toda a sua força, tem dedicado todos os seus esforços, tem pago cada preço para isto, para arrancar a face hedionda desse diabo e para permitir que as pessoas, que foram cegadas e suportaram todo tipo de sofrimento e dificuldade, se ergam de sua dor e se rebelem contra esse velho diabo maligno. Por que erguer um obstáculo tão impenetrável para a obra de Deus? Por que usar diversos truques para enganar o povo de Deus? Onde estão a verdadeira liberdade e os direitos e interesses legítimos? Onde está a justiça? Onde está o conforto? Onde está a ternura? Por que usar esquemas ardilosos para enganar o povo de Deus?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Obra e entrada (8)”). O Partido é um demônio contrário a Deus e que odeia Deus. Ele prende e persegue os crentes para impedir e destruir a obra de Deus. Ele inventa todo tipo de boatos para difamar a obra de Deus e enganar as pessoas para que elas também se oponham a Deus e sejam destruídas. Ele até oprime e persegue as famílias dos cristãos, de modo que famílias inteiras sofrem por causa da fé de uma pessoa. No início, minha família apoiava minha fé, mas a perseguição e os boatos do partido a desviaram, transformando-a em cúmplices que resistem a Deus. O Partido é tão perverso! Lembrei-me de outra passagem das palavras de Deus: “Como alguém que é normal e que busca o amor a Deus, a entrada no reino para se tornar integrante do povo de Deus é o verdadeiro futuro de vocês e é uma vida de valor e importância máximos; ninguém é mais abençoado do que vocês. Por que digo isso? Porque aqueles que não creem em Deus vivem para a carne, e vivem para Satanás, mas hoje vocês vivem para Deus e vivem para seguir a vontade de Deus. É por isso que Eu digo que a vida de vocês é de máxima importância. Somente esse grupo de pessoas, que foram escolhidas por Deus, é capaz de viver uma vida de máxima importância — mais ninguém na terra é capaz de viver uma vida de tal valor e significado” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Conheça a mais nova obra de Deus e siga os Seus passos”). A reflexão sobre as palavras de Deus me iluminou. Eu tinha aceitado a obra de Deus dos últimos dias. Eu tinha sido capaz de desfrutar de tanta rega e sustento das Suas palavras, desempenhar meu dever como um ser criado, compartilhar o evangelho e dar testemunho de Deus e ajudar para que mais pessoas viessem para diante de Deus e fossem salvas. Era a coisa mais reta, mais valiosa a se fazer, e eu não podia desistir de minha fé e do dever para proteger a família. Eu devia seguir a Deus até o fim, mesmo que isso significasse o divórcio. Assim, eu disse a meu marido: “Estou determinada a seguir essa senda. Já que você insiste no divórcio, eu concordo”.
Fomos até a Secretaria de Assuntos Civis para lidar com o procedimento naquele mesmo dia. Quando eu estava preenchendo os documentos, meu irmão e sua esposa apareceram, me arrastaram até seu carro sem uma única palavra e me levaram para sua loja. Meu pai já estava lá e, no momento em que me viu, ele levantou a mão para me bater, mas os funcionários vieram correndo para impedi-lo. Ele gritou: “Eu achava que o governo apoiava sua fé. Eu não sabia que você pudesse ser presa e que sua família fosse implicada. Você não pode continuar acreditando em Deus. Eu a renegarei, se você continuar!”. Eu disse: “Pai, nós fomos criados por Deus. Ele governa sobre tudo. Os humanos deveriam ter fé e adorá-Lo”. Eu nem consegui terminar, quando meu irmão berrou: “Você quer ter fé, mesmo que isso signifique perder a família?”. Firme, eu disse: “Não há nada de errado com minha fé. Ele quer esse divórcio — não sou eu quem está abandonando a família”. Meu irmão gritou: “Meu amigo que trabalha para o governo disse que o governo emitiu um documento que designa os crentes em Deus Todo-Poderoso como alvos principais de sua opressão. Ele nos instruiu a monitorá-la e a impedir sua fé para que não sejamos implicados com você”. Então ele pegou uma tira de bambu e bateu nos meus olhos com ela, dizendo: “Isso lhe ensinará por não ver como as coisas são!”. Doeu muito ser tratada assim pela família. Eu usei toda minha força para me libertar deles e saí correndo. Chorei de soluçar até chegar em casa. Eu me sentia tão impotente e sozinha e não sabia como permanecer nessa senda. Em lágrimas, orei a Deus: “Ó Deus, agora toda a família está contra mim, obstruindo meu caminho, dizendo-me que não posso ter fé. Isso é muito difícil para mim. Deus, por favor, guia-me a entender Tua intenção e a saber como passar por essa situação”. Depois de orar, lembrei-me de uma passagem das palavras de Deus: “Por ter sido iniciada em uma terra que se opõe a Deus, toda a obra de Deus enfrenta obstáculos tremendos, e o cumprimento de muitas de Suas palavras leva tempo; assim, as pessoas são refinadas como resultado das palavras de Deus, o que também é parte do sofrimento. É tremendamente difícil para Deus realizar a Sua obra na terra do grande dragão vermelho — mas é por meio dessa dificuldade que Deus realiza um estágio da Sua obra, tornando manifestos Sua sabedoria e Seus feitos maravilhosos, e usando esta oportunidade para completar este grupo de pessoas” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A obra de Deus é tão simples quanto o homem imagina?”). Por meio das palavras de Deus, eu entendi que Deus está operando nos últimos dias no país do grande dragão vermelho, onde a oposição a Ele é a mais feroz e onde nós, que O seguimos, temos a certeza de que sofreremos oposição e exclusão. Deus opera dessa forma para que possamos enxergar o grande dragão vermelho e sua essência maligna contrária a Deus e não sejamos mais desorientados por ele. Também serve para aperfeiçoar a nossa fé, para que possamos aprender a confiar em Deus em adversidades, a seguir a Deus sem sermos constrangidos pelas forças de Satanás e a ter fé verdadeira em Deus. Mas, após sofrer um pouco, eu achava que ter fé era difícil demais. Eu estava vivendo em negatividade e queria escapar dessa situação. Eu realmente carecia de fé. Ao enfrentar essas adversidades, eu sabia que devia aceitá-las como vindas de Deus. Eu precisava orar e buscar a verdade e permanecer firme em seu testemunho de Deus. Como um ser criado, era isso que eu devia fazer. Quando entendi a intenção de Deus, deixei de me sentir tão infeliz. Mais tarde, eu soube que, na verdade, meu marido não queria o divórcio, mas que tinha conversado sobre isso com minha família, e eles achavam que isso me obrigaria a desistir da fé.
Pouco tempo depois, quando meu marido estava nos levando de carro para fazer compras, de repente, ele pegou a autoestrada e nos levou diretamente para um hospital psiquiátrico. Ele me arrastou para o consultório e disse ao médico: “Ela acredita em Deus Todo-Poderoso e tem evangelizado. Você precisa trancá-la e mantê-la separada de outros crentes. Como uma desintoxicação. Ela poderá sair quando não acreditar mais em Deus e não evangelizar mais”. Isso partiu meu coração. Ele queria me trancar com pacientes mentais para impedir minha fé em Deus. Ficar trancada ali poderia levar uma pessoa à loucura! Imediatamente, eu disse ao médico: “Eu também sou médica. Primeiro determine se eu tenho qualquer problema de saúde mental antes de me internar”. Então eu lhe dei um resumo organizado de como eu tinha administrado nossos assuntos domésticos ao longo dos últimos anos. Depois de me ouvir, o médico disse a meu marido: “Ela não é uma doente mental. Não podemos interná-la. Não podemos garantir a segurança dela se você insistir em deixá-la aqui”. Meu marido continuou exigindo que o médico me aceitasse. Eu disse: “Se você me trancar aqui, cometerei suicídio”. Com medo de que fosse sua responsabilidade, o médico não me internou. Meu marido não teve escolha senão levar-me para casa.
O ocorrido me mostrou claramente que, apesar de meu marido sempre alegar que estava fazendo o que era melhor para mim, tudo era apenas fingimento. Vez após vez, ele estava protegendo seus interesses, ao mesmo tempo em que me machucava e humilhava. Ele até quis me internar. Ele era capaz de fazer qualquer coisa para impedir a minha fé. O fato de que ele estava indo contra Deus, em sintonia com o Partido, demonstrava que ele também amava o mal, venerava o poder e odiava a verdade. As palavras de Deus dizem: “Crentes e não crentes não são compatíveis; eles se opõem uns aos outros” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Deus e o homem entrarão em descanso juntos”). Nós estávamos em sendas diferentes. Eu perdi a esperança nele, e foi só por amor à nossa filha que não me divorciei. Depois disso, ele nunca parou de discutir e gritar e de exigir que eu desistisse da fé. Especialmente às vésperas das Olimpíadas, quando meu primo disse que o governo estava concentrado em prender os crentes em Deus Todo-Poderoso e que os crentes estavam sendo punidos severamente e que ninguém podia socorrê-los, meu marido ficou de olho em mim e seguiu cada um dos meus movimentos. Ele me prendeu em casa por onze dias. Eu não tinha como praticar a fé em casa. Se quisesse fazer isso e desempenhar um dever, eu teria que deixar minha família. Mas eu não conseguia me separar de minha filha. Seria tão difícil para ela se eu partisse! Sem a mãe ao lado dela e sem ninguém para cuidar dela adequadamente, o que aconteceria se ela fosse desviada? Lágrimas jorravam dos olhos sempre que eu pensava nisso. Nas profundezas da miséria, eu me lembrei de uma passagem das palavras de Deus: “Você deve sofrer dificuldades pela verdade, deve se entregar à verdade, deve suportar humilhação pela verdade e, para ganhar mais da verdade, você deve passar por mais sofrimento. É isso que você deveria fazer. Você não deve jogar a verdade fora em favor de uma vida familiar pacífica nem deve perder a dignidade e integridade da sua vida por causa de um prazer momentâneo. Você deveria buscar tudo que é belo e bom e buscar uma senda na vida que seja mais significativa. Se você levar uma vida tão vulgar e não buscar quaisquer objetivos, você não desperdiça a vida? O que você pode ganhar com uma vida assim? Você deveria abandonar todos os prazeres da carne em favor de uma verdade e não deveria jogar fora todas as verdades em favor de um pouco de prazer. Pessoas assim não têm integridade nem dignidade; sua existência não faz sentido!” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “As experiências de Pedro: seu conhecimento de castigo e julgamento”). Depois de ler as palavras de Deus, eu refleti sobre meus anos de fé. Satanás sempre usava meus parentes para me oprimir e perturbar, para me afastar de Deus e fazer com que eu O traísse. Eu estava com a família, mas não estava feliz, e meu marido não permitia que eu lesse as palavras de Deus nem compartilhasse o evangelho e desempenhasse meu dever. Era um jeito doloroso de viver. Deus arranjou que eu nascesse nos últimos dias e aceitasse Seu evangelho para que eu pudesse buscar a verdade, ser salva e desempenhar meu dever como um ser criado. Era isso o que eu deveria buscar. Lembrei-me das palavras de Deus: “A sina do homem é controlada pelas mãos de Deus. Você é incapaz de controlar a si mesmo: apesar de estar sempre correndo e se ocupando em interesse próprio, o homem continua sendo incapaz de controlar a si mesmo. Se pudesse conhecer suas próprias expectativas, se pudesse controlar sua própria sina, você continuaria sendo um ser criado?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Restaurar a vida normal do homem e levá-lo a uma destinação maravilhosa”). É verdade. Há muito tempo, Deus determinou para cada pessoa que vem ao mundo a senda que ela seguirá e o quanto ela sofrerá. Ninguém pode ajudar a ninguém. Eu dei à luz a minha filha, mas o destino dela estava nas mãos de Deus. Muito tempo atrás, Deus decidiu o quanto ela sofreria e quantas bênçãos desfrutaria na vida. Mesmo comigo ao seu lado, eu não podia assumir nenhum sofrimento destinado a ela. Eu não conseguia controlar nem mesmo meu próprio destino, muito menos o dela. Eu precisava confiar minha filha a Deus e me submeter a Seu governo. Então, um dia, enquanto meu marido dormia, eu consegui sair de casa às escondidas.
Para a minha surpresa, poucas semanas depois, um líder me contou que meu marido estava importunando os irmãos todos os dias e dizendo que, se eu não voltasse, ele os denunciaria à polícia. Eu tinha que voltar para casa para não criar problemas para eles. Dessa vez, meu marido me monitorou de forma mais rígida. Ele me trancou na casa, escondeu a chave e sempre ficava a poucos passos de mim. Ele me observava até quando eu estava cozinhando e quando ia ao banheiro. Ele deixava a TV ligada da manhã até a noite, obrigando-me a assistir às notícias e a filmes patriotas com ele todos os dias, dizendo que ele queria fazer lavagem cerebral em mim. Ele disse que meu primo o instruiu a não me dar nenhuma chance de orar ou ler as palavras de Deus e que, para fazer com que eu abandonasse minha fé, ele tinha que me obrigar a absorver tudo que passasse na TV, para que não houvesse espaço para pensamentos religiosos. Ele também me disse que não podia me dar um momento de paz, pois, assim que eu orasse, Deus me mostraria uma saída e então eu voltaria a frequentar as reuniões e a evangelizar. Irritada, eu lhe disse: “Eu tenho a liberdade de ter fé. Por que você está apoiando o Partido Comunista, oprimindo-me e privando-me de minha liberdade? Você desfrutou de tanta graça de Deus graças a minha fé e você viu o que Deus pode fazer. Agora você está obstruindo minha fé e me oprimindo. Não está apenas me oprimindo — está indo contra Deus!”. Para minha surpresa, ele respondeu gritando: “Estou indo contra Deus, então que Ele venha e me castigue!”. Fiquei chocada. Como ele podia dizer algo assim? Ele tinha perdido a razão. Ele me manteve trancada por mais ou menos uma semana, sem que eu pudesse sair. Eu não podia ler as palavras de Deus, nem ir às reuniões, nem desempenhar meu dever. Era uma miséria. Eu não tinha apetite e não conseguia dormir. Ficava pensando em como todos os outros estavam desempenhando um dever, enquanto eu permanecia trancada em casa por meu marido, privada até do direito de orar. Se isso continuasse, eu não me afastaria cada vez mais de Deus? Além disso, todos os membros da família estavam do lado de meu marido e me oprimiam. Eu quase não suportava mais! Quanto mais pensava nisso, pior eu me sentia. Eu estava sozinha e impotente.
Uma noite, quando meu marido estava dormindo, eu fiz uma oração silenciosa a Deus: “Deus, não posso ler Tuas palavras. Eu me sinto tão fraca por dentro. Ó Deus, minha estatura é tão baixa. Por favor, dá-me fé e força”. Depois de orar, eu me lembrei de uma passagem das Suas palavras: “Aqueles a quem Deus Se refere como ‘vencedores’ são os que ainda são capazes de permanecer firmes em seu testemunho e manter sua confiança e devoção a Deus quando estiverem sob a influência de Satanás e enquanto estiverem sendo sitiados por Satanás, isto é, quando se encontrarem em meio às forças das trevas. Se você ainda for capaz de guardar um coração puro perante Deus e manter o seu amor genuíno a Deus, não importa o quê, então você está permanecendo firme em seu testemunho diante de Deus, é isso a que Deus Se refere como sendo um ‘vencedor’” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Você deveria manter sua devoção a Deus”). As palavras de Deus me mostraram que, nos últimos dias, Ele quer fazer um grupo de vencedores, que, sob os ataques e a perseguição de Satanás, não recuarão diante das forças das trevas. Em vez disso, elas se agarrarão à fé e devoção e darão um testemunho maravilhoso de Deus. Isso me inspirou e eu me dispus a me submeter e a aprender uma lição. Por mais que meu marido me impedisse e oprimisse, eu permaneceria firme no meu testemunho e satisfaria a Deus. Mais tarde, quando meu marido dormia, eu contemplava as palavras de Deus, orando em silêncio ou cantando um hino para mim mesma, e isso me trazia alguma alegria. No décimo nono dia de minha prisão doméstica, meu marido começou a ficar com dores de cabeça, na nuca e na coluna assim que começava a brigar comigo. Quanto mais ele se irritava, maior era a dor que ele sentia, a ponto de gritar de dor, até não ousar discutir mais. Finalmente ele disse: “Não aguento mais! Quanto mais eu a mantenho trancada, mais animada você fica. Isso só está me deixando doente”. No dia seguinte, ele foi trabalhar e me deixou trancada em casa. Um dia, por acaso, encontrei a chave e saí da casa enquanto ele estava fora. Eu fiquei tão grata a Deus por fornecer uma saída e por finalmente poder voltar a participar das reuniões e desempenhar o dever.
Depois disso, meu marido parou de me monitorar tão de perto. Ocasionalmente, quando ele tentava demais se opor a mim e me impedir, ele ficava doente e sentia uma dor terrível na nuca. Um dia, em março de 2012, ele me disse: “Durante todos esses anos, eu quis que você escolhesse entre nossa família e sua fé, mas você não desistiu da fé. Vamos pôr um fim nisso ainda hoje. Há duas sendas à sua frente. Se você ficar nesta casa, você não poderá seguir a Deus, e se você seguir a Deus, você jamais poderá voltar para esta casa”. Eu lhe disse com convicção: “Eu escolhi a senda de crer em Deus e eu jamais darei meia-volta”. Então fiz minhas malas e saí da casa, unindo-me às fileiras de todos aqueles que desempenham seu dever. Graças a Deus Todo-Poderoso!