32. Seja fiel à verdade, não ao afeto
Em julho de 2017, recebi uma carta da minha líder de igreja, dizendo que a igreja estava removendo descrentes e pedindo que eu escrevesse uma avaliação do meu irmão. Isso me deixou surpreso e um tanto nervoso. A igreja queria remover meu irmão? Caso contrário, por que me pediriam que escrevesse sobre seu comportamento? Eu sabia que ele não lia a palavra de Deus nem participava de reuniões em seu tempo livre, mas, em vez disso, estava sempre se divertindo com os amigos, seguindo tendências mundanas, e não demonstrava interesse por questões de fé. Ele até me dizia para eu focar menos na fé, e sair mais para o mundo, igual a ele. Eu tentei comunicar a palavra de Deus com ele, mas ele não ouviu, e até se aborreceu e disse: “Já chega! Não faz sentido ficar me falando todas essas coisas. Eu não me importo!”. E foi para a cama. Os irmãos lhe ofereceram comunhão muitas vezes, aconselhando-o a ler a palavra de Deus e ir às reuniões, mas ele não quis aceitar. Dizia que crer em Deus era muito restritivo, que ele sempre tinha que arrumar tempo para participar de reuniões, e que entrar para a igreja nem tinha sido escolha sua — ele tinha feito isso para agradar nossa mãe. Ele sempre foi assim. A julgar por isso, realmente parecia que ele era um descrente, e, se fosse removido da igreja, isso estaria alinhado com os princípios. Mas sempre fomos próximos. Desde pequeno, ele sempre guardava comida a mais para mim quando tinha alguma coisa boa para comer, e me dava metade de qualquer dinheiro que as pessoas lhe davam. Uma vez, uma professora me colocou de castigo, depois da aula, e meu irmão ficou tão chateado que chorou. A maioria dos irmãos, em nosso vilarejo, não era tão próxima como nós. Pensando nisso tudo, não consegui escrever sobre os problemas dele; eu não queria romper nosso laço. Se eu fosse honesto sobre o comportamento dele, e a igreja o removesse, ele teria alguma chance de ser salvo? Isso não seria cruel da minha parte? E se ele descobrisse o que eu tinha escrito sobre ele e nunca mais falasse comigo? Decidi escrever algo mais positivo, dizendo que, às vezes, ele lia a palavra de Deus, e que, apesar de não participar das reuniões, no coração, ele ainda acreditava em Deus. Isso lhe daria algum espaço de manobra. Quando a líder lesse isso, ela se comunicaria mais com ele e talvez ele não fosse removido. Mas, se eu não fosse honesto sobre o comportamento dele, eu estaria mentindo e escondendo a verdade. Estaria enganando os irmãos e prejudicando o trabalho da igreja. De um lado, estava o trabalho da igreja; e, do outro, meu irmão. Eu não sabia qual lado escolher. Eu estava muito agitado, e não conseguia me acalmar o bastante para cumprir meu dever. Só pensar em colocar a caneta no papel e escrever sobre o comportamento dele já me dava um branco; eu não sabia nem por onde começar. Quanto mais pensava nisso, mais perdido eu me sentia, então orei em silêncio: “Deus, quero ser justo na avaliação do meu irmão, mas estou constrangido pelo afeto, então não consigo fazer isso. Por favor, guia-me para que eu não seja governado pelo afeto na minha abordagem, mas para que, em vez disso, siga Tua palavra”.
Depois de orar, li esta passagem da palavra de Deus: “Aqueles que arrastam seus filhos e parentes totalmente não crentes para a igreja são extremamente egoístas, e estão apenas exibindo sua bondade. Essas pessoas só se concentram em ser amáveis, independentemente de crerem ou não e independentemente de isso ser ou não a intenção de Deus. Alguns trazem sua esposa para diante de Deus ou arrastam seus pais para diante de Deus e, sem se importar se o Espírito Santo concorda com isso ou está operando nelas, eles cegamente continuam a ‘adotar pessoas talentosas’ para Deus. Que benefício pode ser ganho ao se estender bondade a esses incrédulos? Ainda que eles, que estão sem a presença do Espírito Santo, lutem para seguir a Deus, eles não podem ser salvos como se poderia acreditar. Aqueles que podem receber a salvação, na verdade, não são tão fáceis de serem obtidos. Pessoas que não foram submetidas à obra e às provações do Espírito Santo e que não foram aperfeiçoadas por Deus encarnado são totalmente incapazes de serem completadas. Portanto, a partir do momento em que começam a seguir nominalmente a Deus, essas pessoas carecem da presença do Espírito Santo. À luz de suas condições e estados reais, elas simplesmente não podem ser completadas. Assim, o Espírito Santo não decide despender muita energia com elas nem oferecer esclarecimento ou guiá-las de alguma forma; Ele simplesmente lhes permite seguir adiante e, no final, revelará o desfecho delas — isso basta” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Deus e o homem entrarão em descanso juntos”). Lendo a palavra de Deus, entendi que querer dizer coisas boas sobre meu irmão para mantê-lo na igreja e dar-lhe uma chance de ser salvo era um devaneio meu. A palavra de Deus nos diz claramente que aqueles que não seguem a Deus, que só acreditam nominalmente Nele, não podem ser salvos. Deus só salva aqueles que amam e aceitam a verdade. Só esse tipo de pessoa pode ganhar a presença e a obra do Espírito Santo, entender e obter a verdade, e, no fim, ser salvo por Deus e sobreviver aos desastres. Em essência, descrentes são avessos à verdade. Nunca aceitam a verdade, e, não importa desde quando creem, suas perspectivas, seus pontos de vista sobre a vida e seus valores nunca mudam. Eles são iguais aos não crentes. Deus não os reconhece, e eles jamais ganharão o esclarecimento ou a orientação do Espírito Santo. Podem seguir até o fim, mas nunca mudarão seus caracteres de vida — eles não podem ser salvos. Quanto ao comportamento do meu irmão, ele não amava a verdade, era avesso a ela. Colocava seus valores em prazeres mundanos, como um não crente, não em ler a palavra de Deus ou em ir às reuniões, e, sem dúvida, não em cumprir seu dever. Ele até sempre dizia: “Acreditar em Deus não serve para nada. Não importa se você acredita ou não”. Ele não ouvia a comunhão de ninguém, e comunhão demais o deixava aborrecido. A julgar por sua conduta geral, ele era um descrente, e Deus não o reconheceria. Ele nunca ganharia a obra do Espírito Santo nem alcançaria entendimento da verdade. Por melhor que eu escrevesse sobre ele para mantê-lo na igreja, ele nunca seria salvo. Já que eu tinha determinado que ele era um descrente, se eu ficasse preso ao afeto e encobrisse as coisas para mantê-lo na igreja, eu não estaria claramente violando os princípios? Se eu não escrevesse a avaliação do meu irmão de modo imparcial e correto, com base nos fatos, mas, ao contrário, desencaminhasse meus irmãos para manter alguém na igreja que deveria ter sido expurgado, isso não seria impedir o trabalho da igreja? Percebendo quão sérias seriam as consequências, eu soube que tinha que abrir mão do meu afeto, seguir os princípios e dar à igreja informações corretas sobre meu irmão — só isso se alinharia às intenções de Deus. Sabendo disso, escrevi a avaliação do meu irmão e a entreguei à líder, sentindo que tinha finalmente feito a coisa certa. No fim, de acordo com os princípios, a igreja o removeu, e pude aceitar esse desfecho calmamente. Graças à orientação da palavra de Deus, não agi de acordo com meu afeto e protegi meu irmão, mas, ao contrário, eu o avaliei imparcial e objetivamente. Senti-me muito grato a Deus.
Então, em julho de 2021, a líder da igreja pediu que eu avaliasse a minha mãe. Pensei que, recentemente, ela não estava compartilhando o evangelho segundo os princípios, o que quase fez alguns irmãos serem presos. Quando outros apontaram seu problema, ela não quis aceitar; em vez disso, ficou falando sobre o que tinha realmente acontecido. Os irmãos não ousavam mencionar nenhum dos problemas dela, depois disso. Na verdade, essa não foi a primeira nem a segunda vez que minha mãe causou problema. Uma vez, durante uma reunião, um líder pediu que outra irmã lesse a palavra de Deus, em vez da minha mãe. Minha mãe disse que o líder a oprimia e que era um falso líder. Uma irmã percebeu como ela estava fazendo barulho e pediu que ela baixasse a voz e se conscientizasse do ambiente. Minha mãe acusou a irmã de tentar implicar com ela e lhe disse para não voltar na próxima vez. Minha mãe brigava sem parar sobre todas as coisas e causava problemas nas reuniões. Ela já havia se tornado uma perturbação na vida da igreja. Os irmãos tinham se comunicado com ela e a podado muitas vezes, na esperança de que ela refletisse e se arrependesse, mas ela não aceitava. Ela até distorcia os fatos, dizendo que tinha dito apenas uma coisinha errada e as pessoas estavam fazendo tempestade em copo d’água. Ela não queria aceitar a verdade. De acordo com os princípios, alguém que tinha uma conduta dessas deveria ser isolado para autorrefletir, para que não prejudicasse nem impactasse as reuniões dos irmãos. Eu sabia que deveria escrever corretamente sobre o comportamento dela para a igreja o quanto antes, mas então pensei em quanto ela odiava ser mal vista e quão explosivo era seu temperamento. Ela tendia a tratar friamente todos que a criticavam. Se ela soubesse que eu tinha escrito sobre seus problemas, ela aceitaria? Não seria humilhante para ela saber que eu disse aquelas coisas sobre ela? Ela ficaria negativa e desistiria da fé? Quanto mais pensava nisso, mais chateado eu ficava, pensando em como ela tinha me mostrado amor e cuidado no passado. Uma vez, quando eu era pequeno e tive febre alta no meio da noite, ela me carregou nas costas até o médico no vilarejo vizinho. Minha febre estava tão alta que o médico teve medo de me atender, então, nessa mesma noite, minha mãe me carregou ainda mais até o hospital da cidade. Ela sempre me ajudou com tudo em minha vida, pensava em cada detalhe pequeno. Ela me deu à luz e me criou, compartilhou o evangelho comigo, trouxe-me para diante de Deus, e me apoiou em meu dever. Era tão boa comigo — se eu a expusesse, isso não seria crueldade? Não a magoaria? Se os outros descobrissem que eu mesmo tinha exposto a perturbação dela da vida de igreja, eles me criticariam por ser cruel e frio demais com minha própria mãe? Não diriam que eu era um filho miserável e ingrato? Eu sabia que minha mãe não aceitava a verdade, mas ela havia cuidado tão bem de mim. Afinal de contas, era minha mãe. Então, embora a líder continuasse a me incentivar para escrever a avaliação dela, continuei enrolando. No passado, fomos uma família de crentes. Cantávamos hinos e orávamos juntos, líamos a palavra de Deus e conversávamos sobre nossos sentimentos. Foi uma época tão feliz, e, às vezes, essas lembranças voltavam. Mas agora meu irmão tinha sido removido, e minha mãe seria provavelmente isolada para poder se concentrar em autorrefletir. Eu estava péssimo e não sabia como encarar a situação. Eu não estava com vontade de cumprir meu dever, e não sentia um fardo para buscar a verdade para ajudar meus irmãos com seus problemas, só agia sem me envolver nas reuniões, estava distraído e não conseguia comunicar nada. Eu ficava confuso todos os dias, sofrendo muito. Eu sabia que não estava num estado bom, então vim para diante de Deus e orei, pedindo que Ele me tirasse dessa negatividade para que eu não fosse constrangido pelo afeto.
Mais tarde, li a palavra de Deus: “Que problemas estão relacionados aos sentimentos? O primeiro é como você avalia os membros de sua própria família e como você aborda as coisas que fazem. ‘As coisas que fazem’ incluem aqui naturalmente quando eles interrompem e perturbam o trabalho da igreja, quando julgam as pessoas pelas costas, quando se envolvem em algumas das práticas dos descrentes e assim por diante. Você consegue abordar essas coisas com imparcialidade? Quando é necessário que você escreva uma avaliação dos membros de sua família, você consegue fazê-lo de forma objetiva e imparcial, deixando de lado seus sentimentos? Isso está relacionado à forma como você aborda os membros de sua família. Além disso, você abriga sentimentos em relação àqueles com quem você se dá bem ou que o ajudaram anteriormente? Você é capaz de ver as ações e o comportamento deles de forma objetiva, imparcial e precisa? Se eles interromperem e perturbarem o trabalho da igreja, você será capaz de denunciá-los ou expô-los prontamente assim que você souber disso?” (A Palavra, vol. 5: As responsabilidades dos líderes e dos obreiros, “As responsabilidades dos líderes e dos obreiros (2)”). “Digamos, por exemplo, que seus parentes ou pais são crentes em Deus e que, por causa de malfeitos, por criarem perturbações ou por não aceitarem a verdade, eles são removidos. No entanto, você não os discerne, não sabe por que foram removidos, se sente extremamente transtornado e sempre fica reclamando de que a casa de Deus não tem amor e não é justa com as pessoas. Você deveria orar a Deus e buscar a verdade, então avaliar exatamente que tipo de pessoa esses parentes são com base nas palavras de Deus. Se realmente entender a verdade, você será capaz de os definir corretamente e verá que tudo que Deus faz é correto e que Ele é um Deus justo. Então você não terá queixas, conseguirá se submeter aos arranjos de Deus e não tentará defender seus parentes ou pais. O propósito aqui não é romper os laços de seu parentesco; é somente definir que tipo de pessoas eles são e fazer com que você possa discerni-los e saber por que eles foram eliminados. Se essas coisas forem realmente claras em seu coração e suas opiniões forem corretas e estiverem alinhadas com a verdade, você será capaz de ficar do mesmo lado que Deus, e suas opiniões sobre a questão serão perfeitamente compatíveis com as palavras de Deus. Se você não for capaz de aceitar a verdade nem ver as pessoas de acordo com as palavras de Deus e ainda ficar do lado dos relacionamentos e das perspectivas da carne ao ver as pessoas, você nunca será capaz de se livrar desse relacionamento carnal e ainda tratará essas pessoas como seus parentes até mais próximos do que os irmãos e irmãs na igreja, caso em que haverá uma contradição entre as palavras de Deus e suas opiniões sobre sua família nessa questão — um conflito até, e em tais circunstâncias, seria impossível para você ficar do lado de Deus, e você teria noções e equívocos sobre Deus. Assim, para que as pessoas possam alcançar compatibilidade com Deus, as suas opiniões sobre as questões devem, em primeiro lugar, estar alinhadas às palavras de Deus; elas devem ser capazes de ver as pessoas e as coisas com base nas palavras de Deus, aceitar que as palavras de Deus são a verdade e ser capazes de renunciar às noções tradicionais do homem. Não importando que pessoa ou questão você enfrente, você deve ser capaz de manter as mesmas perspectivas e opiniões que Deus, e suas perspectivas e opiniões precisam estar em harmonia com a verdade. Dessa forma, suas opiniões e a forma como você aborda as pessoas não serão hostis a Deus, e você será capaz de submissão a Deus e compatibilidade com Deus. Será impossível que tais pessoas voltem a resistir a Deus; são precisamente as pessoas que Deus deseja ganhar” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Como identificar a natureza essência de Paulo”). A palavra de Deus me ajudou a entender que não podemos avaliar as coisas e as pessoas a partir de um ponto de vista emocional. Devemos nos valer da verdade da palavra de Deus para discernir a natureza essência de alguém, e que tipo de pessoa ele é. Esse é o jeito certo de avaliar alguém, garantindo que não sejamos vítimas do afeto. Eu sempre analisava a situação da minha mãe a partir de uma perspectiva emocional, pensando que eu tinha nascido dela, e em como ela me amava e cuidava de mim. Isso deixou difícil demais, para mim, pegar a caneta e escrever uma avaliação verdadeira. Mas Deus diz que devemos discernir as pessoas com base em sua natureza essência; ser capaz de discernir sua natureza essência é o único jeito de nos livrarmos do afeto e tratá-las com justiça e de acordo com os princípios. Que tipo de pessoa minha mãe realmente era? Era muito entusiasmada e atenciosa para com os outros no dia a dia, mas isso só significava que era calorosa. Ela cuidava muito bem de mim, o que só significava que cumpria as responsabilidades de uma mãe. Mas, por natureza, ela era arrogante e não aceitava a verdade. Ela julgava e resistia a todos que apontavam seus problemas ou a podavam, e ficava remoendo aquilo. Num dia ruim, ela entrava em conflito com os outros e os atormentava sem parar, o que constrangia os outros. Com base em sua conduta, se continuasse se reunindo com os irmãos, ela certamente perturbaria a vida da igreja e atrasaria a entrada dos outros na vida. Se ela fosse isolada para autorrefletir de acordo com os princípios, todos poderiam ter reuniões apropriadas novamente, e esse arranjo seria um alerta para ela. Se ela realmente refletisse e aprendesse sobre si mesma, isso poderia ser benéfico para sua vida. Mas se resistisse e rejeitasse, ou até mesmo abandonasse a fé, ela seria exposta e eliminada. Então eu veria sua natureza essência de forma mais clara, se ela era joio ou trigo ficaria evidente num relance, e não haveria motivo, para mim, para tentar mantê-la na igreja. A essa altura, entendi a intenção de Deus. Deus tinha estabelecido essa situação esperando que eu ganhasse discernimento e aprendesse a ver a natureza essência das pessoas de acordo com Sua palavra, e assim poderia deixar de lado o afeto nas minhas ações e tratar as pessoas segundo os princípios.
Depois disso, li outra passagem da palavra de Deus: “Quem é Satanás, quem são os demônios, quem são os inimigos de Deus se não os que resistem e que não acreditam em Deus? Não são eles as pessoas que se rebelam contra Deus? Não são eles os que alegam ter fé, mas carecem da verdade? Não são eles aqueles que meramente buscam obter bênçãos, mas são incapazes de dar testemunho de Deus? Você ainda se mistura com esses demônios hoje e os trata com consciência e amor, mas, nesse caso, você não está estendendo boas intenções a Satanás? Você não está em conluio com demônios? Se as pessoas chegaram a esse ponto e ainda são incapazes de distinguir entre o bem e o mal e continuam cegamente a ser amorosas e misericordiosas sem qualquer desejo de buscar as intenções de Deus ou de serem capazes, de alguma forma, de tomar as intenções de Deus como se fossem suas, então seus desfechos serão ainda mais miseráveis. Qualquer um que não acredita no Deus na carne é um inimigo de Deus. Se você pode ter consciência e amor por um inimigo, não lhe falta um senso de retidão? Se você é compatível com aqueles que Eu detesto e dos quais discordo e ainda tem amor ou sentimentos pessoais para com eles, você não é rebelde? Você não está resistindo intencionalmente a Deus? Tal pessoa possui verdade? Se as pessoas têm consciência para com os inimigos, amor pelos demônios e misericórdia para com Satanás, elas não estão interrompendo intencionalmente a obra de Deus?” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Deus e o homem entrarão em descanso juntos”). A palavra de Deus revelava meu estado com precisão. Eu sabia que minha mãe tinha acreditado em Deus por anos, mas ela não aceitava a verdade, e quando os outros tentavam ajudá-la com os problemas dela e podá-la, ela não aceitava isso como vindo de Deus. Ela sempre brigava por qualquer coisinha, e prejudicava a vida da igreja, servindo como lacaio de Satanás. Mas eu não me mexia para expô-la; só ficava acobertando as coisas para protegê-la. Achava que não a expor ou não escrever a avaliação era a coisa conscienciosa a fazer. Na verdade, eu estava mostrando amor e consciência por Satanás, sem considerar o trabalho da igreja nem se a entrada dos meus irmãos na vida seria prejudicada. Eu estava do lado de Satanás e falando em defesa dele. Não era isso que Deus chamava de “resistir intencionalmente a Deus”? Meu amor não tinha princípios; eu não sabia distinguir o certo do errado — era um amor confuso. Eu estava protegendo minha mãe, permitindo que ela continuasse prejudicando a vida da igreja. Eu era cúmplice de sua maldade. Agindo assim, eu não estava magoando os outros e a mim mesmo? O afeto me cegava, paralisava. O líder me pediu múltiplas vezes que eu escrevesse a avaliação da minha mãe, mas eu fiquei adiando e atrasando o trabalho da igreja. Quando percebi isso, meu coração foi consumido pela culpa. Eu não sabia por que não conseguia evitar ser constrangido pelo afeto ao enfrentar essa situação. Qual era o problema real ali? Vim para diante de Deus para orar e buscar, pedindo que Ele me guiasse para eu entender meus problemas.
Li uma passagem da palavra de Deus que me ajudou a ganhar mais percepção sobre mim mesmo. As palavras de Deus dizem: “Por qual princípio as palavras de Deus pedem que as pessoas tratem os outros? Ame o que Deus ama e odeie o que Deus odeia: esse é o princípio que deveria ser seguido. Deus ama aqueles que buscam a verdade e são capazes de seguir Sua vontade; essas também são as pessoas que nós deveríamos amar. Aquelas que não são capazes de seguir a vontade de Deus, que odeiam e se rebelam contra Deus — essas pessoas são detestadas por Deus, e nós também deveríamos detestá-las. Isso é o que Deus pede ao homem. […] Se uma pessoa é alguém que nega a Deus e se opõe a Ele, é amaldiçoada por Deus, mas é um pai ou parente seu e, pelo que sabe, não pareça ser uma pessoa maligna e ele o trata bem, talvez você se veja incapaz de odiar essa pessoa, e pode até permanecer em contato direto com ela, sem mudar seu relacionamento. Ouvir que Deus odeia tais pessoas incomodará você, e você não é capaz de ficar do lado de Deus e rejeitá-las friamente. Você é sempre constrangido por sentimentos e não consegue largá-las completamente. Qual é a razão disso? Isso acontece porque seus sentimentos são fortes demais, e eles o impedem de praticar a verdade. Essa pessoa é boa para você, por isso você não consegue odiá-la. Você só conseguiria odiá-la se ela lhe fizesse algum mal. Esse ódio estaria alinhado com as verdades princípios? Além disso, você é restringido por noções tradicionais, pensa que a pessoa é seu pai ou parente, então se você a odiar, você será escarnecido pela sociedade e injuriado pela opinião pública, condenado como não filial, sem consciência, e até desumano. Você acha que sofreria condenação divina e castigo. Mesmo se quiser odiá-la, sua consciência não lhe permitirá. Por que a sua consciência funciona dessa forma? É porque uma forma de pensar foi semeada em você desde sua infância, por meio da herança de sua família, da educação que você recebeu de seus pais e da doutrinação da cultura tradicional. Essa forma de pensar está profundamente enraizada em seu coração e o leva a acreditar equivocadamente que a piedade filial é algo perfeitamente natural e justificada, e que algo herdado dos seus antepassados é sempre bom. Você aprendeu isso primeiro, e isso permanece dominante, criando um grande obstáculo e perturbando sua fé e a aceitação da verdade, deixando-o incapaz de pôr em prática as palavras de Deus e de amar o que Deus ama, de odiar o que Deus odeia. Você sabe no seu coração que sua vida veio de Deus, não de seus pais, e você também sabe que seus pais não só não acreditam em Deus, mas também resistem a Deus, que Deus os odeia e que você deve se submeter a Deus, ficar do lado Dele, mas você simplesmente não consegue convencer-se a odiá-los, mesmo que queira. Você não consegue mudar isso, não consegue fortalecer seu coração e não consegue praticar a verdade. Qual é a raiz disso? Satanás usa esse tipo de cultura tradicional e noções de moralidade para amarrar os seus pensamentos, a sua mente e o seu coração, deixando-o incapaz de aceitar as palavras de Deus; você foi possuído por essas coisas de Satanás, e elas o deixaram incapaz de aceitar as palavras de Deus. Quando você quer praticar as palavras de Deus, essas coisas o perturbam, levam você a opor-se à verdade e às exigências de Deus e tornam você incapaz de se livrar do jugo da cultura tradicional. Depois de lutar por um tempo, você faz concessões: prefere acreditar que as noções tradicionais de moralidade estão corretas e de acordo com a verdade, e então você rejeita ou abandona as palavras de Deus. Não aceita as palavras de Deus como a verdade e não dá importância a ser salvo, sentindo que ainda vive neste mundo e que você só pode sobreviver se depender dessas pessoas. Incapaz de suportar a recriminação da sociedade, você prefere abrir mão da verdade e das palavras de Deus, abandonar-se às noções tradicionais de moralidade e à influência de Satanás, e prefere ofender a Deus e não praticar a verdade. O homem não é lamentável? Ele não precisa da salvação de Deus?” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Só ao reconhecer as próprias opiniões equivocadas pode-se realmente se transformar”). Com a palavra de Deus, entendi que Ele exige que amemos o que Ele ama e odiemos o que Ele odeia. O Senhor Jesus também disse: “Quem é Minha mãe? E quem são Meus irmãos? […] Qualquer que fizer a vontade de Meu Pai que está nos céus, esse é Meu irmão, irmã e mãe” (Mateus 12:48, 50). Deus ama aqueles que buscam a verdade e são capazes de aceitá-la. Estes são o único tipo de pessoa que eu deveria chamar de irmãos e irmãs; o único tipo que eu deveria amar e ajudar com amor. Todos aqueles que são avessos à verdade e nunca a praticam são descrentes, não são irmãos e irmãs. Mesmo que sejam nossos pais ou nossos parentes, devemos discerni-los e expô-los de acordo com as verdades princípios. Isso não significa que não deveríamos ser filiais com nossos pais ou que não cuidaremos deles no futuro, mas significa que devemos tratá-los racional e imparcialmente, de acordo com sua natureza essência. Entretanto, “o sangue é mais espesso que a água” e “o homem não é inanimado; como pode não ter emoções?” eram venenos satânicos em que eu estava submerso. Eu não tinha princípios em como tratava as pessoas, e sempre protegia e ficava do lado da minha família com base em afeto. Quando escrevi a avaliação do meu irmão, eu sabia que ele já tinha revelado ser um descrente que deveria ser removido da igreja, mas eu estava preso em afeto e não queria escrever a verdade. Queria esconder os fatos e enganar meus irmãos. Quando a líder pediu que eu escrevesse a avaliação da minha mãe, eu sabia que ela prejudicava a vida de igreja e que eu deveria escrever uma avaliação correta e objetiva para ajudar a líder a expô-la e restringi-la. Mas quando pensava que era minha mãe e como ela era boa comigo, eu temia que, se escrevesse com honestidade sobre sua conduta, eu sempre me sentisse culpado e não conseguisse conviver com isso. Também temia que os outros me vissem como cruel e frio. Cheio de dúvidas e apreensão, fiquei protelando. Eu via que esses venenos satânicos estavam enraizados em meu coração, prendendo-me ao meu afeto. Eles me tornavam alguém sem princípios ao tratar com os outros e me impediam de defender o trabalho da igreja. Eu estava do lado de Satanás, rebelando-me contra e resistindo a Deus. Fato era que minha mãe e meu irmão eram descrentes, e expor seu comportamento era a coisa reta a fazer. Era proteger o trabalho da igreja e seguir as exigências de Deus. Era amar o que Deus ama e odiar o que Deus odeia, e um testemunho de praticar a verdade. Mas eu via praticar a verdade e expor Satanás como algo negativo; eu via como algo cruel, sem consciência e traiçoeiro. Como eu estava confuso! Estava confundindo preto com branco, bom com ruim. Estava amarrado pelos meus afetos e consumido por negatividade por causa disso, sem motivação para desempenhar meu dever. Sem o esclarecimento e a orientação oportunos de Deus, meus afetos teriam acabado comigo. Viver dominado pelos afetos foi quase o fim para mim. Eu estava mesmo brincando com fogo.
Mais tarde, fiz mais autorreflexão, percebendo que minha relutância em escrever sobre minha mãe vinha de outro equívoco — a saber, que expô-la seria crueldade da minha parte, pois ela me criou com tamanha bondade. Li uma passagem da palavra de Deus que mudou minha perspectiva sobre isso. A palavra de Deus diz: “Deus criou este mundo e trouxe o homem, um ser vivo ao qual Ele concedeu a vida, para dentro dele. Em seguida, o homem veio a ter pais e parentes, não estava mais só. Desde que colocou os olhos pela primeira vez neste mundo material, o homem estava destinado a existir dentro da ordenação de Deus. O sopro de vida de Deus sustenta cada ser vivo durante o crescimento até a vida adulta. Nesse processo, ninguém acha que o homem está crescendo sob os cuidados de Deus; ao contrário, eles acreditam que o homem cresce sob o cuidado amoroso dos pais e que é o próprio instinto vital que dirige o seu crescimento. Isso acontece porque o homem não sabe quem concedeu sua vida, ou de onde ela veio, menos ainda como o instinto da vida cria milagres. O homem sabe apenas que o alimento é a base da continuidade da vida, que a perseverança é a fonte da existência da vida e que as crenças em sua mente são o capital do qual sua sobrevivência depende. Da graça e da providência de Deus, o homem não está nem um pouco ciente, e assim ele desperdiça a vida que lhe foi concedida por Deus… Nem um homem sequer desses humanos de que Deus cuida dia e noite se encarrega de adorá-Lo. Deus apenas continua a operar no homem, de quem não espera mais nada, conforme havia planejado. Ele faz isso na esperança de que um dia o homem acorde de seu sonho e, de repente, perceba o valor e o sentido da vida, o preço que Deus pagou por tudo que tem dado ao homem e a preocupação ansiosa com a qual Deus espera que o homem volte para Ele” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Deus é a fonte da vida do homem”). Aprendi com a palavra de Deus que, por fora, parece que minha mãe me deu à luz e me criou, e que ela sempre cuidou de mim na vida. Na verdade, porém, a fonte da vida humana é Deus, e tudo que desfrutei foi dado por Deus. Deus me deu vida e arranjou minha família e meu lar para mim. Foram os arranjos de Deus que me permitiram ouvir Sua voz e vir para diante Dele. Eu deveria estar agradecendo a Deus e deveria praticar a verdade em todas as coisas que me acontecem para satisfazer a Deus e retribuir Seu amor. Não deveria ficar do lado da família e agir em prol de Satanás, impedindo o trabalho da igreja. Foi quando percebi isso que despertei. Eu tinha que vir para diante de Deus para me arrepender, e não podia continuar seguindo meus afetos. Depois disso, eu expus corretamente a conduta da minha mãe que prejudicava a vida de igreja.
Um mês depois, fui eleito líder de igreja. Descobri que alguns membros da igreja ainda não tinham discernido a conduta da minha mãe totalmente. Pensei: “Eu deveria falar com eles sobre como minha mãe prejudicou a vida de igreja, para que possam aprender a discerni-la e tratá-la de acordo com as verdades princípios”. Mas justo quando estava prestes a fazer isso, senti-me em conflito. Se, durante a comunhão e a dissecação, os irmãos ganhassem discernimento sobre a conduta da minha mãe, eles a abandonariam? Isso aborreceria minha mãe? Eu sentia que não conseguiria me forçar a dizer nada. Percebi que, de novo, estava sendo constrangido pelo afeto e me lembrei da palavra de Deus que eu tinha lido previamente — de que eu deveria amar o que Deus ama e odiar o que Ele odeia. Minha mãe causou problemas na vida da igreja, e isso é algo que Deus odeia. Eu não podia continuar protegendo a minha mãe por afeto. Era responsabilidade minha expor e dissecar a situação, de acordo com as verdades princípios, para que os irmãos pudessem ganhar discernimento. Então, comuniquei e dissequei como minha mãe tinha interrompido a vida da igreja, e os outros ganharam algum discernimento e aprenderam algumas lições. A maioria acabou concordando que ela deveria ser isolada para autorrefletir. Após colocar isso em prática, senti-me relaxado e em paz. Agradeço a Deus, do fundo do coração, pelo esclarecimento e a orientação de Sua palavra, que me ajudaram a entender a verdade, encontrar princípios para praticar, e entender como tratar os membros da minha família. Sem isso, eu ainda seria constrangido pelo afeto, fazendo coisas para resistir a Deus. Essas experiências me mostraram que, no que diz respeito a tratar pessoas e lidar com situações dentro da igreja, tudo deve ser feito de acordo com as verdades princípios. Somente isso está alinhado com a intenção de Deus. É o único jeito de se sentir livre e ganhar um senso de paz interior. Graças a Deus!