39. A transação por trás de pagar um preço
Um dia, no final de 2019, do nada, minha neta disse que sua perna estava doendo. Eu a levei para o hospital para fazer um diagnóstico por imagem, mas nada foi encontrado, então não levei a sério. No dia seguinte, ela disse que a perna ainda latejava de dor. Quando a vi chorando de dor, chorei também. À noite, sua perna doía com frequência maior e ela mal conseguiu dormir. Enquanto lhe massageava a perna, fiquei orando a Deus e confiei a doença dela a Ele. Na manhã do terceiro dia, meu filho e minha nora levaram minha neta para o hospital do condado.
Após ser internada, ela teve febre alta contínua. A temperatura permanecia em 40 graus e não diminuía. Ela foi examinada no departamento cirúrgico e no departamento de medicina interna, mas nada foi encontrado, e os médicos não sabiam a cura. Impotente, meu filho a levou para um hospital na capital da província. As consultas com especialistas num momento produziram o diagnóstico de lúpus, no outro, o diagnóstico de sepse. Quando os pais de minha nora voltaram do hospital e me informaram sobre a situação, fiquei muito preocupada. Lúpus e sepse eram, ambos, doenças fatais. Mesmo deixando de lado o diagnóstico, minha neta continuava com febre de 40 graus, o que poderia causar grandes danos a sua saúde se continuasse por muito tempo. Sua situação não era boa. Quanto mais pensava nisso, mais irritada eu ficava. Eu tinha criado minha neta e não suportava ver nada acontecer com ela. Eu tentava me consolar sem parar, pensando: “Ela ficará bem. Deus é onipotente. Ele protegerá minha neta. Não permitirá que ela morra”. Quando pensava na doença de minha neta, eu chorava de angústia. Ela ainda era jovem demais e estava sofrendo assim. Eu queria que eu é que tivesse tido essa doença, para poder sofrer no lugar dela. Também pensei: “Eu acredito em Deus, então por que isso está acontecendo com minha família?”. Mas depois eu pensei melhor: “Na verdade, essa situação deve ter vindo até mim com a permissão de Deus. Talvez Deus esteja testando minha fé. Não posso culpá-Lo. Contanto que eu persista desempenhando meu dever, a doença de minha neta será curada”. Depois disso, comi e bebi as palavras de Deus como de costume e continuei desempenhando o dever. Quando servia como anfitriã para os meus irmãos, eu fazia tudo que podia por eles. Os irmãos queriam me ajudar, mas eu não permitia. Achava que, contanto que eu desempenhasse meu dever tanto quanto pudesse, Deus me manifestaria Sua graça e minha neta melhoraria.
Mais ou menos duas semanas depois, meu filho ligou para dizer que a doença de minha neta tinha sido confirmada como sepse, a febre alta ia e vinha, e tumores tinham se formado no pericárdio, o que podia ser fatal. Quando ouvi essa notícia, senti um aperto no coração. Eu não conseguia aceitar, por isso fiz uma exigência a Deus: “Minha neta está doente, mas eu continuei a desempenhar meu dever, então ela deveria estar melhorando! Mas agora, não só a doença não melhorou, como na verdade piorou. É realmente impossível curá-la?”. Um dia, meu marido me procurou chorando e disse: “Nossa neta está morrendo. O hospital diz que a doença é terminal, e o médico diz que não há nada que ele possa fazer. Mandaram-nos trazê-la para casa”. As palavras de meu marido me atingiram do nada como um raio. Eu não conseguia acreditar que era verdade; não podia aceitar. A mente se encheu de imagens da vida com minha neta. Ao pensar em como era fofa, eu não conseguia conter o choro. Clamei a Deus diversas vezes que protegesse meu coração e me guiasse para se submeter. Mas quando vi a foto dela no celular, seu rosto todo estava inchado, e eu perdi toda a vontade de seguir em frente. Eu não quis ler a palavra de Deus e não tinha ânimo para desempenhar meu dever. A única coisa com que me importava era a doença de minha neta. Mais tarde, meu genro levou o histórico médico de minha neta para um grande hospital em Xangai para uma consulta, mas os especialistas também disseram que não havia nada que eles pudessem fazer e sugeriram que parássemos de gastar dinheiro com uma causa perdida. Isso me deixou muito chateada: “Eu acredito em Deus há tantos anos, nunca parei de desempenhar meus deveres e sempre me esforcei ao máximo para fazer qualquer trabalho que a igreja arranjasse para mim. Mesmo quando minha neta adoeceu, eu não desisti de meu dever. Continuei sendo anfitriã dos meus irmãos. Depois de eu pagar um preço assim, por que minha neta pegou essa doença terrível?”. Quanto mais pensava nisso, mais aflita eu me sentia. Eu não conseguia parar de chorar. Em minha dor, orei a Deus: “Deus, minha neta está morrendo. Estou péssima e fraca. Não sei o que fazer e ainda tenho queixas contra Ti. Por favor, guia-me para entender Tua intenção”.
Em meu sofrimento, pensei na palavra de Deus:
4. Se, depois de ter feito gastos por Mim, Eu não satisfizer suas exigências mesquinhas, você ficará desanimado e decepcionado Comigo ou até ficará furioso e gritará xingamentos?
5. Se você sempre foi muito leal, com muito amor por Mim, mas ainda assim sofre com o tormento de doenças, pobreza e o abandono dos seus amigos e parentes, ou se você suporta qualquer outro infortúnio da vida, sua lealdade e seu amor para Comigo ainda continuarão?
A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Um problema muito sério: traição (2)”
Confrontada com as perguntas de Deus, fiquei muito envergonhada. A doença de minha neta era um teste real para mim, para ver se eu era fiel e submisso a Deus. No passado, eu sempre achei que vinha me esforçando e cumprindo o dever para Deus, e que isso significava que eu era leal a Deus. Entretanto, quando minha neta desenvolveu sepse, e sua condição piorou, eu fiquei negativa e reclamei. Perdi a vontade de ler a palavra de Deus e fiquei desanimada no dever. Eu vi que eu não era realmente submisso nem leal a Deus. Eu orei a Deus, pedindo que Ele me guiasse para aprender lições e ser genuinamente submisso na questão da doença de minha neta. Lembrei-me da palavra de Deus: “O que você busca é ser capaz de ter paz depois de crer em Deus, que suas crianças estejam livres de doenças, que seu marido tenha um bom emprego, que seu filho encontre uma boa esposa, que sua filha encontre um marido decente, que seus bois e cavalos arem bem o solo, que tenha um ano de clima bom para suas colheitas. É isso que você busca. Sua busca visa tão somente viver com conforto, que nenhum acidente sobrevenha a sua família, que os ventos passem ao largo, que sua face não seja tocada pela areia, que as colheitas de sua família não sejam inundadas, que você não seja atingido por nenhum desastre, em suma, você busca viver no abraço de Deus, viver em um ninho aconchegante. Um covarde como você que sempre busca a carne — você tem um coração, tem um espírito? Você não é uma besta? Eu lhe dou o caminho verdadeiro sem pedir nada em troca, mas você não busca. Você é mesmo alguém que crê em Deus? […] Não busca nenhum objetivo; acaso sua vida não é a mais ignóbil de todas? Você se atreveria a levantar os olhos para Deus? Se você continuar a experimentar desse modo, o que adquirirá além de nada? O caminho verdadeiro foi dado a você, mas ganhá-lo ou não depende, em última análise, da sua busca pessoal” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “As experiências de Pedro: seu conhecimento de castigo e julgamento”). A palavra de Deus revelou o meu estado. Desde o início da minha crença em Deus, eu achava que, contanto que me esforçasse por Deus e desempenhasse meu dever, Deus abençoaria a minha família com paz e prosperidade e todos ficariam livres de doença e desastre. Portanto, desde que comecei a crer em Deus, eu sempre ansiei por desempenhar meus deveres. Deus foi muito gracioso comigo. Sem que me desse conta, algumas de minhas enfermidades foram curadas, e minha busca se tornou ainda mais forte. Mesmo quando fui presa pelo Partido Comunista, continuei desempenhando meu dever após ser solta. Mas quando minha neta desenvolveu essa doença aterrorizante, por dentro eu reclamei que Deus não a protegeu. Embora eu continuasse a desempenhar meu dever, eu só queria que Deus protegesse minha neta, curando sua doença. Eu queria trocar meu esforço e meus sacrifícios externos pela bênção de Deus. Quando a doença de minha neta piorou, sua vida estava em risco, e o hospital desistiu do tratamento, eu desmoronei completamente. Entendi Deus errado e me queixei Dele, achei que Deus era injusto e fiquei negativa e resistente a Deus. Eu vi que acreditava em Deus só para ganhar graça e bênçãos, que eu buscava tranquilidade na vida e segurança física em vez de a verdade, e que meus sacrifícios e esforços não eram submissão sincera a Deus, antes, eram cheios de desejos extravagantes e exigências a Deus. Isso era enganar Deus e tentar fazer transações com Ele. Mais tarde, li uma passagem da palavra de Deus: “Deus fará o que deve fazer, e Seu caráter é justo. A justiça não é, de modo algum, imparcialidade nem razoabilidade; não é igualitarismo nem uma questão de lhe destinar o que você merece de acordo com o tanto de trabalho que completou, nem de pagá-lo por um trabalho qualquer que você tenha feito, nem de lhe dar o que lhe é devido de acordo com o tanto de esforço que você despendeu. Isso não é justiça, é meramente ser imparcial e razoável. Pouquíssimas pessoas são capazes de conhecer o caráter justo de Deus. Suponha que Deus tivesse eliminado Jó após este ter dado testemunho Dele: isso seria justo? De fato, seria. Por que isso é chamado de justiça? Qual é a opinião das pessoas sobre justiça? Se algo está alinhado às noções das pessoas, é muito fácil para elas dizer que Deus é justo; no entanto, se não acharem que esse algo está alinhado a suas noções — se for algo que elas são incapazes de entender —, seria difícil para elas dizer que Deus é justo. Se Deus tivesse destruído Jó naquele tempo, as pessoas não teriam dito que Ele é justo. De fato, entretanto, tendo as pessoas sido corrompidas ou não e tendo sido profundamente corrompidas ou não, Deus tem de justificar-Se quando as destrói? Deveria Ele explicar às pessoas com que base Ele o faz? Deus deve informar às pessoas as regras que Ele ordenou? Não há necessidade. Aos olhos de Deus, alguém que é corrupto, propenso a se opor a Deus, não tem nenhum valor; qualquer maneira de Deus lidar com ele será apropriada, e tudo isso são os arranjos de Deus. Se você fosse desagradável aos olhos de Deus, e se Ele dissesse que não tem uso para você depois do seu testemunho e, portanto, o destruísse, isso também não seria a justiça Dele? Seria. Talvez você não seja capaz de reconhecer isso agora, a partir dos fatos, mas precisa entender na doutrina. O que vocês diriam: quando Deus destrói Satanás, isso é uma expressão da justiça Dele? (Sim.) E se Ele permitisse que Satanás permanecesse? Você não ousa dizer, não é? A essência de Deus é justiça. Apesar de não ser fácil compreender o que Ele faz, tudo que faz é justo; as pessoas simplesmente não entendem. Quando Deus entregou Pedro a Satanás, como Pedro respondeu? ‘A humanidade é incapaz de sondar o que fazes, mas tudo que fazes contém a Tua boa vontade; há justiça em tudo isso. Como posso não expressar louvor por Tua sabedoria e Teus feitos?’ […] Tudo que Deus faz é justo. Embora os humanos possam não ser capazes de perceber a justiça de Deus, eles não deveriam julgar a seu bel-prazer. Se algo que Ele faz parecer irrazoável aos humanos ou se eles tiverem quaisquer noções sobre isso, e isso os levar a dizer que Ele não é justo, eles estarão sendo muito insensatos. Você vê que Pedro achava algumas coisas incompreensíveis, mas tinha certeza de que a sabedoria de Deus estava presente e que a boa vontade de Deus estava nessas coisas. Os humanos não conseguem sondar tudo; há muitas coisas que eles não conseguem compreender. Portanto, conhecer o caráter de Deus não é algo fácil” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). Depois de contemplar a palavra de Deus, percebi que a justiça de Deus não era como eu imaginava. Eu imaginava que ela consistia em fazer certa quantidade de trabalho e receber pagamento equivalente por isso, ou fazer um esforço e receber uma recompensa em troca. Isso era noção e imaginação minhas. Deus é a verdade, e a essência de Deus é a justiça. Não importa o que Deus faça e se isso se conforma ou não às noções humanas, o que Deus faz é justo. Eu avaliava a justiça de Deus sob o ponto de vista de fazer uma transação ou uma troca. Eu acreditava que receberia as bênçãos de Deus se me esforçasse e renunciasse a muita coisa. Achava que, se eu trabalhasse muito para desempenhar meus deveres, Deus tinha que proteger minha família e proteger minha neta de doença e desastre. Então, quando ela adoeceu gravemente, eu discuti com Deus, reclamei de Deus e achei que Deus era injusto. Minha opinião era absurda. Eu estava cega e não conhecia Deus nem um pouco. Sou um ser criado, portanto desempenhar meu dever e retribuir o amor de Deus é natural e certo, é meu dever, minha responsabilidade. Eu não deveria ter tentado fazer tratos com Deus. Assim como os filhos devem ser filiais para com os pais, eu deveria me submeter incondicionalmente a Seus arranjos e orquestrações, a despeito de Ele me dar graça e bênçãos ou me fazer enfrentar desastres, pois Deus é justo. Caso contrário, eu não seria digna de ser chamada de humana. Pessoas que não acreditam em Deus vivenciam nascimento, idade, doença, morte, desastre, bênçãos e infortúnio, e aqueles que acreditam em Deus não são exceção. Deus nunca afirmou que os crentes sempre estariam sãos e salvos. Em vez disso, não importam quais situações nos sobrevenham, Deus exige que tenhamos fé genuína e submissão, e que cumpramos o dever de um ser criado. Mas eu acreditava em Deus só para buscar bênçãos. Eu pedia que Deus mantivesse minha família segura e livre de doenças e desastres, mas eu não buscava a verdade nem me submetia a Deus. Minha crença era simplesmente uma crença religiosa que eu usava para buscar comer pães até me fartar. Deus não reconhece tal crença de modo algum. Sem a revelação desses fatos, eu nunca teria reconhecido minha opinião equivocada sobre crer em Deus apenas para buscar bênçãos. Eu jamais ganharia a verdade crendo dessa forma, mas só seria eliminada por Deus. Deus permitiu que uma situação que não se conformava a minhas noções recaísse sobre mim como meio de purificar meu desejo de bênçãos na minha crença em Deus, de limpar minha adulteração e corrupção, e de me mudar e me salvar. Isso era o amor de Deus! Pensando nisso, senti um pouco de libertação.
Em seguida, continuei refletindo sobre qual natureza ditava minha crença transacional em Deus. Li a palavra de Deus: “Todos os humanos corruptos vivem para si mesmos. Cada um por si e o demônio pega quem fica por último — esse é o resumo da natureza do homem. As pessoas creem em Deus em prol de si mesmas; quando renunciam a coisas e se despendem para Deus, elas fazem isso a fim de serem abençoadas, e quando são leais a Ele, fazem isso a fim de serem recompensadas. Em suma, tudo é feito com o propósito de ser abençoado, recompensado e entrar no reino dos céus. Na sociedade, as pessoas trabalham por seu próprio benefício, e na casa de Deus, elas desempenham um dever a fim de serem abençoadas. É para ganhar bênçãos que as pessoas se desfazem de tudo e conseguem suportar muito sofrimento: não há melhor evidência da natureza satânica do homem” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). “Deus pede às pessoas que O tratem como Deus porque a humanidade foi corrompida profundamente demais, e as pessoas não O tratam como Deus, mas, antes, como uma pessoa. Qual é o problema com as pessoas sempre fazendo exigências a Deus? E qual é o problema com elas sempre tendo noções sobre Deus? O que está contido na natureza do homem? Eu descobri que, independentemente do que aconteça com elas ou daquilo com que estejam lidando, as pessoas sempre protegem seus interesses e se preocupam com sua carne, e sempre procuram razões ou desculpas que as sirvam. Elas não buscam nem aceitam a verdade nem um pouco, e tudo o que fazem é para defender sua carne e tramar em prol de suas perspectivas. Todas elas solicitam a graça de Deus, querendo ganhar quaisquer vantagens que puderem. Por que as pessoas fazem tantas exigências a Deus? Isso prova que as pessoas são gananciosas por natureza, e que, diante de Deus, elas não possuem a menor razão. Em tudo que as pessoas fazem — estejam elas orando ou comunicando ou pregando —, suas buscas, seus pensamentos e aspirações, todas essas coisas são exigências feitas a Deus e tentativas de solicitar coisas Dele, todas são feitas pelas pessoas na esperança de ganhar algo de Deus. Algumas pessoas dizem que ‘isso é a natureza humana’, o que está correto! Além disso, o fato de as pessoas fazerem exigências demais a Deus e terem desejos extravagantes demais prova que elas são realmente carentes de consciência e razão. Todas demandam e solicitam coisas em prol de si mesmas, ou tentam argumentar e arranjar desculpas para si — elas fazem tudo isso para si mesmas. Em muitas coisas, pode-se ver que o que as pessoas fazem é totalmente desprovido de razão, o que é prova completa de que a lógica satânica de ‘cada um por si e o demônio pega quem fica por último’ já se tornou a natureza do homem” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “As pessoas fazem exigências demais a Deus”). Eu contemplei a palavra de Deus e percebi que eu acreditava em Deus para buscar bênçãos e benefícios porque eu era controlada por toxinas satânicas tais como “cada um por si e o demônio pega quem fica por último”, e “nunca mexa um dedo sem recompensa”. Viver segundo esses venenos satânicos me tornou particularmente egoísta e enganosa. Eu só buscava benefícios e tentava fazer transações com Deus no desempenho do dever. Embora tivesse me esforçado muito e pagado um preço em meus anos de crença em Deus, eu fiz tudo isso em prol de bênçãos e benefícios próprios. Eu queria trocar o pequeno preço que eu pagava pelas grandes bênçãos de Deus. Eu não estava me submetendo a Deus nem sendo leal a Ele. Como resultado, quando minha neta adoeceu gravemente e minha ambição de ter bênçãos foi destruída, eu fiquei magoada e me queixei de Deus, e perdi a motivação para desempenhar meu dever. Usei os pequenos esforços que eu fiz e o preço que paguei como capital para discutir com Deus e me opor a Ele. Vi que, no desempenho do dever, eu estava enganando a Deus, fazendo-Lhe exigências e tentando barganhar com Ele. Eu tinha sido corrompida profundamente por Satanás e era muito egoísta e enganosa. Pensei em Paulo, que pregou, trabalhou, renunciou, fez um esforço, sofreu muito e até morreu como mártir. Contudo, não buscou a verdade nem praticou as palavras do Senhor Jesus. Toda sua renúncia e todo seu esforço foi somente para ganhar recompensas e uma coroa. Ele disse que tinha lutado o combate e acabado a carreira, e que havia uma coroa de justiça reservada para ele. Ele quis dizer, com isso, que Deus só seria justo se Deus lhe desse recompensas e uma coroa, e que, se Deus não o recompensasse nem coroasse, então Deus não era justo. Isso nos mostra que o sofrimento e os esforços de Paulo em sua crença em Deus foram todos feitos para fazer uma transação com Deus. No fim, ele ofendeu o caráter de Deus e foi punido por Deus. Eu era igual. Eu só acreditava em Deus para buscar graça e bênçãos, e considerava minha renúncia e meu esforço como um método e capital para ganhar bênçãos. Se eu não mudasse minha opinião equivocada sobre a busca, não importando o quanto me esforçasse, eu jamais ganharia a aprovação de Deus. Eu seria revelada e eliminada por Deus, exatamente como Paulo. Então, li outra passagem da palavra de Deus: “Como ser criado, o homem deve procurar cumprir o dever de um ser criado e buscar amar a Deus sem fazer outras escolhas, pois Deus merece o amor do homem. Os homens que buscam amar a Deus não devem buscar quaisquer benefícios pessoais nem buscar aquilo que pessoalmente anseiam; este é o meio de busca mais correto. Se o que você busca é a verdade, se o que coloca em prática é a verdade e se o que obtém é uma mudança em seu caráter, então a senda que você trilha é a correta” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “O sucesso ou o fracasso dependem da senda que o homem percorre”). Após ler a palavra Deus, eu entendi que sou um ser criado que desfruta de alimento, água e abundância de vida concedidos por Deus. Eu devia buscar a verdade, cumprir bem meu dever e buscar submissão e amor por Deus. Essas são a consciência e a razão que um ser criado deve possuir. Pensei em como Deus encarnou duas vezes para salvar a humanidade, como Ele sofreu o escárnio, a calúnia e a rejeição do mundo, bem como a perseguição e a condenação do Partido Comunista e do mundo religioso. Apesar disso, no entanto, Ele ainda expressou silenciosamente a verdade para nos regar e prover para nós. Ele também estabeleceu muitas situações para revelar nossa corrupção, purificar-nos e mudar-nos. Embora ainda houvesse muita rebeldia e corrupção dentro de mim, e eu ainda pudesse entender Deus errado e me queixar Dele quando as coisas não aconteciam como eu queria, Deus nunca desistiu de me salvar. Ele usou Suas palavras para me julgar, expor, lembrar, exortar, confortar e encorajar enquanto esperava que eu corrigisse meus hábitos. O amor de Deus é tão altruísta, e Ele é tão amável! Mas eu tinha acreditado em Deus só para ganhar bênçãos e benefícios, e não buscava amar nem se submeter a Deus. Eu realmente não tinha consciência nem razão. Quando reconheci isso, senti remorso e repreensão profundos e me senti muito endividada para com Deus.
Alguns dias depois, o hospital emitiu outro boletim dizendo que a minha neta estava em estado crítico, e lhe deram alta para liberar o leito para outros pacientes. Quando soube disso, fiquei muito triste, então orei a Deus: “Deus, Tu deste vida a minha neta. Não importa o que faças e arranjes, tudo é apropriado e justo. Mesmo que ela morra, eu não terei queixas. Ainda assim acreditarei em Ti e Te seguirei”. Depois disso, meu filho a levou para outro hospital na capital da província, para ser tratada. O médico leu o histórico médico de minha neta e disse que não podia aceitá-la, pois sua doença não tinha cura, então meu filho voltou sem interná-la. Dessa vez, eu pensei: “Se Deus ordenou que minha neta morra, ninguém pode salvá-la. Se Deus não quer que ela morra, enquanto ela ainda respirar, nada pode terminar sua vida. Tudo está nas mãos de Deus. Eu me submeterei aos arranjos e à soberania de Deus”. Quando pensei desse jeito, eu me senti um pouco melhor. Alguns dias depois, quando fui ver minha neta, eu a vi atormentada pela dor. Seu rosto estava tão magro que mal a reconheci. Isso partiu meu coração, e eu não pude conter o choro. A ideia de que minha neta morreria ainda me deixava muito triste, e eu não queria enfrentar isso. Em silêncio, orei a Deus: “Deus, não consigo superar esta situação sozinha. Por favor, protege meu coração e guia-me para se submeter a Ti”. Nesse momento, lembrei-me da experiência de Abraão de sacrificar Isaque. Deus exigiu que Abraão oferecesse seu filho como holocausto. Naquele momento, Abraão também ficou muito angustiado, mesmo assim colocou Isaque no altar, como Deus exigiu. Quando ele levantou a faca para matar o filho, Deus viu a sinceridade e a submissão de Abraão e o impediu. Abraão tinha fé verdadeira e submissão a Deus, e ele permaneceu firme em seu testemunho de Deus diante da provação, e, por isso, recebeu a aprovação e as bênçãos de Deus. A experiência de Abraão me encorajou. Refletindo sobre mim mesma, quando vi minha neta à beira da morte, eu disse que me submeteria aos arranjos e à soberania de Deus, mas eu ainda assim não conseguia renunciar. Quando a vi sofrendo, eu não o quis enfrentar. Ainda esperava um milagre, que Deus poderia curar minha neta e deixá-la levar uma vida feliz. No coração, eu fazia exigências a Deus o tempo todo, e não tinha a menor razão nem submissão. Lembrei-me da palavra de Deus: “Quem dentre toda a humanidade não é cuidado aos olhos do Todo-Poderoso? Quem não vive em meio à predestinação do Todo-Poderoso? A vida e a morte do homem acontecem por escolha própria? O homem controla o seu próprio destino? Muitas pessoas clamam pela morte, mas ela está longe delas; muitas pessoas querem ser aquelas que são fortes na vida e temem a morte, ainda assim, sem o conhecimento delas, o dia de sua morte se aproxima, afundando-as no abismo da morte” (A Palavra, vol. 1: A aparição e a obra de Deus, “Palavras de Deus para todo o universo, Capítulo 11”). Sim, a vida e a morte das pessoas, sua felicidade e seu infortúnio estão nas mãos de Deus. Quando as pessoas nascem e quando as pessoas morrem é preordenado por Deus. As pessoas não têm escolha nessa questão. Se a doença de minha neta seria curada e por quanto tempo ela viveria, tudo isso estava nas mãos de Deus. Nenhum humano podia influenciar isso. Pensando nisso, orei a Deus. Independentemente de minha neta poder ser curada ou não, eu estava disposta a me submeter aos arranjos e à soberania de Deus.
Um dia, uma irmã me contou sobre um remédio caseiro. Eu o preparei para minha neta de acordo com o método descrito pela irmã. Eu não sabia se aquilo a curaria, mas achei que valeria a pena tentar. Inesperadamente, o estado de minha neta começou a melhorar a cada dia, aos poucos, a febre diminuiu, e logo ela estava fora de perigo. Não demorou e encontramos outro remédio, e, após tomá-lo por um tempo, a perna dela parou de doer! Fiquei muito grata a Deus. Alguns meses depois, minha neta já conseguia dar alguns passos enquanto se apoiava em algo, e, aos poucos, a doença melhorou. Um ano depois, ela conseguia viver e andar normalmente, e os danos ao coração foram reparados. Mais tarde, quando os especialistas do hospital da capital da província souberam que não somente minha neta não tinha morrido, mas que tinha se recuperado por completo, eles não conseguiram acreditar que era verdade. Tínhamos gastado tanto dinheiro tentando tratar sua doença naquele hospital, mas eles não conseguiram curá-la. Vários hospitais importantes tinham condenado minha neta à morte, mas quando renunciei ao meu desejo de bênçãos, dispus-me a me submeter aos arranjos e à soberania de Deus e entreguei minha neta a Deus, sua doença foi curada inesperadamente com alguns remédios caseiros baratos. Realmente vi a onipotência e a soberania de Deus. Agora, não há nada de errado com minha neta, além do fato de ela mancar um pouco e ter um ritmo cardíaco levemente acelerado. As pessoas familiarizadas com sua doença dizem que é um milagre ela ter se recuperado assim.
As palavras de Deus dizem: “Em sua crença em Deus, o que as pessoas buscam é obter bênçãos para o futuro; esse é seu objetivo em sua fé. Todas as pessoas têm essa intenção e essa esperança, mas a corrupção em sua natureza deve ser resolvida por meio de provações e refinamento. Quaisquer aspectos nos quais você não está purificado e revela corrupção, esses são os aspectos nos quais você deve ser refinado — esse é o arranjo de Deus. Deus cria um ambiente para você, forçando-o a ser refinado ali para que você possa conhecer sua corrupção. No fim, você chega a um ponto no qual preferiria morrer a fim de desistir de seus esquemas e desejos e se submeter à soberania e ao arranjo de Deus. Portanto, se não tiverem vários anos de refinamento, se não suportarem certa quantidade de sofrimento, as pessoas não serão capazes de se livrar dos constrangimentos da corrupção da carne em seus pensamentos e em seu coração. Quaisquer aspectos nos quais as pessoas ainda estão sujeitas aos constrangimentos de sua natureza satânica, e quaisquer aspectos nos quais elas ainda têm seus desejos e exigências, esses são os aspectos nos quais elas devem sofrer. Somente por meio do sofrimento as lições podem ser aprendidas, lições essas que significam ser capaz de ganhar a verdade e entender as intenções de Deus. Na verdade, muitas verdades são entendidas por meio de vivenciar provações dolorosas. Ninguém pode entender as intenções de Deus, reconhecer a onipotência e a sabedoria de Deus nem apreciar o caráter justo de Deus quando está num ambiente confortável e tranquilo ou quando as circunstâncias são favoráveis. Isso seria impossível!” (A Palavra, vol. 3: As declarações de Cristo dos últimos dias, “Parte 3”). Por meio dessa experiência, ganhei algum entendimento do desejo de bênçãos e das impurezas na minha crença em Deus. Minha opinião sobre a fé em Deus mudou, e eu ganhei um entendimento real da soberania onipotente e do caráter justo de Deus. Senti verdadeiramente que foi uma coisa boa experimentar essas adversidades, e foi assim que Deus me purificou e me salvou.