43. Saindo da sombra da morte de meu filho
Nesses anos como crente, eu sempre soube que, em teoria, nossa sina, nosso nascimento e nossa morte estão todos nas mãos de Deus, mas, na verdade, eu não tinha um entendimento verdadeiro de Deus. Quando Deus orquestrou uma situação que não estava de acordo com minhas noções, quando meu filho morreu repentinamente em um acidente de moto, manifestei queixas, equívocos e contestação. Fui completamente revelada. Foi só então que me dei conta de minha estatura real. Além disso, passei a entender melhor minhas opiniões equivocadas sobre ganhar bênçãos por meio da crença.
Era julho de 2017, e meu marido e eu éramos relativamente conhecidos como crentes na região, tanto que a polícia foi à nossa casa várias vezes para nos investigar. Fomos obrigados a deixar nosso filho e desempenhar nossos deveres longe de casa. Mais tarde, a polícia continuou a nos investigar e, por isso, meu marido e eu nunca pudemos voltar para casa durante os últimos sete anos. Às vezes, quando ouvia outras crianças chamando “mamãe”, eu sentia uma tristeza súbita. Eu só esperava que algum dia pudesse voltar para casa e ver meu filho, mas, devido à nossa situação, não ousávamos retornar e só podíamos receber notícias sobre nosso filho dos irmãos do meu vilarejo. Sempre que ouvia que meu filho estava saudável e seguro, eu agradecia a Deus por Seu cuidado e proteção e conseguia desempenhar meu dever com tranquilidade.
Em uma tarde de agosto de 2023, recebi uma mensagem de meu supervisor informando-me que o filho de Wang Kai havia morrido em um acidente de moto. Wang Kai é meu marido. Estavam dizendo que meu filho havia morrido. Isso parecia impossível, e pensei que o supervisor pudesse ter cometido um erro. Eu simplesmente não conseguia acreditar que meu filho havia morrido. Esfreguei os olhos e reli a mensagem com atenção, mas ela não poderia ter sido mais clara. Desabei no chão e não consegui conter o choro. Como algo assim poderia acontecer com minha família? Quis ter asas para poder voar para casa e ver meu filho uma última vez, mas meu marido e eu éramos alvos da polícia, e não era seguro voltar para casa. Quando pensei que não poderíamos voltar para casa para ver nosso filho morto, doeu como se tivesse levado uma facada no peito. Comecei a entender mal a Deus e a culpá-Lo: “Ó Deus! Por que não protegeste meu filho? Desde que entramos na fé, meu marido e eu sempre desempenhamos deveres. Perseguidos e almejados pelo grande dragão vermelho, saímos de casa e abandonamos nosso próprio filho para desempenhar nosso dever até hoje. Não importava o dever que a igreja nos atribuísse, nós nunca recusávamos. Nosso filho tinha apenas 30 anos de idade; ele era jovem. Eu tenho que enterrar meu próprio filho! Meu filho era minha única esperança como mãe, e agora não tenho nada e nem sequer pude vê-lo antes de sua morte. Seria melhor se tivéssemos morrido juntos e eu pudesse estar com ele na vida após a morte”. Percebi que havia me desviado em meu pensamento, que estava culpando e entendendo mal a Deus, então, às pressas, comecei a orar a Deus em silêncio: “Ó Deus! Quando soube que meu filho havia morrido em um acidente de moto, não consegui aceitar isso imediatamente, mas não deveria ter Te culpado e Te entendido mal. Ó Deus! Por favor, protege meu coração e permite que eu me aquiete diante de Ti”. Orei a Deus pedindo ajuda repetidamente e, aos poucos, comecei a me acalmar. Mas quando pensava em como meu filho havia morrido e que nunca mais o veria, ainda ficava muito agoniada e fraca. Deitada na cama, eu me recusava a comer e beber e não dormia a noite toda. Eu imaginava o rosto de meu filho, e chamava seu nome em meu coração enquanto as lágrimas embaçavam minha visão.
Ao longo dos dias seguintes, eu vivia na dolorosa lembrança de meu filho e não sentia vontade de fazer nada. Não tinha motivação para acompanhar o trabalho evangelístico, e o trabalho atrasou. Eu sabia que não podia chafurdar nesse estado porque era responsável pelo trabalho evangelístico. Meu filho havia morrido, mas eu tinha que continuar vivendo e desempenhar meu dever adequadamente! Enxuguei minhas lágrimas e me ajoelhei diante de Deus para orar: “Ó Deus! Não quero permanecer nesse estado desesperançado. Por favor, guia-me para que eu aprenda com essa situação e me liberte dessa tristeza”. Depois da oração, li uma passagem das palavras de Deus que meu líder havia me enviado: “Alguns pais ignorantes não conseguem entender a vida nem o destino, não reconhecem a soberania de Deus e tendem a fazer coisas ignorantes quando se trata de seus filhos. Por exemplo, depois de se tornarem independentes, os filhos poderão encontrar certas situações especiais, adversidades ou incidentes sérios; alguns enfrentam doenças, outros são envolvidos em processos jurídicos, outros se divorciam, outros são enganados e caem em golpes, ainda outros são sequestrados, machucados, espancados seriamente ou enfrentam a morte. Existem até alguns que caem em dependência química etc. O que os pais deveriam fazer nessas situações especiais e significativas? Qual é a reação típica da maioria dos pais? Eles fazem o que deveriam fazer como seres criados com a identidade de pais? Raramente os pais recebem notícias desse tipo e reagem como reagiriam se isso acontecesse com um estranho. A maioria dos pais fica acordada a noite inteira até os cabelos ficarem brancos, eles perdem o sono noite após noite, não têm apetite durante o dia, quebram a cabeça de tanto pensar e alguns até choram amargamente, até os olhos ficarem vermelhos e as lágrimas se esgotarem. Eles oram fervorosamente a Deus, pedem que Deus leve sua fé em conta e proteja seus filhos, mostre-lhes favor e os abençoe, seja misericordioso e poupe-lhes a vida. Numa situação desse tipo, todas as fraquezas e vulnerabilidades humanas e os sentimentos dos pais em relação aos filhos são expostos. Que mais é revelado? Sua rebeldia contra Deus. Eles imploram a Deus e oram a Ele, suplicando que Ele proteja seus filhos de uma calamidade. Mesmo que ocorra um desastre, eles oram para que seus filhos não morram, que consigam escapar do perigo, que não sejam prejudicados por pessoas malignas, que suas doenças não piorem, mas melhorem etc. Pelo que estão realmente orando? (Deus, com essas orações, eles estão fazendo exigências a Deus, com uma insinuação de queixa.) De um lado, estão extremamente insatisfeitos com a luta de seus filhos, reclamam que Deus não deveria ter permitido que tais coisas acontecessem com seus filhos. Sua insatisfação se mistura com queixa, e eles pedem que Deus mude de opinião, que não aja dessa forma, que livre seus filhos do perigo, que os mantenha seguros, que cure sua doença, que os ajude a escapar de processos jurídicos, que evite as calamidades quando surgirem etc. — em suma, que faça com que tudo corra tranquilamente. Ao orarem assim, de um lado, estão se queixando de Deus, de outro, estão fazendo exigências a Ele. Isso não é uma manifestação de rebeldia? (É sim.) Implicitamente, estão dizendo que o que Deus está fazendo não é certo nem bom, que Ele não deveria agir dessa forma. Por se tratar de seus filhos e por que os pais são crentes, os pais acham que Deus não deveria permitir que tais coisas aconteçam com os filhos. Seus filhos são diferentes dos outros; eles deveriam receber bênçãos preferenciais de Deus. Por conta de sua fé em Deus, Ele deveria abençoar seus filhos e, se Ele não o faz, eles ficam angustiados, choram, têm um chilique e não querem mais seguir a Deus. Se seu filho morre, eles acham que também não querem mais viver. É esse o sentimento que eles têm em mente? (Sim.) Isso não é uma forma de protesto contra Deus? (É sim.) Isso é protestar contra Deus” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade, “Como buscar a verdade (19)”). As palavras de Deus expuseram completamente meu estado atual. Quando soube da morte do meu filho no acidente de moto, não comi nem bebi e até discuti de forma insensata com Deus, resisti a Ele, culpei-O e O entendi mal. Fiz isso porque tinha uma opinião equivocada sobre minha fé. Meu marido e eu havíamos abandonado nossa família e nosso trabalho para desempenhar nossos deveres sem a menor queixa sobre as adversidades, e até continuamos desempenhando nossos deveres quando fomos ridicularizados por nossos parentes e vizinhos e perseguidos pela polícia. Eu achava que, contanto que renunciasse às coisas, me despendesse, sofresse mais e pagasse um preço maior em meu dever, Deus certamente protegeria meu filho de doenças e acidentes e permitiria que ele vivesse com saúde. Quando soube que meu filho havia morrido em um acidente de moto, comecei a discutir com Deus e a resistir a Ele, usando minhas renúncias e meu dispêndio como capital para discutir com Ele e culpando a Deus por não proteger meu filho. Também pensei que, como meu filho havia morrido, não havia sentido em continuar vivendo e que seria melhor estar com meu filho na vida após a morte! Ao refletir sobre meu comportamento, vi que eu estava resistindo à situação que Deus havia orquestrado e insatisfeita com ela. Eu estava me rebelando e clamando contra Deus; isso era oposição a Deus! A morte de meu filho revelou minha estatura real. Vi claramente que minha prática de fé de longa data de abandonar família e carreira, sofrer e pagar um preço não passava de uma transação que eu queria fazer com Deus em troca de graça e bênçãos. Pensei na incrível provação pela qual Jó passou quando perdeu todos os seus bens e filhos e ficou coberto de chagas, mas se submeteu incondicionalmente a Deus e até louvou Seu nome e permaneceu firme em seu testemunho de Deus. Fiquei envergonhada depois de comparar meu próprio comportamento com o de Jó. Eu tinha que parar de culpar a Deus. Tinha que confiar Nele para permanecer firme em meu testemunho e humilhar Satanás!
Depois disso, continuei lendo as palavras de Deus e comecei a entender minha opinião equivocada sobre a crença. Deus Todo-Poderoso diz: “A época de ‘a crença de uma pessoa no Senhor traz bênçãos para a família toda’ não passou há muito tempo? (Sim, passou.) Por que, então, as pessoas ainda jejuam e oram desse jeito, suplicando descaradamente para que Deus proteja e abençoe seus filhos? Por que elas ainda ousam protestar e disputar com Deus, dizendo: ‘Se Tu não fizeres isso desse jeito, continuarei orando; farei jejum!’. O que significa fazer jejum? Significa entrar em greve de fome, que, em outro sentido, é agir descaradamente e fazer um escândalo. Quando as pessoas agem descaradamente em relação a outras pessoas, elas podem bater o pé, dizendo: ‘Ah, meu filho se foi; não quero mais viver, não posso continuar!’. Elas não fazem isso quando estão diante de Deus; elas falam de forma elegante, dizendo: ‘Deus, imploro que protejas meu filho e cures sua doença. Deus, Tu és o grande médico que salva as pessoas — Tu podes fazer todas as coisas. Imploro que o guardes e protejas. Teu Espírito está em todos os lugares, Tu és justo, Tu és um Deus que tem misericórdia com as pessoas. Tu cuidas delas e as prezas’. O que elas querem dizer com isso? Nada do que dizem está errado, só que não é o momento certo para dizer tais coisas. A implicação é que, se Deus não salvar seu filho e não o proteger, se Ele não cumprir seus desejos, Ele não é um Deus amoroso, Ele carece de amor, Ele não é um Deus misericordioso e não é Deus. Não é esse o caso? Isso não é agir descaradamente? (Sim.) As pessoas que agem descaradamente honram Deus como grande? Elas têm um coração que teme a Deus? (Não.) As pessoas que agem descaradamente são iguais aos patifes — elas carecem de um coração que teme a Deus” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade, “Como buscar a verdade (19)”). “O relacionamento do homem com Deus é meramente de um interesse próprio nu e cru. É um relacionamento entre um receptor e um doador de bênçãos. Para colocar de forma mais clara, é o relacionamento entre um empregado e um empregador. O empregado trabalha muito apenas para receber as recompensas concedidas pelo empregador. Não há afeto em tal relacionamento baseado em interesses, apenas transação. Não há amar nem ser amado, apenas caridade e misericórdia. Não há entendimento, apenas indignação impotente suprimida e engano. Não há intimidade, apenas um abismo intransponível” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Apêndice 3: O homem só pode ser salvo em meio ao gerenciamento de Deus”). Ponderando sobre as palavras de Deus, entendi que Ele disse que a época da “crença de uma pessoa no Senhor traz bênçãos para a família toda” já tinha passado havia muito tempo. No entanto, eu ainda mantinha essa opinião em minha crença. Refletindo sobre meus muitos anos na fé, por fora podia parecer que eu havia abandonado minha família e minha carreira para desempenhar meu dever, mas, na verdade, eu só queria receber graça de Deus. Quando ouvia que meu filho estava bem, saudável e seguro, não importava o dever que me fosse designado, eu o desempenhava diligentemente. Quando recebi a terrível notícia da morte de meu filho, comecei a discutir com Deus e a resistir a Ele e não tive motivação para desempenhar meu dever. Até pensei em me matar para estar com meu filho e estava cheia de mal-entendidos e reclamações sobre Deus. Ao comparar as palavras de Deus comigo mesma, vi que eu era uma pessoa sem vergonha que estava tendo um chilique. Eu havia acreditado em Deus durante anos, tinha comido e bebido muitas de Suas palavras, mas não tinha o mínimo de submissão ou de temor a Ele no coração. Eu apenas havia passado aqueles anos sofrendo e me despendendo para obter bênçãos, meramente fazendo uma transação com Deus e não estava cumprindo meu dever nem um pouco para satisfazer a Deus. Assim que não recebi a graça e as bênçãos de Deus, comecei a clamar contra Ele e a discutir com Ele. Eu não tinha o mínimo de humanidade ou de razão!
Mais tarde, li outra passagem que me ajudou a entender melhor por que “a crença de uma pessoa no Senhor traz bênçãos para a família toda” é uma opinião equivocada. Deus diz: “Todos têm uma destinação adequada, que é determinada de acordo com a essência de cada indivíduo, e não tem absolutamente nada a ver com outras pessoas. O comportamento maligno de um filho não pode ser transferido para os pais, tampouco a justiça de um filho pode ser compartilhada com seus pais. O comportamento maligno dos pais não pode ser transferido para seus filhos, tampouco a justiça dos pais pode ser compartilhada com seus filhos. Todos carregam seus respectivos pecados, e todos desfrutam de suas respectivas bênçãos. Ninguém pode ser um substituto para outra pessoa; isso é justiça” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Deus e o homem entrarão em descanso juntos”). Por meio das palavras de Deus, entendi que Ele determina o desfecho das pessoas de acordo com a essência e o comportamento geral delas. Como uma crente, desempenhar meu dever era minha responsabilidade e isso não tinha nada a ver com a sina e a destinação do meu filho. A sina de meu filho não mudaria só porque eu acreditava em Deus. Deus governa a sina de todos, crentes e não crentes. Os arranjos de Deus são sempre justos, portanto eu deveria me submeter a eles; essa seria a coisa razoável a fazer. No entanto, eu seguia a opinião equivocada de que “a crença de uma pessoa no Senhor traz bênçãos para a família toda”, achando que, pelo fato de eu ter renunciado a coisas, me despendido e desempenhado meu dever, Deus deveria proteger meu filho. Essa opinião derivava de minhas próprias noções e imaginações e não estava nem um pouco de acordo com a verdade.
Comendo e bebendo as palavras de Deus, ganhei um entendimento de minha opinião equivocada sobre obter bênçãos por meio da crença. Achei que finalmente tinha superado a morte do meu filho, mas quando Deus orquestrou outra situação para mim e fiquei sabendo o motivo da morte do meu filho, comecei a me queixar novamente. Em 14 de agosto, encontrei-me com minha cunhada, que também era crente, e ela me disse que, no momento do acidente, parecia que meu filho não havia se ferido gravemente. Ele foi levado ao hospital para fazer exames de imagem e depois recebeu alta para descansar em casa. Após chegar em casa, ele começou a sentir falta de ar e voltou ao hospital, mas ele não só não melhorou, como na verdade piorou e pediu que fosse transferido para outro hospital, mas o médico responsável recusou. Mais tarde, só quando a falta de ar do meu filho continuou a piorar, o médico finalmente concordou em transferi-lo, mas, a caminho do hospital, ele parou de respirar completamente. A autópsia revelou que uma costela quebrada havia machucado os pulmões e causado uma infecção. Se ele tivesse sido operado em tempo hábil, talvez não tivesse morrido. O diagnóstico errado do hospital havia levado à sua morte. Quando soube desses detalhes, fiquei absolutamente chocada e quase desmaiei. A dor emocional foi como se eu tivesse levado uma facada no peito. Abracei minha cunhada e me desmanchei em lágrimas. Eu pensei: “Se meu marido e eu tivéssemos estado lá para insistir que ele fosse transferido a tempo, ele nunca teria morrido”. Minha cunhada tentou me confortar e disse: “Existe intenção de Deus nessa experiência; tente aceitar isso de Deus”. Os comentários de minha cunhada me ajudaram a perceber de repente que eu estava reclamando mais uma vez. Orei a Deus no coração, pedindo que Ele protegesse meu coração e me ajudasse a me submeter à Sua soberania e aos Seus arranjos. Então me lembrei de uma passagem das palavras de Deus que eu havia lido alguns dias atrás: “A soberania de Deus é ordenada e planejada por Ele. É aceitável você querer mudar isso? (Não, não é.) Não é aceitável. Portanto, as pessoas não devem fazer coisas tolas ou insensatas” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade, “Como buscar a verdade (19)”). Ao refletir sobre as palavras de Deus, percebi que a vida e a morte do homem são ordenadas por Deus. Mesmo que nós estivéssemos em casa e tivéssemos incentivado o médico a operar mais rapidamente, se sua hora tivesse chegado, ainda assim ele teria morrido e nada poderíamos ter feito. Era muito irracional da minha parte reclamar com Deus. Ao perceber isso, fiquei muito mais tranquila. Estava disposta a me submeter à soberania de Deus e a desempenhar meu dever em paz.
Mais tarde, deparei-me com uma passagem das palavras de Deus em um vídeo que me deu alguma percepção sobre a opinião equivocada da busca de bênçãos na fé. Deus Todo-Poderoso diz: “Não há correlação entre o dever do homem e se ele recebe bênçãos ou sofre infortúnio. O dever é o que o homem deve cumprir; é sua vocação providencial, e não deveria depender de recompensa, condições ou razões. Só então ele está desempenhando o seu dever. Receber bênçãos se refere a quando alguém é aperfeiçoado e desfruta das bênçãos de Deus após experimentar julgamento. Sofrer infortúnio se refere a quando o caráter de alguém não muda depois de ter experimentado castigo e julgamento; ele não experimenta ser aperfeiçoado, mas, sim, punido. Mas, independentemente de receberem bênçãos ou sofrerem infortúnio, os seres criados devem cumprir seu dever, fazer o que devem fazer e fazer o que são capazes de fazer; isso é o mínimo que uma pessoa, uma pessoa que busca a Deus, deveria fazer. Você não deve desempenhar o seu dever apenas para receber bênçãos e não deve se recusar a agir por medo de sofrer infortúnio. Deixe-Me dizer-lhes uma coisa só: o desempenho do homem de seu dever é o que ele deve fazer e, se ele é incapaz de desempenhar seu dever, então isso é a sua rebeldia” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “A diferença entre o ministério de Deus encarnado e o dever do homem”). Ao ponderar sobre as palavras de Deus, percebi que não existe relação entre desempenhar o dever e ser abençoado ou amaldiçoado. Os deveres são a comissão de Deus para os homens e são nossas responsabilidades inabaláveis que todos nós, natural e justificadamente, devemos cumprir. Sou um ser criado, e Deus me deu minha vida, portanto devo cumprir meu dever e não devo usar minha renúncia às coisas e meus dispêndios como capital em troca de graça e bênçãos de Deus. Sejam crentes ou não crentes, a sina de todas as pessoas é arranjada e governada por Deus. Nascimento, envelhecimento, doença e morte são todos eles fenômenos naturais, e devo me submeter à soberania e aos arranjos de Deus.
Então li outra passagem das palavras de Deus: “Você ama e protege seus filhos, você tem afeto por seus filhos, você não consegue largá-los, assim não permite que Deus faça qualquer coisa. Isso faz sentido? Isso está alinhado com a verdade, com a moralidade ou com a humanidade? Não está alinhado com nada, nem mesmo com a moralidade, certo? Você não está prezando seus filhos, está protegendo-os — você está sob a influência de seu afeto. Você até diz que, se seu filho morrer, você deixará de viver. Já que é tão irresponsável em relação à propria vida e não preza a vida que Deus lhe deu, se você quer viver para seus filhos, vá em frente e morra com eles. Não é fácil fazer isso? Depois de morrer e você chegar no âmbito espiritual, você pode verificar e ver: o espírito de você e de seus filhos são da mesma espécie? Ainda têm esse mesmo relacionamento físico? Ainda têm afeto uns pelos outros? Quando voltar para o outro mundo, você mudará. Isso não é verdade? (Sim.) […] Para onde irão quando morrerem? Quando morrem, seu corpo dá seu último suspiro, sua alma parte, e eles se despedem completamente de você. Eles não o reconhecerão mais, não permanecerão nem por um segundo, simplesmente voltarão para o outro mundo. Quando voltam para esse outro mundo, você chora, sente falta deles e se sente miserável e atormentado, dizendo: ‘Ah, meu filho se foi, e nunca mais serei capaz de vê-lo!’. Uma pessoa morta tem alguma percepção? Ela não tem nenhuma percepção sua, não sente nenhuma falta de você. Quando sai do corpo, imediatamente ela se torna uma terceira entidade, ela não tem mais nenhuma relação com você. Como é que ela vê você? Ela diz: ‘Essa senhora velha, esse senhor velho — por quem está chorando? Ah, está chorando por um corpo. Parece-me que acabei de me separar desse corpo: estou mais leve agora, não tenho mais a dor da doença — estou livre’. É isso que ela sente. Depois de morrer e sair do corpo, ela continua a existir no outro mundo, aparecendo em uma forma diferente, e deixa de ter um relacionamento com você. Você chora e anseia por ela, sofre por ela, porém, ela não sente nada, não sabe nada. Depois de muitos anos, devido ao destino ou acaso, ela pode se tornar seu colega de trabalho ou seu compatriota ou pode viver longe de você. Embora vivam no mesmo mundo, vocês serão duas pessoas diferentes sem nenhuma conexão. Embora algumas pessoas possam reconhecer que ela era fulana de tal na vida passada devido a circunstâncias especiais ou por causa de algo especial que foi dito, ela não sente nada quando vê você, e você não sente nada quando a vê. Mesmo que tenha sido seu filho na vida anterior, você não sente nada por ele agora — você só pensa em seu filho morto. Ele também não sente nada por você: ele tem seus próprios pais, sua própria família e um sobrenome diferente — ele não tem nenhuma relação com você. Mas você ainda está aí, sentindo falta dele — está sentindo falta de quê? Está apenas sentindo falta do corpo físico e do nome que, no passado, estavam relacionados a você por sangue; é apenas uma imagem, uma sombra que permanece em seus pensamentos ou em sua mente — ela não tem nenhum valor real. A pessoa reencarnou, foi transformada em um humano ou em qualquer outro ser vivo — ela não tem nenhuma relação com você. Portanto, quando alguns pais dizem: ‘Se meu filho morrer, eu também deixarei de viver!’ — isso é pura ignorância! A vida dele acabou, mas por que você deveria parar de viver? Por que você fala de forma tão irresponsável? A vida de seu filho acabou, Deus cortou o fio, e seu filho tem outra tarefa — isso é da sua conta? Se você tiver outra tarefa, Deus também cortará seu fio; mas você ainda não tem, por isso precisa continuar vivendo. Se Deus o quer vivo, você não pode morrer. Não importa se isso envolve os pais, os filhos ou qualquer outro parente ou pessoas com laços de sangue em sua vida, quando se trata de afeto, as pessoas deveriam ter o seguinte entendimento e opinião: no que diz respeito ao afeto que existe entre as pessoas, se isso está relacionado ao sangue, então basta cumprir sua responsabilidade. Além de cumprir suas responsabilidades, as pessoas não têm nem a obrigação nem a capacidade de mudar nada. Portanto, é irresponsável que os pais digam: ‘Se nossos filhos morrerem, se nós, como pais, precisarmos enterrar nossos filhos, nós não continuaremos vivendo’. Se os filhos realmente são enterrados pelos pais, só se pode dizer que seu tempo neste mundo só durou esse tanto e eles tinham que partir. Mas seus pais ainda estão aqui, por isso deveriam continuar vivendo bem. É claro que, de acordo com sua humanidade, é normal que as pessoas pensem nos filhos, mas não deveriam desperdiçar o tempo que lhes resta sentindo falta de seus filhos falecidos. Isso é tolo. Portanto, ao lidarem com essa questão, de um lado, as pessoas deveriam assumir responsabilidade por sua própria vida e, de outro, deveriam entender completamente as relações familiares. A relação que realmente existe entre as pessoas não se baseia em laços de carne e sangue, mas é uma relação entre um ser vivo e outro criados por Deus. Esse tipo de relação não apresenta laços de carne e sangue; ele só existe entre dois seres vivos independentes. Se você refletir sobre isso a partir desse ponto de vista, então, como um dos pais, quando seus filhos tiverem a má sorte de adoecer ou quando sua vida estiver em perigo, você deveria encarar essas questões corretamente. Você não deveria desistir do tempo que lhe resta, a senda que deveria seguir nem as responsabilidades e obrigações que deveria cumprir por causa dos infortúnios ou do falecimento de seus filhos — você deveria encarar essas questões corretamente. Se você tiver os pensamentos e pontos de vista certos e conseguir perceber essas coisas, você será capaz de superar rapidamente o desespero, o luto e o anseio. E se não conseguir percebê-las? Então isso pode assombrá-lo pelo resto da vida até o dia de sua morte” (A Palavra, vol. 6: Sobre a busca da verdade, “Como buscar a verdade (19)”). Tive muito mais clareza depois de ler as palavras de Deus. Enquanto meu filho estava vivo, éramos mãe e filho e tínhamos uma relação de sangue. Depois de dá-lo à luz e criá-lo até a idade adulta, eu tinha cumprido minha responsabilidade. Quanto à sua sina, quando e como ele morreria e qual seria seu desfecho e destinação, tudo isso era governado e arranjado por Deus. Seu tempo tinha acabado, e Deus lhe tirou o sopro da vida. Assim que morreu, sua alma deixou sua carne, e eu não tinha mais nenhuma relação com ele, e nós não nos conhecíamos mais. Eu acreditava em Deus havia muitos anos, tinha lido muitas de Suas palavras e desempenhado muitos deveres, e foi Deus que me guiou para a senda certa na vida e me deu a oportunidade de alcançar a verdade e ser salva. No entanto, quando fui confrontada com a morte do meu filho, eu só quis morrer com ele e abandonar meu dever e minha chance de ser salva. Vi que me faltava o mínimo de consciência e razão. Eu sabia que tinha que sair da tristeza da morte de meu filho, me recompor e usar os dias que me restavam para desempenhar meu dever adequadamente, propagar o evangelho do reino de Deus e trazer mais crentes verdadeiros para diante de Deus.
Mais tarde, quando, às vezes, ainda pensava no meu filho, eu orava a Deus e cantava o hino das palavras de Deus “Como ser aperfeiçoado”: “Quando encarar sofrimentos, você deve ser capaz de deixar de lado qualquer preocupação com a carne e de não fazer reclamações contra Deus. Quando Deus Se esconde de você, você deve ser capaz de ter a fé para segui-Lo e de manter seu antigo amor sem permitir que fraqueje ou se dissipe. Não importa o que Deus faça, você deve deixá-Lo orquestrar como Ele desejar e se dispor a amaldiçoar sua própria carne, em vez de fazer reclamações contra Ele. Quando encarar provações, você deve se dispor a suportar a dor de abrir mão daquilo que você ama, e se dispor a chorar amargamente, para satisfazer a Deus. Somente isso é amor e fé verdadeiros” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Aqueles que hão de ser aperfeiçoados devem passar pelo refinamento”). Cantar aquele hino das palavras de Deus me tocava profundamente. A intenção de Deus era fortalecer minha determinação por meio das provações, que eu me submetesse à Sua soberania e a seus arranjos e aderisse a meu dever. Depois de perceber a intenção de Deus, derramei lágrimas de culpa e dívida e não quis mais chafurdar no luto pela morte do meu filho. Eu tinha perdido meu filho, mas ainda tinha a Deus, meu maior apoio.
Durante essa experiência inesquecível, sofri em certa medida, mas adquiri um entendimento melhor da soberania de Deus e reconheci a opinião equivocada sobre a crença. Se eu não tivesse sido revelada por meio dessa experiência, eu nunca teria reconhecido minha estatura real, minha corrupção e minhas impurezas. Ganhei tudo isso por meio da orientação das palavras de Deus. Agradeço a Deus do fundo do meu coração!