5. A luta para relatar problemas
Em 2022, eu desempenhava dever de texto. Por acaso, conheci Kelli, uma líder de distrito. Ao ouvir suas experiências, fiquei sabendo que ela havia sido líder por cinco anos. Ela tinha alguns dons, era bastante perspicaz e organizada em seus arranjos de trabalho. Eu a admirava muito. No entanto, também fiquei sabendo que, para mostrar aos colegas sua competência no trabalho, sempre que eles encontravam dificuldades nos deveres, ela não só não os ajudava, como também ostentava seus próprios resultados, fazendo com que eles a admirassem e se delimitassem como inadequados. Notei que Kelli estava se exibindo demais, mas tinha pouco conhecimento de si mesma, e pensei comigo: “Embora Kelli tenha inteligência e dons, sua entrada na vida é muito fraca, e, ao se deparar com problemas, ela não reflete sobre si mesma nem se conhece”. Mais tarde, soube também que a irmã Stacey havia descoberto que Kelli não estava cultivando outras pessoas e que tinha sido descuidada, adotando uma postura de não intervir no trabalho evangelístico. Stacey perguntou aos colegas de Kelli se ela estava fazendo trabalho real, e, quando Kelli soube disso, não só não refletiu sobre si mesma, como desenvolveu preconceito contra os colegas e contra Stacey. Ela não estava disposta a cooperar e discutir o trabalho com os colegas, o que gerava resultados ruins no trabalho evangelístico. Quando voltei a ver Kelli, fiquei sabendo que seu estado não era bom, que ela tinha medo de resolver os problemas dos irmãos e que, por isso, empurrava essa responsabilidade para seus colegas de trabalho. Fiquei muito surpresa e pensei: “Kelli é líder de distrito, e seu trabalho principal é comunicar a verdade e resolver problemas. Só que ela não consegue resolver nem os problemas dos irmãos. Será que ela pode fazer bem seu trabalho principal como líder?”. Mas depois pensei: “Será que ela simplesmente tomou a senda errada durante esse período? Se, por meio de conselhos e ajuda, seu estado puder ser revertido, ela ainda poderá desempenhar seus deveres de líder. Afinal de contas, ela é líder há muitos anos e consegue arranjar e implementar um pouco de trabalho. Quanto à sua negligência em relação à entrada na vida, eu deveria oferecer mais ajuda e conselhos”. Então, eu lhe mostrei o problema. Kelli disse que estava disposta a se redimir, mas, depois, fiquei sabendo que ela ainda passava os dias ocupada e que ainda não tinha entrada na vida. Pensei comigo mesma: “Kelli não tem entrada na vida. Ela não consegue resolver os problemas dos irmãos nem fazer trabalho real. Será que ela é uma falsa líder?”. Porém, minha compreensão do desempenho de Kelli era limitada demais, e eu ainda não conseguia ver a situação claramente, de modo que não relatei essa questão ao nível superior.
Em abril de 2023, fui dispensada devido à minha busca por reputação e status e à minha incapacidade de fazer trabalho real, e não pensei mais no problema de Kelli. Mais tarde, a igreja lançou uma carta pedindo aos irmãos que denunciassem quaisquer falsos líderes ou anticristos que descobrissem, e eu pensei em Kelli: “Ela adora se exibir para fazer com que os outros a tenham em alta conta, não aceita sugestões das irmãs e até nutre preconceitos contra elas. Além disso, ela não aprende lições quando as coisas acontecem e não tem entrada na vida. Será que relato seu problema ao nível superior para que a igreja possa investigar?”. Mas então pensei: “Kelli é responsável pelo trabalho de várias igrejas. Se eu fizer uma denúncia incorreta e isso a prejudicar ou afetar seu estado, causando atrasos em seus deveres, eu acabaria sendo uma fonte de interrupção e perturbação, podendo perder meu dever atual e, em casos graves, ser isolada para reflexão. Esqueça. Quanto menos problemas, melhor. Além disso, minha compreensão da situação é limitada, e não posso ter certeza absoluta de que Kelli é uma falsa líder. Melhor eu continuar de cabeça baixa e desempenhar bem os deveres que tenho em mãos”. Com isso em mente, não relatei o problema de Kelli.
Durante esse período, a igreja costumava emitir cartas pedindo que verificássemos se havia falsos líderes e anticristos. Toda vez que via essas cartas, eu me sentia em conflito. Nesse meio-tempo em que eu hesitava, soube que uma irmã havia denunciado uma líder de igreja. Depois de entender e verificar melhor, percebeu-se que a líder denunciada só tinha algumas revelações de corrupção e que não era uma falsa líder que não fazia trabalho real. A pessoa que fez a denúncia tinha um caráter arrogante. Ela se aproveitou da corrupção revelada pela líder para condená-la como falsa, e muitas vezes constrangia os outros nas conversas e não exercia um papel positivo no grupo. Por fim, ela foi isolada para reflexão. Ao ouvir a notícia, fiquei alarmada e pensei: “Se eu relatar o problema de Kelli e fizer uma denúncia errada, será que a minha situação também será investigada? Eu já havia colocado um anticristo em uma posição importante quando eu era líder, causando interrupção e perturbação no trabalho da igreja. Se eu fizer uma denúncia errada desta vez, afetando o estado de Kelli e atrasando o trabalho de igreja, minhas transgressões se acumularão. Então, será que acabarei sendo isolada para reflexão ou até mesmo removida? Além disso, tenho uma compreensão limitada de Kelli e não posso ter certeza de que ela é uma falsa líder. Esqueça. Melhor eu não arriscar meu pescoço denunciando o problema. Kelli também costuma interagir com outros irmãos, portanto, se for uma falsa líder, os outros também perceberão os problemas dela e escreverão uma denúncia. Nesse momento, vou poder fornecer informações sobre as manifestações dela e, dessa forma, não serei investigada. Seria muito melhor”. Quando pensei a respeito, desisti completamente da ideia de relatar o problema.
Em junho de 2023, a igreja emitiu um aviso de expulsão de um anticristo. Esse anticristo, que era um supervisor, buscava reputação e status, o que causava sérias interrupções e perturbações no trabalho da igreja. O líder nos disse que, se descobríssemos algum falso líder ou anticristo na igreja, deveríamos informar imediatamente ao nível superior para proteger o trabalho da igreja. Pensei novamente em Kelli. Embora não fosse um anticristo, ela tinha manifestações de uma falsa líder. Fazia quase seis meses que eu havia notado o problema pela primeira vez e vinha evitando relatar o fato ao nível superior, sem coragem de fazê-lo. Se ela realmente fosse uma falsa líder, não seria prejudicial a todos os irmãos? Isso causaria muitos danos ao trabalho da igreja! Lembrei-me das palavras que Deus disse ao expor o anticristo Yan: “Há certas manifestações quando os anticristos fazem coisas. Ele não estava apenas fazendo coisas por baixo do pano; você poderia reconhecer essas manifestações em pessoa. Se vocês não podiam ver essas manifestações, então não estavam cegos? (Sim.) Então, se houvesse alguém assim novamente, agora, vocês seriam capazes de discerni-lo? Alguém como Yan pode desempenhar trabalho real? Pode comunicar a verdade e resolver problemas? (Não.) Por que você diz que não? (Em termos de resultados de trabalho, a igreja tinha muitos problemas que não foram resolvidos por muito tempo, o progresso de todo o trabalho estava incrivelmente lento, e as filmagens que fazíamos não atendiam às exigências da casa de Deus.) Antes de Yan ser detido, vocês viram que isso era um problema? (Não.) Então, o que vocês entendem, depois de ouvir sermões? Vocês não conseguem ver problemas assim tão sérios e, então, sempre arranjam desculpas, dizendo: ‘Nós não nos associamos a ele. Como poderíamos saber as coisas que ele estava fazendo por baixo do pano? Nós somos apenas crentes comuns; ele era líder. Não podíamos ficar seguindo o homem em todo lugar, por isso é razoável que não o tenhamos percebido e não o tenhamos denunciado’. É isso que vocês queriam dizer? (Sim.) Qual é a natureza disso? (Estamos tentando escapar das nossas responsabilidades.)” (A Palavra, vol. 4: Expondo os anticristos, “Item sete: Eles são perversos, insidiosos e enganosos (parte 1)”). Cada palavra de Deus tocou profundamente meu coração. Para não denunciar o problema, eu sempre usava a desculpa de que não entendia totalmente a situação e não conseguia perceber com clareza o que estava acontecendo. Na verdade, eu havia notado o comportamento de Kelli e acreditava que ela poderia ser uma falsa líder, mas tinha medo de ser responsabilizada se fizesse uma denúncia incorreta. Por isso, inventei a justificativa de que não tinha interagido muito com ela e não conseguia ver as coisas com clareza. Toda vez que havia comunhão nos incentivando a denunciar falsos líderes e anticristos, minha consciência me acusava, mas eu continuava a suprimi-la com a desculpa de que não conseguia perceber com clareza o assunto. A verdade é que essa desculpa era completamente infundada, e eu só estava evitando a responsabilidade. Tendo visto um problema com uma líder, eu deveria ter relatado imediatamente. Mesmo que não conseguisse perceber com clareza o problema, eu ainda poderia falar sobre o assunto e buscar a comunhão de irmãos que entendessem a verdade para que o problema não se arrastasse por tanto tempo. Dessa vez, eu não poderia continuar evitando isso. No entanto, quando pensei em relatar a situação de Kelli, lembrei-me de repente de que o líder havia dito que queria me promover e cultivar, e pensei: “Se eu relatar isso incorretamente, posso perder minha chance de ser promovida e talvez perca até a chance de desempenhar meu dever atual, mas, se eu não relatar nada e Kelli realmente tiver um problema, isso pode prejudicar significativamente o trabalho da igreja”. Esses pensamentos me deixaram num grande conflito. Eu realmente queria me posicionar e relatar o problema para proteger o trabalho da igreja, mas, sempre que pensava em como isso poderia afetar meus próprios interesses, minha coragem desaparecia. Minha consciência continuava a me acusar. Eu via o problema, não o denunciava e, embora entendesse as palavras de Deus, não as praticava. Eu não estava protegendo os interesses da igreja de forma alguma. Ainda que eu fosse promovida, qual seria o propósito? Chorei e me coloquei diante de Deus para orar: “Ó Deus, essa situação que estou enfrentando hoje é algo que Tu orquestraste e arranjaste. É também um teste para mim, para ver se posso considerar Tua intenção. Estou muito confusa neste momento. Ó Deus, por favor, guia-me para eu fazer a escolha certa”. Nesse momento, uma frase das palavras de Deus me veio à mente: “A essência de Deus é justiça. Apesar de não ser fácil compreender o que Ele faz, tudo que faz é justo; as pessoas simplesmente não entendem” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). Sim, o caráter de Deus é justo, e não importa o que Ele faça, é justo. A principal razão pela qual não ousei relatar a questão foi porque eu não entendia o caráter justo de Deus, o que me levou a viver em um estado de incompreensão e cautela. Eu imaginava que Deus era como os humanos corruptos, sem equidade e justiça, como se eu fosse ser isolada para reflexão ou até mesmo removida só por relatar um problema incorretamente ou cometer um erro. Foi realmente enganoso da minha parte suspeitar de Deus daquela forma! Deus é justo, e tudo na casa de Deus é tratado de forma equitativa e justa. Se eu relatasse um problema com um líder, a igreja investigaria e trataria do assunto de acordo com os princípios, e, se Kelli fosse realmente uma falsa líder, seria dispensada imediatamente. No entanto, se ela não fosse uma falsa líder, a igreja apontaria seu problema e a ajudaria para que ela pudesse refletir sobre si mesma e entrar, o que também seria uma coisa boa. Pensando nisso, senti-me um pouco aliviada.
Mais tarde, li outra passagem das palavras de Deus que me deu uma senda de prática. Deus Todo-Poderoso diz: “Às vezes, os falsos líderes e os anticristos atuam por um tempo e revelam certos problemas. Algumas pessoas podem ser capazes apenas de ver que existem problemas, mas não conseguem perceber a essência e a verdade desses problemas nem sabem como resolvê-los — isso também diz respeito à falta de discernimento. O que se deve fazer em tais circunstâncias? Em momentos como esses, você deve pedir a alguém que entende a verdade que venha discerni-los. Se houver várias pessoas que possam assumir a responsabilidade, com todos buscando, comunicando e discutindo a questão juntos, então todos vocês podem chegar a um consenso e perceber a essência do problema, e então poderão discernir se eles são falsos líderes e anticristos. Não é tão difícil resolver o problema de falsos líderes e anticristos; os falsos líderes não desempenham trabalho real e são fáceis de descobrir e perceber claramente; os anticristos perturbam e interrompem o trabalho da igreja e também são fáceis de descobrir e perceber claramente. Tudo isso está relacionado ao problema de perturbar o povo escolhido de Deus no desempenho de seus deveres, e você deve denunciar e expor tais pessoas — só assim você pode evitar que o trabalho da igreja seja atrasado. Denunciar e expor falsos líderes e anticristos é um trabalho crucial que garante que o povo escolhido de Deus possa desempenhar bem seus deveres, e todo o povo escolhido de Deus tem essa responsabilidade. Seja quem for, caso seja um falso líder ou um anticristo, o povo escolhido de Deus deve expô-lo e trazê-lo à luz, e dessa forma você cumprirá sua responsabilidade. A casa de Deus sempre lidará com o problema relatado de maneira oportuna e de acordo com os princípios desde que ele seja verdadeiro e haja realmente um incidente com um falso líder ou um anticristo” (A Palavra, vol. 4: Expondo os anticristos, “Item sete: Eles são perversos, insidiosos e enganosos (parte 1)”). Sim, ao encontrar falsos líderes ou anticristos na igreja, se eu não conseguir perceber com clareza a essência do problema, posso me comunicar e discernir com aqueles que entendem a verdade. Dessa forma, posso ganhar um entendimento mais preciso. Como eu não conseguia ver claramente se Kelli era uma falsa líder, eu podia buscar a comunhão com outras pessoas. Por meio da busca e da comunhão, eu poderia ganhar um entendimento mais claro dos princípios desse aspecto. Em seguida, conversei com minha irmã parceira Shirley sobre esse assunto, e ela também achava que Kelli estava trilhando a senda errada e sugeriu que eu relatasse o fato ao nível superior. Shirley também perguntou o que estava me preocupando a ponto de ter me impedido de relatar o problema. Com a pergunta de Shirley, percebi que minha hesitação em relatar o problema sempre esteve ligada, principalmente, ao desejo de me proteger e preservar meus interesses. Eu era tão egoísta e desprezível!
Lembrei-me de uma passagem das palavras de Deus e a procurei para ler. Deus diz: “A maioria das pessoas deseja buscar e praticar a verdade, mas, na maior parte do tempo, só tem a determinação e o desejo de fazê-lo; a verdade não se tornou sua vida. Como resultado, quando se deparam com forças malignas ou encontram pessoas malignas e más cometendo atos malignos ou falsos líderes e anticristos fazendo coisas de uma maneira que viole princípios — assim perturbando o trabalho da igreja e prejudicando o povo escolhido de Deus — elas perdem a coragem de se manifestar e se pronunciar. O que significa quando você não tem coragem? Significa que você é tímido ou inarticulado? Ou será que você não entende completamente e, portanto, não tem confiança para se pronunciar? Nenhum dos dois; isso é primariamente a consequência de ser constrangido por caracteres corruptos. Um dos caracteres corruptos que você revela é um caráter enganoso; quando algo acontece com você, a primeira coisa em que você pensa são seus interesses pessoais, a primeira coisa que você considera são as consequências, se isso será benéfico para você. Isso é um caráter enganoso, não é? Outro é um caráter egoísta e baixo. Você pensa: ‘O que uma perda para os interesses da casa de Deus tem a ver comigo? Eu não sou um líder, então por que deveria me importar? Não tem nada a ver comigo. Não é responsabilidade minha’. Tais pensamentos e palavras não são algo que você pensa conscientemente; são produzidos por seu subconsciente — que é o caráter corrupto que se revela quando as pessoas deparam com um problema. Caracteres corruptos como esse governam a maneira com que você pensa, amarram seus pés e mãos, e controlam o que você diz. No coração, você quer se levantar e falar, mas tem receios, e, mesmo quando fala, você faz rodeios, e deixa espaço de manobra ou então prevarica e não diz a verdade. As pessoas que têm visão cristalina enxergam isso; na verdade, você sabe em seu coração que não disse tudo que deveria, que o que disse não teve efeito algum, que você foi simplesmente superficial, e que o problema não foi resolvido. Você não cumpriu a sua responsabilidade, entretanto fala em alto e bom som que a cumpriu, ou que não tinha certeza do que estava acontecendo. Isso é verdade? E é o que você realmente pensa? Então você não está completamente sob o controle de seu caráter satânico? […] Você nunca busca a verdade, muito menos a pratica. Você está apenas constantemente orando, fazendo resoluções, estabelecendo aspirações e prometendo, no coração. E qual é o resultado? Você continua sendo um bajulador, não é sincero sobre os problemas que enfrenta, não se importa com as pessoas malignas quando as vê, não responde quando alguém faz o mal ou cria uma perturbação, e fica indiferente quando não é pessoalmente afetado. Você pensa: ‘Não falo sobre nada que não me diz respeito. Desde que não prejudique meus interesses, minha vaidade ou minha imagem, eu ignoro tudo, sem exceção. Eu tenho que ter muito cuidado, pois o pássaro que levanta a cabeça é o que leva o tiro. Não vou fazer nada estúpido!’. Você é total e inabalavelmente controlado por seus caracteres corruptos de perversidade, engano, intransigência e aversão à verdade. Eles ficaram mais difíceis de suportar do que a faixa dourada apertada usada pelo Rei Macaco. Viver sob o controle de caracteres corruptos é tão exaustivo e excruciante!” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). A exposição de Deus reflete exatamente o meu estado. Eu sabia que havia um problema com Kelli que precisava ser relatado ao nível superior. Mais ainda após ler as cartas da casa de Deus pedindo a denúncia de falsos líderes e anticristos, pensei em denunciar o problema várias vezes, mas tinha medo de que, se o relatasse incorretamente, poderia perder meu dever ou ser isolada para reflexão. Eu sempre considerava meus próprios interesses. Em momentos críticos, não conseguia sequer dizer uma palavra para defender os interesses da casa de Deus e não me atrevia a relatar problemas. Eu era realmente uma inútil! Eu sabia muito bem que Kelli era responsável por várias igrejas, e, se ela realmente fosse uma falsa líder, isso teria um impacto significativo no trabalho da igreja, e a entrada na vida de muitos irmãos sofreria perdas. Porém, quando pensei que denunciar o problema poderia não me beneficiar e até prejudicar meus interesses, procurei me proteger, dando desculpas para fugir da responsabilidade, e esperei que outros dessem um passo à frente e denunciassem. Eu só me preocupava com meus próprios interesses e não considerava nem um pouco o impacto que isso teria no trabalho da igreja e na entrada na vida dos irmãos. Desde que não sofresse nenhuma perda, eu não me importava. Mesmo quando via problemas com a líder, eu fazia vista grossa, suprimindo minha consciência mesmo quando esta estava cheia de culpa. Eu considerava meus próprios interesses em tudo. Eu era realmente enganosa, egoísta e desprezível! Antes, eu achava que tinha senso de retidão e que podia apontar e expor os problemas de outros irmãos. Agora, pensando a respeito, antes eu ousava apontar e expor os problemas, porque isso não envolvia meus interesses. Como agora isso envolvia diretamente meus próprios interesses, tornei-me uma tartaruga escondendo a cabeça, sem nenhuma integridade. Durante esse período, também me lembrei das palavras de Deus e soube o que seria apropriado fazer, mas coloquei meus próprios interesses acima de tudo e, embora entendesse a verdade, não consegui praticá-la. Eu não era apenas egoísta e desprezível, mas também intransigente e avessa à verdade. Depois de ler tantas palavras de Deus, quando precisei agir em momentos cruciais para defender os interesses da igreja, não tive coragem. Eu tinha mesmo ouvido as palavras de Deus por tantos anos em vão; eu não tinha nenhum testemunho!
Mais tarde, Shirley leu para mim uma passagem das palavras de Deus: “Deixem-Me falar francamente: se vocês não seguem a senda correta nem praticam a verdade, se agitam a bandeira da fé em Deus, mas querem viver exatamente como os não crentes e agir de forma licenciosa, sua fé em Deus não tem sentido. Por que Eu digo que não tem sentido? Onde reside o significado da fé em Deus? Reside na mudança completa da senda que as pessoas seguem, de sua perspectiva de vida e do rumo e dos objetivos de vida depois que elas passam a crer em Deus, quando essas coisas diferem totalmente daqueles que não creem em Deus, de pessoas mundanas e diabos, e a senda que os crentes seguem se torna totalmente oposta à deles. O que é esse sentido oposto? É querer ser uma boa pessoa e ser alguém que se submete a Deus e tem semelhança humana. Então, como se pode conseguir isso? Você deve se concentrar em se esforçar pela verdade, e somente então você será capaz de mudar. Se você não busca nem pratica a verdade, sua fé em Deus não tem significado nem valor, sua fé é só uma casca, palavras diabólicas pensadas para enganar, apenas palavras vazias, sem qualquer efeito” (A Palavra, vol. 4: Expondo os anticristos, “Item sete: Eles são perversos, insidiosos e enganosos (parte 1)”). As palavras de Deus perfuraram meu coração. Eu havia acreditado Nele por muitos anos e lido muitas palavras Suas, mas, em momentos cruciais, não praticava a verdade. Eu vivia como uma não crente, guiada pelas filosofias de Satanás: “deixe as coisas seguirem se não o afetarem pessoalmente”, e “pessoas sensatas sabem se proteger e buscam somente evitar cometer erros”. Eu protegia meus próprios interesses em tudo, sem considerar nem um pouco as intenções de Deus. Eu professava acreditar em Deus, mas não praticava Suas palavras. Eu não havia me tornado uma descrente? Deus não salva os descrentes. Se não me arrependesse e continuasse a não praticar a verdade, eu seria simplesmente eliminada. Eu não devia mais proteger meus interesses; eu tinha que relatar o problema da Kelli ao nível superior. No dia seguinte, escrevi a denúncia sobre a questão envolvendo Kelli e a enviei aos líderes de nível superior.
Logo depois, o irmão Rupert, do nível superior, arranjou uma reunião comigo para entender a questão envolvendo Kelli. Quando mencionei que já havia cometido transgressões em meus deveres e temia que, se relatasse esse problema incorretamente, isso poderia levar ao isolamento para reflexão e à perda da oportunidade de desempenhar meus deveres, Rupert disse que isso demonstrava uma falta de compreensão do caráter justo de Deus e dos princípios que a casa de Deus usa para lidar com as pessoas, e se comunicou comigo sobre esse aspecto da verdade. Por meio da comunhão de Rupert, finalmente ganhei algum entendimento. A casa de Deus lida com as pessoas com base em sua natureza essência e seu comportamento consistente. Se minhas intenções fossem corretas e visassem proteger os interesses da casa de Deus, então, mesmo que eu relatasse erroneamente um problema devido à falta de discernimento, os irmãos se comunicariam comigo para corrigi-lo e eu não seria dispensada nem isolada só porque cometi um erro ao relatar um problema uma única vez. Entretanto, se eu continuasse a viver de acordo com as filosofias de Satanás, deixasse de praticar a verdade e não protegesse os interesses da casa de Deus, e se minha atitude em relação à verdade fosse de aversão e intransigência, então, mesmo que não cometesse erros, eu acabaria sendo revelada e eliminada. Lembrei-me de que havia visto uma irmã ser isolada para refletir depois de relatar um problema, mas não porque ela o relatou incorretamente, e sim porque seu caráter era arrogante demais, e ela vivia constrangendo os outros, e não era uma influência positiva em sua equipe. Isolá-la para refletir foi para lhe dar uma chance de se arrepender. Desde que reconhecesse seu caráter corrupto e parasse de causar perturbações, ela ainda teria a oportunidade de ser salva. Tendo acreditado em Deus por tantos anos, eu não tinha visto ninguém ser eliminado por relatar problemas com falsos líderes. A casa de Deus realmente lida com as pessoas com base em sua natureza essência e comportamento consistente. Mais tarde, os líderes de nível superior, após entenderem e verificarem o comportamento de Kelli, descobriram que ela não só não tinha entrada na vida e não conseguia fazer trabalho real, como também tinha um forte desejo de status. Ela vivia dando testemunho de si mesma, menosprezava os colegas de trabalho, e reprimia e atormentava os outros. Quando percebia que não a levavam a sério, ela guardava rancor e, se alguém ousasse apontar os problemas dela ou tivesse opiniões diferentes das dela, ela chegava a tratá-lo como dissidente e inimigo. Com base no comportamento de Kelli, foi determinado que ela era uma falsa líder trilhando a senda de um anticristo, e ela foi dispensada e isolada. Os líderes também mencionaram que a questão que eu havia relatado era crucial e me incentivaram a relatar prontamente qualquer outro problema futuro que eu descobrisse. Quando vi que Kelli havia sido dispensada e que a igreja não estava mais sendo interrompida nem perturbada por uma falsa líder, senti-me profundamente grata a Deus!
Toda vez que lembro que não tive coragem de relatar o problema que encontrei, que me concentrei apenas em proteger meus próprios interesses, sem proteger os interesses da casa de Deus, e que deixei o problema com a falsa líder se arrastar por mais de meio ano até ser resolvido, odeio quanto eu era egoísta e desprezível e quanto estava gravemente presa ao meu caráter corrupto. Foram as palavras de Deus que me levaram a romper as influências das trevas e me deram a coragem de denunciar o problema, protegendo os interesses da igreja. Sou verdadeiramente grata a Deus do fundo do meu coração!